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“Não se pode perder o gosto por aprender”, diz publicitário a estudantes

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Ele é sócio-fundador e presidente do Sistema Dez. Tem 28 anos de carreira como designer, diretor de arte, diretor de criação e gestor da Dez. Entre seus prêmios estão o Profissionais do Ano, da Rede Globo; Agência do Ano cinco vezes, no Prêmio Colunistas RS; Agência do Ano, Diretor de Arte e Diretor de Criação do Ano, no Salão da Propaganda RS e Melhor Agência fora do eixo Rio-São Paulo, no Festival Brasileiro de Propaganda da ABP. Em 2010, foi eleito Publicitário do Ano pelo júri do Prêmio Colunistas e, em 2013, foi presidente do 19o Festival Mundial de Publicidade de Gramado. O nome dele? Mauro Dorfman.
O envolvimento com a comunicação começou através de uma atração extremamente precoce por quadrinhos e artes gráficas. A paixãlevou o publicitário a criar e editar jornais escolares. Depois, integrou o grupo Kamikaze, pioneiro na publicação de revistas independentes na cidade. No início, o caminho guiava Dorfman para arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com o tempo, a publicidade ganhou espaço, e a Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS), também. Antes de se tornar acadêmico, o sócio-fundador da Dez tinha fascínio por atividades criativas: cinema, música e artes. Se pudesse destacar algo neste meio, seria o desenho de capas de livros e discos, além de cartazes europeus. Tudo o direcionava para a direção de arte.
Aos estudantes de Publicidade e Propaganda, sugere que busquem na profissão uma característica sua. “Não se pode perder o gosto por aprender. A mudança não pára nunca. É melhor ter amor por ela. Somos generalistas, multifacetados,enciclopédicos. Conexão é a chave. Pra começar, é preciso se conectar consigo mesmo, aprendendo a olhar pra dentro. E então olhar em volta,para o que está próximo. E finalmente olhar pra longe, identificar horizontes e tentar decifrá-los. Nas palavras de um velho sábio, stay hungry”, afirma.
Dorfman e Publicidade e Propaganda
O interesse por Publicidade e Propaganda (PP) não seria novidade. Procurou uma formação profissional que aproveitasse a afinidade que já existia e pesquisou sobre o curso em catálogos acadêmicos, já que a Internet ainda não existia. Com a busca, descobriu um departamento de programação visual na faculdade de arquitetura da UFRGS. Por não haver escola de design em Porto Alegre na época, decidiu cursar. “Foram quatro semestres que me deram uma boa base de forma e expressão gráfica. Mas quando as matérias de cálculo e projeto começaram a dominar o currículo, achei que poderia ser mais feliz na publicidade”, comenta.
Embora não tivesse certeza da carreira que seguiria, optou pela profissão que mais o encantava. A partir de então, a dúvida, apesar de efêmera, era outra: em que faculdade cursar PP. Dessa vez, a escolha foi fácil. Dorfman explica que a Famecos era a instituição com a melhor reputação entre os cursos de comunicação da cidade. A credibilidade envolvia tanto o aspecto técnico – professores, currículo, estrutura –, quanto a fama de ter um clima diferente, mais criativo e informal. Assim começou a traçar sua trajetória no prédio 7.
O momento, segundo ele, era de explosão da profissão no Brasil. A publicidade era uma das carreiras mais desejadas no período e havia poucas alternativas de sucesso profissional para quem quisesse trabalhar com criatividade. Segundo o publicitário, o curso e os professores traduziam bem tudo o que estava acontecendo. Havia um esforço, justifica, para conectar os estudantes com o mercado, e na medida do possível eram estimulados a combinar atividades acadêmicas com a prática. Se pudesse destacar uma disciplina marcante, seriam todas relacionadas à criação, especialmente àquelas que envolviam fotografia e direção de arte. Quanto aos professores, enfatiza Gerbase, Marino Boeira, Norton Flores, Gagá e Francisco Rüdiger.
