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Precisamos de Harry Potter? Artigo de Luiz Gonzaga Bertelli

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Há 20 anos, na Inglaterra, J. K. Rowling lançava o primeiro livro de série que viria revolucionar o comportamento dos jovens em relação à leitura: era Harry Potter e a Pedra Filosofal. Uma medida do sucesso: estima-se que os sete títulos tenham vendido mais de 650 milhões exemplares no mundo. Nas duas décadas que se passaram, nenhum outro personagem de ficção mobilizou a atenção de crianças e adolescentes como o simpático bruxinho de óculos.

A lembrança desse marco vem a calhar quando se comemora o Dia Internacional do Livro (23 de abril), e ainda ganhamos alento com o avanço observado pela recém-divulgada pesquisa Retratos da Leitura no Brasil baseada em dados de 2015. Realizado Instituto Pró-Livro e pelo instituto Ibope Inteligência, o estudo constata que o número de leitores cresceu seis pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior, feito em 2011. Ainda assim, apenas 56% dos brasileiros são considerados leitores, de acordo com os padrões da pesquisa – ou seja, ter lido ao menos um livro, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores à consulta. Isso significa que praticamente apenas metade da população lê. E, ainda assim, é possível questionar a qualidade dessa leitura: ao mesmo tempo em que a pesquisa detecta aumento na média de livros lidos (2,54), registra crescimento da quantidade de obras lidas apenas em parte (1,47), número maior do que o das obras consumidas até o fim (1,06).

Entre outras conclusões, os pesquisadores destacam ponto importante, já conhecido, mas um tanto esquecido: o hábito de leitura é uma construção que vem da infância, bastante influenciada por terceiros, especialmente por mães e pais, além dos professores. Aqui respondemos à provocação do título. Os novos leitores não deveriam surgir ao sabor de fenômenos mercadológicos como Harry Potter e, sim, estimulados pelo exemplo que recebe nos lares, desde a mais tenra idade. Mesmo porque, o último fenômeno que pode ter se aproximado do sucesso alcançado por J. K. Rowling entre os jovens brasileiros, talvez tenha sido a onda dos best-sellers assinados por estrelas do YouTube. Mas, sem desmerecer os jovens talentos da internet, é preciso lembrar que essa preferência nem sempre contribui para desenvolver a habilidade com as letras, passo importante para a boa comunicação e expressão – mesmo em meios digitais. Portanto, aos pais está reservado não apenas o papel de leitores exemplares como também o de orientadores, buscando títulos que despertem o gosto pela leitura e auxiliem na formação pessoal dos filhos. Só assim o próximo censo sobre hábitos de leitura poderá apresentar avanços mais substanciais.

*Luiz Gonzaga Bertelli. Presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).

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