São Paulo – SP 30/11/2021 – Em um momento como esse, a pessoa quer fazer uma última homenagem para o amigo ou parente que se foi e paga caro por isso
Mortandade gerada pela pandemia de Covid-19 e alta no custo de matérias-primas como flores e madeira impactam nos preços de sepultamentos e planos de assistência funerária
A vacinação em massa contra a Covid-19, que faz com que mais de 60% da população brasileira já esteja totalmente imunizada, gerou uma redução significativa no número de mortes decorrentes do coronavírus Sars-Cov-2 no Brasil. Se no pior momento da atual crise sanitária a média móvel de óbitos por Covid-19 ultrapassou o número de 3 mil mortes, atualmente, este índice se estabilizou em torno de 250 falecimentos diários.
A longa duração da pandemia, porém, que já ultrapassa a marca de 20 meses, fez com que o país atingisse um recorde histórico de óbitos em 2020: no total, de acordo com a Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), 1,4 milhão de pessoas morreram no último ano no país, representando um aumento de 8,6% se comparado a 2019. Além disso, no primeiro semestre deste ano, quando a mortalidade decorrente do novo coronavírus atingiu seu auge, outros 927.568 registros de óbito foram feitos em cartórios de todo o país – deste total, 314.036 (cerca de 33%) foram ocasionados por Covid-19.
Tal mortandade fez com que, naturalmente, houvesse uma grande demanda por serviços funerários. De acordo com a Abredif (Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário), em março deste ano, no pico da segunda onda da atual pandemia, a procura foi cerca de 30% maior que o registrado no mesmo período do ano anterior, época em que o coronavírus Sars-Cov-2 já circulava pelo país e fazia suas primeiras vítimas.
Consoante com esta maior procura por serviços funerários, foi registrado, também, de acordo com a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), um aumento da ordem de 10% ao longo da pandemia de Covid-19 na demanda por planos funerários. Tais serviços costumam incluir o pagamento de taxas municipais, a organização de toda a documentação envolvida no processo de sepultamento, o transporte do corpo, a aquisição de caixão ou urna para cremação, a organização do velório, a preparação do corpo, a tanatopraxia (técnica para conservação do corpo) e o sepultamento.
Além da maior demanda pelos serviços funerários decorrentes da alta mortandade no país, a inflação de matérias-primas como madeira e flores impactou no aumento dos valores a serem pagos pela população pelos sepultamentos e pelos planos funerários.
No primeiro caso, a Abradif estima que, atualmente, um funeral não saia por menos que R$ 2,5 mil, com o preço médio chegando a R$ 5 mil, em uma elevação de 177,7% em relação há quatro anos, quando o valor médio era de R$ 1,8 mil. Já em relação aos planos funerários, avaliando o mesmo período, a alta, segundo a FenaPrevi, foi de 100%, indo de um valor médio de assinatura mensal de R$ 30 em 2017 para estimados R$ 60 na corrente data.
Alta demanda e inflação elevam preço de serviços funerários
Para Claudio de Luna, CEO da Luna Assist, grupo de empresas do ramo funerário, a alta na procura por planos funerários evidentemente impactou no aumento dos preços dos planos funerários, mas fatores extraordinários como o crescimento de preço de flores, por exemplo, fizeram com que tais gastos fossem repassados para os clientes.
“Durante a pandemia, muitos produtores de flores tiveram que decretar falência. Com isso, um botão de rosas que custava vinte e cinco centavos, agora custa três reais, apenas para dar um exemplo”, disse o executivo, citando, também o alto custo dos gastos com caixões e combustível para o traslado de corpos como outros elementos que fizeram os serviços funerários encarecerem.
“Apesar de tudo isso, a demanda por um serviço de excelência e a tranquilidade que a contratação de um serviço que irá cuidar de todos os detalhes de um processo doloroso, que deixa as pessoas sem cabeça para terem que resolver tantos problemas, também conta muito”, diz. “Em um momento como esse, a pessoa quer fazer uma última homenagem para o amigo ou parente que se foi e paga caro por isso”.
A redução drástica de mortes ocasionadas por Covid-19 decorrente da imunização em massa realizada no Brasil e a consequente queda na demanda pelos serviços funerários, para Luna, não irá impactar na redução dos valores dos planos funerários. “Acredito que somente com a baixa da inflação os preços tendem a diminuírem”, afirma o executivo.
Luna ressalta que a alta demanda por serviços funerários no pico da pandemia veio acompanhada de muito trabalho, investimento e, evidentemente, dor. “O mais duro é dizer aos parentes dos falecidos que eles não podem ver seu ente querido novamente por causa do fechamento imediato do caixão”, diz ele. “Todos os funerais são tristes, mas os das pessoas que conhecemos são mais tristes. Perdemos familiares, amigos e colegas de trabalho”.
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