Rio de Janeiro, RJ 26/1/2017 – A escola deve ser o útero gerador do homem civilizado, se não cumpre esse papel, o está condenando à crença, ao vício, ao crime, à miséria e à subserviência
Em poucas palavras, definir pedagogia, seria dizer que é o estudo dos métodos de ensino e em sua etimologia, a formação de crianças. Para o filósofo Frederico Rochaferreira, essa definição aparentemente simples, esconde um complexo sistema contido dentro de uma filosofia da educação, cujo objetivo é o desenvolvimento humano e as habilidades teóricas e práticas do cidadão desde a infância, para benefício da sociedade.
Em “A Razão Filosófica”, o estudioso aborda o precário sistema de ensino e educação do Brasil, onde examina as falhas e propõe soluções. No capítulo, “A pedagogia perfeita” o filósofo discorre em 23 páginas, a sua teoria, segundo a qual, a formação de homens e mulheres de alto nível, passa, não só pela aquisição do conhecimento, mas também pelo valor do conhecimento e pela aquisição de valores humanos:
“__ O objetivo do ensino é a aquisição do conjunto; conhecimento e valor, que se absorvido pelos estudantes, os farão competentes na área do conhecimento que escolherem e assim, podemos supor que prontos estariam para direcioná-lo a um fim, todavia, ainda não seremos capazes de afirmar que todos aqueles que deixam as escolas técnicas ou as universidades estarão, aptos a fazê-lo condignamente. O que permitirá que os estudantes de hoje e profissionais de amanhã, não sejam divorciados de si mesmos como cidadãos éticos, onde, suas condutas pessoais e profissionais sejam mais propensas a motivos de orgulho do que de vergonha, são os valores humanos adquiridos nos ciclos de sua educação.”
O filósofo diz que, em sociedades pouco desenvolvidas, os educadores têm um papel fundamental na transmissão de valores probos, não só complementando as orientações do lar, mas em muitos momentos, sendo a única fonte segura na transmissão desses valores. Quanto a aplicação de uma determinada metodologia de ensino, enfatiza que mesmo o melhor dos métodos será falho, se falha o educador em sua missão de ensinar:
“__ A escola deve ser o útero gerador do homem civilizado, se não cumpre esse papel, o está condenando à crença, ao vício, ao crime, à miséria e à subserviência. O professor deve ser elevado a educador e o educador deve ser o mestre perfeito, aquele que faz o método que pretende eficiente, ser eficiente. Se o mestre ignorar a observância do mais perfeito dos métodos, o tornará falho, o ensino será falho e os resultados serão falhos, uma vez que falha o educador em seu papel metafisico de ensinar e de educar. Quando Montessori diz que a educação precisa se desenvolver com base na evolução da criança e não ao contrário, digo que educação e evolução não podem ser uma via de mão única e nunca seguir por bases fixas, impõe essa necessidade a diversidade cultural, econômica e de costumes que caracteriza cada sociedade, esses são fatores reais que interferem diretamente nessa questão e que é preciso considerar quando se pensa em educação de qualidade em sociedades desiguais.”
O filósofo também chama a atenção para a importância da aquisição dos valores das disciplinas. Diz que o aluno deve ir além do entendimento vulgar, da assimilação de ideias, é necessário que compreenda de fato as questões estudadas e o educador não pode fugir a essa responsabilidade.
“__ O hábito estabelecido de seguir a superficialidade dos livros didáticos, sem se ocupar do valor de cada disciplina, precisa ser revisto, porque alija os alunos de pensar, de raciocinar e de criar, fixando, em suas mentes, fórmulas e conceitos prontos, sem se preocupar com o “como” e os “porquês”. Ousar um ensino de qualidade significa mudar hábitos, transformar informações de conhecimento em conhecimento de fato, aplicando a experiência prática e a prática teórica em cada disciplina. Na classificação das ciências, aquelas em que cabem experimentos práticos, deverão as práticas complementar a teoria em todos os níveis, em todas as disciplinas e a prática teórica, essa é a experiência que dará vida à matéria através da representação projetada na discussão, no diálogo, no interrogatório e na reflexão, fazendo do homem um ser pensante e criador.”
Para Frederico Rochaferreira, o valor do conhecimento é o espírito do conhecimento e o motor que impulsiona o desenvolvimento das sociedades. Aquele ou aquela que em sua formação não absorveu o espírito das disciplinas, possuirá um conhecimento aparente e será um profissional medíocre, se a prática se estende a toda uma sociedade, o resultado é uma sociedade medíocre.
“__ Quando falamos do valor do conhecimento; estamos refletindo uma filosofia do ensino, um sistema de fazer pensar. Vejamos a química, por exemplo: Ela está diante de nossos olhos e a pergunta a ser feita é: Por que a química é importante? O ensino dessa disciplina, assim como de todas as outras, requer essa pergunta, como a primeira a ser feita em sala de aula. Ora, a química é importante por que tudo se origina dos elementos químicos, ela está desde a cozinha até o cosmos. Mas, se o cosmos está longe de nós, voltemos ao cotidiano para investigar e compreender a importância e a necessidade da água potável, as mudanças climáticas, a energia de combustíveis fósseis, a energia solar para automóveis e casas, os fertilizantes químicos na produção de alimentos, o valor nutricional dos alimentos, enfim, exemplos de uma visão macroscópica da realidade atual, da interação natureza, homem e sociedade, que por sua vez são resultados de interações a nível atômico, de ligações químicas, portanto, a esse nível, os exemplos em sala de aula não podem faltar, incluindo as práticas laboratoriais, esse é o conhecimento, aquele, o valor do conhecimento. Acredito que a união do conhecimento e do valor correspondente seja o fator fundamental para transformar uma ciência reservada a poucos em uma ciência popular, tornando-a abrangente e atraente, porque embasa o ensino nas atividades da vida diária, em situações sociais que permite ao aluno, no mínimo, ter ante os olhos e apreciar; a importância dessa ciência como parte indissolúvel de sua existência”, finaliza.
Website: http://www.sitefilosofico.com/frederico-rochaferreira
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