São Paulo 13/10/2021 – Estamos diante do paradoxo da automação: de que adianta automatizar tanto o mundo, se desempregamos tantas pessoas e desempregados não consomem.
Com a pandemia do novo coronavírus milhares de pessoas perderam o emprego. As empresas estão cada vez mais dependentes da automação proporcionada por ferramentas tecnológicas
Esta semana a Secretaria de Transportes Metropolitanos anunciou o fechamento das bilheterias do Metrô e da CPTM e a realocação dos funcionários. Segundo a Secretaria, esta mudança provocará uma economia de mais de 100 milhões de reais por ano.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou em 31 de agosto uma pesquisa demonstrando que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,1%, no 2º trimestre de 2021, atingindo 14,4 milhões de brasileiros. A pesquisa mostra uma pequena queda de 0,6% em relação ao 1º trimestre, este índice é alarmante. Em um levantamento feito pelo Austin Rating a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deve ficar na 14ª posição dos países com a maior taxa de desemprego do mundo.
Com a pandemia do novo coronavírus milhares de pessoas perderam o emprego. As empresas estão cada vez mais dependentes da automação proporcionada por ferramentas tecnológicas. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) revelou que o mercado de TI (Tecnologia da Informação) deve criar 420 mil novas vagas até 2024. A estimativa de especialistas é que, devido à falta de qualificação no mercado de tecnologia, 150 mil vagas não serão preenchidas. Para a Brasscom existe um déficit de 24 mil profissionais especializados anualmente no Brasil.
O professor Luiz Antônio Joia, Doutor em Ciências e Engenharia de Produção docente da FGV (Fundação Getulio Vargas), apresentou uma reflexão sobre o paradoxo da automação: “Na virada do século 20, os Estados Unidos empregavam cerca de 90% de sua população ativa na área de agricultura e pecuária. Este número hoje está por volta de 2%. Estas pessoas se deslocaram para a manufatura, que também foi automatizada. O próximo setor de serviços sofreu a maior automação de todos os tempos e agora estamos diante do paradoxo da automação: de que adianta automatizar tanto o mundo se estamos desempregando tantas pessoas e desempregados não consomem. Iremos no futuro produzir para quem?”. O professor também comentou o lado positivo que a tecnologia pode oferecer: “não usamos a tecnologia para tomar decisões importantes e nos surpreendemos quando ela falha. A tecnologia, pelo lado positivo, retira dos seres humanos tarefas desagradáveis de serem feitas, que não agregam em nada. O lado negativo é que a tecnologia não nos ajuda a tomar decisões”.
Um estudo de Oxford afirma que cerca de 700 ocupações correm o risco de ser extintas na próxima década devido ao uso da tecnologia. Segundo o professor isto sempre existiu, datilógrafos, perfuradores de cartões, inúmeras profissões do passado foram extintas e novas surgiram. A diferença nos dias de hoje está na aceleração. “Uma das funções mais importantes do século 21 é criar significado. Estamos sentados em montanhas de dados e não sabemos o que fazer com isso. Precisamos refinar esses dados, gerar informação, produzir conhecimento, extrair significado e agir. Um analista de informação, minerador de dados, certamente é uma pessoa que o futuro necessita”.
Luciano Mello, Presidente da Success People — empresa de desenvolvimento pessoal que atua em território nacional e internacional — pontua como a tecnologia surge auxiliando empresas durante a crise: “A tecnologia é um recurso que agiliza processos, diminui as distâncias e reduz custo, neste cenário amplia possibilidades”.
Neiva Gonçalves, Psicóloga, Diretora de Carreira na Success People, que atua há 20 anos na área de Recursos Humanos assessorando executivos na recolocação profissional no mercado de trabalho, comenta como a inteligência humana pode superar o avanço tecnológico: “a mão de obra humana escapa da extinção devido à empatia. Softwares não possuem criatividade e pensamento crítico ou flexibilidade cognitiva. Robô não possui empatia, não cria, apenas reproduz algoritmos. Os seres humanos são mais inteligentes. É notório o crescimento das profissões nas áreas de criatividade”.
Website: http://www.successpeople.com.br
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