São Paulo 3/2/2022 – De acordo com dados do International Stress Management Association, o Brasil é o segundo país com maior número de trabalhadores afetados por burnout
Headhunter Maria Eduarda Silveira ressalta aspectos importantes para as empresas que desejam reforçar uma cultura interna de bem-estar
Início de ano é aquele clássico período para os gestores de RH planejarem e revisarem práticas, programas internos e metas, sendo que, cada vez mais, devem contar com a camada de conscientização sobre a saúde mental em todos estes pilares. Desde o dia 1° de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o burnout – ou síndrome do esgotamento profissional – como uma doença do trabalho e, de acordo com dados do International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil é o segundo país com maior número de trabalhadores afetados.
Para Maria Eduarda Silveira, CEO da Bold HR, este não é um tema novo na pauta dos RHs, mas a pandemia acelerou a discussão. “Toda a conjunção de fatores dos últimos meses foram um catalisador deste cenário, impactando trabalhadores independentemente de cargo ou função e acendendo um alerta para as empresas a respeito da importância dos cuidados com a saúde mental”, afirma.
“É preciso levar o tema da saúde mental a sério e não contribuir com o conceito de que quem não aguenta é fraco. É muito importante, também, que os líderes recebam orientações sobre a síndrome de burnout e entendam que a doença surge aos poucos e passa por algumas fases até atingir o estágio crítico. Mais do que apenas entender o que é o esgotamento, é importante identificar esses sintomas a fim de tomar uma atitude para que esse estresse não evolua. É necessário ter empatia de verdade, na prática mesmo. Compreender que cada pessoa tem uma rotina dentro de casa, desafios diferentes e precisamos respeitar a sua singularidade”, conta a headhunter.
A busca pelo equilíbrio e o ‘peso’ do salário emocional
Um ambiente de trabalho equilibrado e saudável deve ser construído em conjunto, garantindo o pleno funcionamento da via de mão dupla que é a relação entre empresa e trabalhador. Pufes coloridos e videogames podem até encantar à primeira vista, mas por pouco tempo, caso uma cultura organizacional equilibrada não seja implementada nas práticas e rotinas da organização.
“Para as empresas, é necessário avaliar criticamente políticas internas, como metas e avaliações de desempenho, por exemplo, e garantir que elas, de fato, estejam condizentes com uma cultura que valorize a saúde mental. Para os colaboradores, é importante que também façam o exercício de autoconhecimento para evitar romantizar o ambiente de trabalho como um local livre de problemas”, pontua Silveira.
A headhunther ressalta, ainda, alguns aspectos importantes para as empresas que desejam reforçar uma cultura interna de bem-estar e minimizar chances de burnout entre seus funcionários:
Respeito: busque estruturar uma cultura de feedbacks e reconhecimentos, na qual os colaboradores possam expressar suas opiniões. Muitas vezes, as boas ideias vêm de onde menos esperamos e a pluralidade pode ser uma grande vantagem competitiva. Respeitar todos os perfis e todas as histórias de vida dos profissionais é algo muito relevante para a manutenção do bem-estar das pessoas e para a sustentabilidade dos negócios;
Autonomia: instaure um modelo de atuação no qual nem todas as decisões sejam “top/down” e no qual os colaboradores tenham algum poder de decisão sobre as atividades do dia a dia. Se o resultado final for o esperado, dentro do prazo combinado, a cultura de liberdade e responsabilidade pode trazer benefícios para todos os lados;
Competência e confiança: desenvolva líderes que sejam incentivadores do crescimento profissional das equipes e que não fiquem focados em reforçar com mais frequência os pontos negativos. Empresas com metas muito agressivas ou com quadros mais enxutos do que a demanda real tendem a perder a mão e valorizar apenas o esforço muito acima do saudável;
Aspectos de ordem prática: oferecer plano de saúde e, apesar de ser esperado, respeitar os horários de trabalhos previstos na CLT é um aspecto importante e que permite que o colaborador possa se dedicar a momentos de autocuidado.
Cuidar dos aspectos que regem o modo de operar de uma empresa é fundamental quando se fala em saúde mental, aprimorar processos internos, treinar líderes e estabelecer boas práticas de convívio são o caminho para um ambiente equilibrado e saudável.
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