Rio de Janeiro 2/9/2021 – A imagem tem poder transformador. Ela impacta diretamente na nossa confiança e autoimagem
Quase um ano e meio depois do início da pandemia no Brasil, o trabalho em home office vem se consolidando como uma prática que parece ter vindo para ficar. Embora algumas empresas já estejam operando em sistema híbrido, ainda são muitas as corporações que mantêm o trabalho remoto para seus funcionários.
A amplitude da modalidade foi analisada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O estudo, feito ano passado, concluiu que dos 74 milhões de profissionais que estavam em atividade durante aquele momento da pandemia, apenas 11%, ou seja, 8,2 milhões de pessoas estavam trabalhando remotamente entre os meses de maio a novembro de 2020.
Visto como um privilégio restrito a uma seleta fatia de profissionais, o home office divide opiniões. Se para muitos trabalhar em casa se tornou sinônimo de conforto e bem-estar, para outros significou uma mudança de rotina radical com a qual não conseguem se adaptar.
O resultado de toda essa transformação, que aconteceu em consequência da pandemia, é que muitos profissionais se viram desanimados para exercer suas atividades diárias, para manter a produtividade em alta e sem estímulo sequer para tirar o pijama para trabalhar em casa.
Esse dilema vivido por muitos trabalhadores desde que a pandemia se instalou no país é um dos principais assuntos abordados no livro “Quarentena sem pijama: o poder das roupas sobre a autoimagem e a produtividade”, escrito por Sintya Motta, especialista em cognição do vestuário e imagem, e pela professora Leila Rabello. A obra acaba de ser lançada pela Editora Labrador.
Embasado na teoria da cognição do vestuário, pesquisa feita pelos renomados psicólogos americanos Adam e Galinsky, o livro mostra como as roupas exercem poder sobre quem as veste. Como interferem na construção da autoimagem e como podem afetar a autoestima e a produtividade.
“O livro apresenta a teoria e mostra como ela pode ser utilizada a nosso favor durante esses tempos tão complexos em que vivemos, com a pandemia nos obrigando a permanecer mais isolados, com menor convívio com outras pessoas. As roupas, como mostramos no livro, podem ser úteis nesses momentos tão difíceis para que nos sintamos mais motivados e capazes de realizar nossos projetos e sonhos”, diz Sintya Motta.
A especialista ressalta que para muitas pessoas o ato de se vestir atende exclusivamente à uma conduta de comportamento social. No entanto, o que poucos sabem é que o vestir, gesto feito diariamente de maneira quase automática, exerce um papel importante na autoestima, saúde e bem-estar de cada indivíduo.
Mesmo sendo uma profissional que trabalha com a imagem, e uma estudiosa da cognição do vestuário, Sintya Motta revela que também foi atingida pelo desânimo que se tornou comum a milhares de pessoas na pandemia. Também se sentia desmotivada a se arrumar para as atividades domésticas e profissionais sabendo que iria ficar em casa.
“Passei a me vestir com menos atenção, com menos esmero. Só aos poucos fui me dando conta de que, a cada dia que passava, com a minha desatenção em relação à minha própria aparência, minha tristeza e desânimo aumentavam prejudicando minhas atividades pessoais e profissionais”, conta.
A especialista diz ter se inspirado na irmã, que está em tratamento de câncer em estágio quatro, para mudar a postura e voltar a sentir prazer em se vestir para exercer suas atividades diárias em casa e para as demandas profissionais. Ela conta que mesmo doente, a irmã se arruma com atenção e cuidado para ir às sessões de quimioterapia a que se submete regularmente.
“Em todos os momentos do tratamento ela sempre se vestiu com suas melhores roupas para enfrentar a realidade que está vivendo. Isso me impactou muito, pois no início do tratamento dela, que coincidiu com o início da pandemia, eu estava muito desanimada”, lembra Sintya Motta, acrescentando que esse foi o start para a sua mudança de padrão e para mergulhar numa pesquisa sobre o tema que resultou no livro.
Para a especialista, é importante que as pessoas compreendam o quanto a mudança de comportamento, adotando um novo modo de vestir, pode influenciar no desempenho profissional, nas relações sociais e até mesmo na saúde de uma pessoa.
Sintya Motta ressalta que isso não significa que seja necessário que uma pessoa se vista de forma elaborada para trabalhar no home office. O mais importante, segundo ela, é acreditar como a sua maneira de vestir pode mudar a sua energia para realizar suas tarefas diárias e aumentar a produtividade.
“Quando vestimos uma roupa, ela exerce uma influência nos nossos processos psicológicos, disparando conceitos abstratos, graças aos significados simbólicos que cada peça transmite. A imagem tem um poder transformador. Ela impacta na nossa confiança e autoimagem”, conclui a especialista.
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