Salvador/BA 9/7/2021 – Os profissionais precisaram ficar atentos a estas necessidades e buscar ações que pudessem melhorar a experiência e proporcionar mais conforto.
O webinar “Desafios atuais dos Cuidados Paliativos” irá discutir as mudanças e contribuições da abordagem paliativista neste momento de pandemia. O evento, promovido pela S.O.S. Vida, acontecerá no dia 29/7 (quinta), ao vivo no YouTube às 20h.
Manter a assistência de cuidados paliativos diante da urgência e letalidade trazidas pela pandemia de Covid-19 foi um dos muitos desafios impostos na área de saúde. O cenário demandou dos profissionais que trabalham com a abordagem paliativista uma maior capacidade de inovação para trazer qualidade de vida e conforto para pacientes que lidam com doenças que estão além das possibilidades de cura.
O webinar “Desafios atuais dos Cuidados Paliativos” irá discutir as mudanças e contribuições da abordagem paliativista neste momento de pandemia. O evento, promovido pela S.O.S. Vida, acontecerá no dia 29/7 (quinta), ao vivo no canal youtube.com/sosvida às 20h. O debate reúne os médicos Vitor Carlos (AMO/BA), Luana Brandão (Espaço Ativo/SE) e Ana Rosa Humia (S.O.S. Vida/BA), com moderação da Marta Simone Sousa (S.O.S. Vida/SE).
A abordagem dos Cuidados Paliativos
A ideia de paciente terminal, onde não existe mais nenhuma atitude a ser feita, é a primeira ideia associada aos Cuidados Paliativos, mas esse é um ponto a ser desmistificado. Cuidados Paliativos são uma prática multidisciplinar que, além do médico, conta com a assistência da enfermagem, fisioterapia, psicologia, serviço social, entre outros. Ela é baseada em três eixos principais: controle dos sintomas (principalmente a dor), qualidade de vida e medidas de conforto e dignidade.
Conforme a OMS, “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
A pandemia de Covid-19 trouxe implicações severas para a prática dos cuidados, seja pela escassez de materiais, profissionais, tempo ou contato físico.
“Muitas ações de socialização, realização de sonhos, interação com outras pessoas e lugares não puderam ser realizadas cumprindo a prerrogativa de proteção em relação à contaminação pelo novo coronavírus, mas que desgastou as demais dimensões destas pessoas. As visitas e as saídas de casa, quando possíveis e desejadas pelo paciente/familiar fazem parte do tratamento e contribuem muito inclusive para o controle de sintomas e redução do sofrimento. Os profissionais precisaram ficar atentos a estas necessidades e buscar ações que pudessem melhorar a experiência e proporcionar mais conforto do ponto de vista social e emocional”, ressalta a Dra. Marta Simone, gerente da S.O.S. Vida (SE), que será a moderadora do debate.
Os princípios do humanitarismo e da imparcialidade exigem que todos os pacientes recebam cuidados e nunca devem ser abandonados por qualquer motivo, mesmo que estejam morrendo. Existe um documento da OMS que trata da integração de cuidados paliativos e alívio de sintomas na resposta a emergências e crises humanitárias (Integrating palliative care and sympton relief into the response to humanitarian emergencies and crises).
A publicação destaca a sobreposição significativa nos princípios e na missão de cuidados paliativos e humanitarismo: alívio do sofrimento; respeito pela dignidade de todas as pessoas; suporte às necessidades básicas, e acompanhamento durante os momentos mais difíceis.
Cuidados Paliativos no Home Care
As intervenções de cuidados paliativos podem acontecer em instituições de saúde ou no domicílio, com o apoio de serviços de home care. O home care, realizado por uma equipe multiprofissional, pode proporcionar condições diferenciadas e específicas, seja empoderando o paciente e família, proporcionando mais autonomia e privacidade ao paciente ou envolvendo familiares na tomada de decisões sobre o tratamento e aumentando o vínculo.
“A assistência deve seguir um plano de cuidados elaborado por essa equipe e compartilhado com paciente e seus familiares, e deve ser iniciada o mais precocemente possível, acompanhando o paciente e família durante toda a evolução da doença, incluindo o processo de morte e luto. Os Cuidados Paliativos em ambiente domiciliar proporcionam ao paciente uma sobrevida com menos sofrimento e com melhor qualidade de vida na própria residência, evitando os procedimentos invasivos comuns no ambiente hospitalar, que não modificarão a evolução da doença”, explica a Dra. Ana Rosa Humia, médica paliativista e coordenadora médica da S.O.S. Vida (BA).
Para manter a assistência de forma segura foi preciso adaptar protocolos e procedimentos específicos para o atendimento domiciliar. Nesse contexto, a necessidade do distanciamento social foi um grande desafio, é o que destaca a médica Luana Brandão, geriatra do Espaço Ativo (SE) e integrante da equipe de Cuidados Paliativos da S.O.S. Vida.
“A medicina paliativa não lida apenas com os pacientes. É preciso levar esclarecimentos e conforto também para a família e, nesse sentido, o contato físico e o olho no olho fazem uma grande diferença, pois facilitam, entre outras coisas, a observação das reações não verbais”, explica a geriatra.
Por outro lado, Dra. Luana ressalta que as reuniões online trouxeram algumas facilidades, como a possibilidade de realizar encontros virtuais com um número maior de familiares em horários mais flexíveis, trazendo novas possibilidades de contatos e aproximação.
“Diante de todos os desafios impostos para preservar a saúde de todos, eu considero que as equipes de cuidados paliativos conseguiram se adaptar, o que trouxe muitos aprendizados. Um deles foi o entendimento de que precisamos estar presentes, mesmo na ausência. Precisamos nos fazer presentes, mesmos nas distâncias. Conseguimos assim atingir nosso objetivo de oferecer conforto e qualidade de vida para as famílias e pacientes de quem cuidamos”, finaliza a médica.
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