Cenário
Era 1986. O Brasil saía da repressão imposta pelo governo militar e tentava se reerguer com as próprias pernas. Um momento de contrastes. Quando adolescente, estudou no Colégio Aplicação, localizado ao lado da Arquitetura, no campus centro. Depois, pisou no pórtico Ipiranga. As mudanças eram constantes e a agitação política corroborava com os ânimos a flor da pele. Collor havia sido derrubado, a liberdade era prematura e os tempos eram felizes, apesar da instabilidade. “Foi uma oportunidade para aprender outros códigos culturais e sociais”.
O clima era intenso. A onda era Blade Runner e New Order. Nos corredores havia de tudo: gente querendo ser moderna, colegas com tatuagens e cabelos (des)coloridos. “Via aqueles estilos só na MTV e nas revistas inglesas que eu ia comprar na Galeria Chaves”, brinca. Em tom informal, comenta que seria um exagero pintar um quadro muito vanguardista, mas que o astral, sem dúvidas, era diferente. “Em contraste com a exigência acadêmica da Arquitetura, francamente a Famecos era uma festa”. Dorfman não esconde de ninguém o seu gosto por lugares plurais e observa que o ambiente reunia pessoas criativas – tanto para aprender, quanto para viver o presente.
A respeito da solenidade da formatura, Dorfman traduz o momento como uma sensação de alívio. Por estar trabalhando há alguns anos, já tinha uma certa projeção e precisava concluir a experiência universitária o quanto antes. Caracteriza a cerimônia como uma bela festa e ressalta o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) como um aprendizado. O publicitário relembra a boa monografia que escreveu, sobre os 50 anos do Batman, e observa que a escolha do tema foi disruptiva para a época. A Famecos, segundo ele, foi um cenário rico para uma mudança importante na sua vida, por conta da adolescência tardia, da mudança de turma e de ares.
Trajetória profissional
Durante os primeiros semestres, criava, editava e publicava a Kamikaze. Em 1988, no meio do curso, Dorfman foi convidado pelo amigo Vitor Knijnik a tentar um estágio na recém-fundada SL&M. Foram aprovados e contratados como dupla de criação da agência. Posteriormente, trabalhou no Centro com Ricardo Lima e fez dupla com outros redatores, como Saul Duque. “Sempre digo pra quem me consulta: não deixe de ter uma atividade prática, seja estágio ou algo que faça só pelo prazer de se exercitar e se expressar. Isso é o que ajuda a formar um profissional”, aconselha. Passados alguns anos, ele e Vitor foram contratados pela Escala. Saíram de lá para fundar Sistema Dez e permanecem juntos até hoje. Atualmente, é presidente de um modelo multidisciplinar e integrado – criado há 24 anos – que iniciou como uma agência de publicidade e se transformou em algo maior. A respeito da contribuição que a Faculdade exerce no seu cotidiano, Dorfman explica que é uma evolução natural do que sempre fez. “O que aprendi e vivi na Famecos está vivo e ativo nas raízes da minha vida profissional”.
Ao longo da trajetória, o publicitário cita alguns trabalhos memoráveis, como as campanhas dos Supermercados Angeloni, estreladas pelo A. C. Falcão, ou os spots de SuperPizza locutados pelo Sepé. Para ele, a mais marcante foi “Difícil mesmo é a vida”, criada para Universitário, com a direção do Zé Pedro Goulart. Dorfman comenta que sente alegria por ter ajudado a desenvolver grandes marcas e equipes fantásticas, além de ter construído relações fundamentais com seus sócios passados e atuais. “Pela Dez passaram pessoas incríveis que ajudamos a se tornar profissionais bem sucedidos e inspiradores. Já são 30 anos de carreira e juro que me sinto um aprendiz todos os dias”, observa.
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Júlia Bueno. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS)
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