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Que raios, afinal, é o tal do “dia útil”? – por Fernando Guifer

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Bom, segundo o “inteligentíssimo” ser humano (este único animal ‘racional’ que paga para viver na terra), trata-se daquele dia em que fui usado por oito horas e considerado vantajoso a alguém que prometeu me conceder alguns trocados no fim do mês – com argumento de que isso me dignificaria e me tornaria uma pessoa melhor.

Alguém este que, inclusive, não está nem um pouco interessado na qualidade do meu sono e no brilho apagado que meu sorriso amarelo e estafado será capaz de causar à minha filha no fim do dia – esta que vai crescer tendo pai, no máximo, duas vezes por semana -, isso, claro, sendo bem otimista.

O “útil” faz parte da nossa rotina de 20 a 24 dias em um único mês, e depois que você passa a tê-lo como parte de sua existência entre a adolescência e a fase adulta jamais volta a desfrutar os melhores momentos da vida em sua plenitude. É tipo um caminho sem volta, manja?

Vamos desenhar um dia “útil” – quase sem ponto final?

Dia “útil” é aquele em que você… acorda na madruga, dá um beijo seco e bafento na esposa ainda deitado, joga uma água na cara, passa um creme dental correndo, dá um jeitinho na juba nos moldes d’A vaca lambeu’, sai (sem transar) na garoa fria, molha os pés – e fica com eles dessa forma o dia todo até resfriar -, pega condução ‘pública’ lotada (pública, mas que é paga), chega a um lugar chamado trabalho, convive com pessoas que te odeiam, recebe ordens de um alguém que não suporta, e faz, na maioria das vezes, algo que não acredita – ou que é até contra que seja feito.

No fim do dia volta enlatado e molhado, com cara de bunda atropelada e cheirando o sovaco de desconhecidos, toma banho já em stand-by, não tem força física e/ou emocional suficiente para transar (e o vizinho que acordou meio dia segue like a boss esperando para dar o bote), fica sem capacidade mental para brincar com os filhos cheios de energia, e, enfim, ploft… capota.

Opa! Mas calma… nem tudo é desaforo, gente 🙂

Lembrem-se de que lá naquele negócio chamado trabalho temos de 30 minutos até uma hora para se alimentar, não é o máximo? E, dependendo de como for o comportamento, você não ganha uma estrelinha de bom menino, mas ganha a chance de sair para utilizar o toalete por meros 10 minutos.

Dua “inútil”, porém, é o que conhecemos por domingo – ou feriado, e funciona mais ou menos assim ó:

 

Dia “inútil” é aquele em que você… acorda ao lado da pessoa que ama, sorri, transa, deita abraçadinho, transa de novo, toma banho junto (e transa), preparam café da manhã com os filhos, vai no quintal para brincar com os pequenos, sorri sem motivo, visita o parque, ninguém te enche os pacová, almoça quando quer (e pelo tempo que desejar), ama, sente-se amado, é valorizado pelo que é e não por algo que pode oferecer, senta na privada e faz o número 2 sem o taxímetro ligado, fala sobre sonhos, transborda e compartilha um amor inexplicável, assiste televisão, planeja a próxima viagem, toma um banho revigorante, transa gostoso, vai dormir de conchinha e, por menos de 24 horas, experimenta uma felicidade que nenhum dinheiro ou ser humano jamais conseguirá comprar ou proporcionar.

Você foi feliz nessas poucas horas, mas amanhã já é dia ‘útil’ de novo, e depois de amanhã também, e depois também, e depois também, e blá blá blá blá blá. Não sem empolgue pq a semana será cheia de dias ‘úteis’ até chegar no “sofrido” e ‘inútil’ domingo novamente.

Óbvio que por ser tão glorioso, o domingo não poderia ter sido inventado pelo homem, concorda?

Dominguêra é cria do senhor Deus que, lá em Gênesis, construiu tudo o que se tem notícia, mas, por não ser de ferro, optou por dar uma esticada no sétimo dia salvando a gente do pior.

Até porque, se dependesse da racionalidade humana para inventar uma coisa maravilhosa como essa que conhecemos por ‘domingo’ estaríamos fritos, afinal, o bicho homem só pensa em se matar na unha com esse negócio chamado trabalho, e nada mais. Portanto: obrigado, Deus (de novo)! <3

Fato é que o dia considerado ‘inútil’ pela sociedade é o que a Divindade reservou para que pudéssemos descansar e viver – de verdade – alguns instantes ao lado das pessoas que amamos.

E, olha, confesso que penso sempre em como explicar à minha herdeira de três aninhos o quanto tentei ser o melhor pai que pude nesse pouco tempo que sobrou para nós dois e, principalmente, qual esclarecimento darei para justificar a imbecilidade humana em se automutilar todos os dias com essa parada chamada trabalho ainda em 2017.

Mas, enfim, não dá para mudar o mundo a essa altura do campeonato, né? O choro é livre, Guifer. Vamos lá jogar um arcaico jogo criado por nós mesmos cuja regra jamais será revista. Sendo assim, aproveitemos ao máximo nossos dias “inúteis” para conseguir sobreviver aos que nos vendem como “úteis”.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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