Los Angeles 3/11/2021 – Os limites rígidos para o número de vistos nessa categoria deixam grandes lacunas no esporte
Sem coaches suficientes, clubes americanos enfrentam impedimentos na contratação de estrangeiros.
O futebol nunca foi tão popular nos Estados Unidos, com 7% dos entrevistados pela Gallup apontando-o como o seu esporte favorito, atrás apenas do beisebol, terceiro colocado com 9% da preferência. Na medida em que o esporte avança no país, aumenta também a demanda por coaches nos clubes norte-americanos. Em setembro deste ano, pelo menos cinco times da Liga Principal de Futebol (MLS) entraram em campo com treinadores interinos, demonstrando a dificuldade dos times em contratar profissionais capacitados. A crise atinge não só os times de elite, mas, principalmente, as ligas semiprofissionais e amadoras.
Segundo a Challenger Sports, empresa de Kansas especializada em fornecer treinadores para clubes juvenis, a falta de coaches locais exige que times busquem profissionais fora do país. Em 2019, a empresa tinha uma demanda de 322 vagas, mas apenas 147 vistos temporários de trabalho foram aprovados pela imigração. “Os limites rígidos para o número de vistos nessa categoria impactam na quantidade de coaches que podemos trazer para o país, deixando grandes lacunas no esporte”, diz Derek Shoare, cofundador da companhia que treina em média 80 mil jovens por ano.
Com a suspensão dos processos de imigração por conta da pandemia de Covid-19, no ano passado, a crise nos campos norte-americanos se agravou. Tanto que um time de Louisiana decidiu entrar na justiça para garantir que o treinador britânico Matthew Ferguson ingressasse nos Estados Unidos, mesmo diante das restrições para os cidadãos daquele país. “Vínhamos trabalhando nesse recrutamento desde 2018. Dias antes do lockdown, o visto foi aprovado e, em seguida, ele foi impedido de embarcar”, contou a advogada Leah Spivey para a agência Associated Press.
Depois de atuar para o FCA Darmstadt na Alemanha como jogador e assistente técnico, em 2018, o brasileiro Bruno Meyer Simões, de São Paulo, foi convidado pelo clube alemão a ser scout e analista de desempenho, o que levou o time a ser campeão da Kreisoberliga, em 2019. Por conta do sucesso na Europa, Bruno foi então convidado a atuar no clube feminino Tudela FC, de Los Angeles, porém a data para o brasileiro se tornar treinador oficial do time depende do processo de imigração. “Os americanos trabalham mais a parte física, já os brasileiros são mais técnicos. Sabendo disso, os clubes buscam o nosso conhecimento para preparar jogadoras mais completas”, conta o ex-jogador profissional que migrou para a carreira de treinador em 2018, depois de passar pelos clubes norte-americanos Tulsa Revolution, em Oklahoma, e Golden State Force, da Califórnia. “Assim como eu, outros coaches estrangeiros aguardam permissão para trabalhar nos Estados Unidos. Enquanto isso, o esporte cresce em popularidade e pede mais profissionais capacitados em campo”, afirma.
Em setembro, o futebol feminino profissional dos Estados Unidos bateu recorde de público na partida entre OL Reign e Portland Thorns, pela Liga Nacional de Futebol Feminino (NWSL), com cerca de 27 mil torcedores no Lumen Field, em Seattle. Trata-se do maior público já registrado em toda a história da modalidade no país.
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