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Operações semelhantes a estruturas de A/B loan são alternativas de financiamento para projetos de infraestrutura

São Paulo – SP 16/7/2021 –

Em evento ao vivo promovido pela Daemon Investimentos, foram debatidas estruturas alternativas para financiar os projetos de geração de energia vencedores dos Leilões de Energia Nova (A-3 e A-4)

Ocorreu ontem a segunda edição do “No Radar Especial”, evento online organizado pela Daemon Investimentos que contou com especialistas em project finance e mercado de capitais e que acompanham o setor de infraestrutura brasileiro. Foram discutidas alternativas de financiar projetos de geração de energia, tendo como pano de fundo os Leilões de Energia Nova (LEN A-3 e A-4) promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE.

Uma das alternativas apresentadas foi a possibilidade de financiar o projeto por meio de estruturas que se assemelham às operações de A/B Loans, modalidade bastante usada no exterior e que consiste na concessão de um empréstimo (ou Bond) em duas ou mais tranches, na qual uma das tranches é assumida pelo financiador que ancora a operação (usualmente uma agência multilateral, tal como IDB, FMO, NIB etc.) e as demais tranches são assumidas por bancos e/ou investidores. No caso brasileiro, a ideia seria utilizar o mercado de capitais, por meio da emissão de debêntures incentivadas, abarcadas pela lei 12.431/11, e que seriam emitidas em duas ou mais séries, de acordo com o perfil do investidor.

“Ao invés de ter uma operação de crédito que é complementada por uma operação de mercado de capitais, o ideal seria ter uma operação de mercado de capitais, via debêntures de infraestrutura, emitida em várias tranches”, afirmou Marcelo Gama, sócio-diretor da Daemon Investimentos e líder da área de Structured Finance.

Segundo Gama, uma das tranches seria destinada ao investidor que ancoraria a operação, podendo inclusive ser o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), que trocaria uma operação de crédito por uma debênture, um ativo muito mais líquido, favorecendo a gestão do seu balanço. Conforme os riscos do projeto fossem mitigados, novas tranches poderiam ser emitidas visando acomodar novos perfis de investidores, tornando o compartilhamento das garantias muito mais eficiente e eficaz.

“As debêntures seriam emitidas em séries distintas. A série A poderia ter um perfil um pouco mais longo e incorrendo em maiores riscos. Por consequência, poderia também pagar um prêmio maior. À medida em que os riscos do projeto forem mitigados, tranches mais curtas, com menor nível de risco e remuneração mais ajustada, poderiam ser emitidas. É assim que projetos de infraestrutura são financiados no resto do mundo”, explicou Gama.

Para o sócio da Journey Capital, Pedro Bianchi, que também participou do evento, o mercado de debêntures incentivadas no Brasil vem crescendo nos últimos anos, mas, em termos percentuais ainda está aquém do potencial e há espaço para continuar se expandindo.

Segundo Bianchi, a reforma da Previdência levantou uma preocupação dos brasileiros em criar sua própria Previdência, seja diretamente, seja indiretamente, através de fundos. Para ele, as debêntures de infraestrutura se adequam a esse perfil de investidor por serem atreladas ao IPCA e terem prazo longo.

“Além disso, tem o fato de que os bancos comerciais que tomaram parte desse mercado no passado se retraíram um pouco depois dos prejuízos com as operações de project finance realizadas com prestadores de serviços da Petrobras, em virtude da Lava Jato”, citou Bianchi.

Por fim, o sócio da Journey Capital prevê que o mercado de debêntures de infraestrutura, que começou voltado para pessoas físicas, se vira agora para investidores institucionais.

“Os investidores institucionais são mais sofisticados e têm pool de investimento bem maior do que as pessoas físicas. Isso também deve trazer um outro perfil de investidor e maior crescimento para esse mercado”, afirmou Bianchi.

Para Gama, as linhas de financiamento tradicionais não se esgotaram, mas deve haver uma inversão de papéis. Segundo ele, as linhas tradicionais não deveriam ser a base de todo o projeto de financiamento, mas sim um complemento, devendo ser utilizadas nos estágios iniciais, onde o risco do projeto é maior.

Fundada em 2009 por executivos oriundos Unibanco, Daemon Investimentos é uma gestora de recursos de terceiros (Asset Manager), atuante no Brasil e nos EUA (para não americanos), com cerca de USD 4 bilhões em ativos sob gestão, distribuídos em duas principais famílias de produtos, a saber:

Fundos de Créditos: voltados exclusivamente para Export Finance, em especial, financiamento de exportações brasileiras de bens de capital, tendo desembolsado mais de USD 20 bilhões desde o início das operações;

Fundos Quantitativos: fundos cujas decisões de investimento e controle de riscos ocorrem unicamente por meio de algoritmos, de forma totalmente sistematizada (robôs). O principal produto (Daemon Nous Global) é extremamente diversificado (cerca de 200 ativos, dentre os 400 elegíveis) e apresenta baixíssima correlação com os principais ativos negociados no Brasil, servindo para mitigar a volatilidade do portfólio dos investidores locais.

A Daemon Consultoria constitui o braço de assessoria financeira do Grupo. Criada em 2012, a Daemon Consultoria se especializou no segmento de infraestrutura, tendo assessorado mais de R$ 7 bilhões em projetos no Brasil e sendo reconhecida por clientes e parceiros pela expertise e excelência na execução de transações que envolvam Project Finance.

Website: https://daemoninvestimentos.com.br/

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