19/7/2021 –
Análise profunda de diversos aspectos que envolvem o negócio é fundamental antes de se tornar um franqueado; especialista dá dicas
Segundo dados da ABF – Associação Brasileira de Franchising, o primeiro trimestre de 2021 registrou números positivos, apesar dos desafios da pandemia que vêm impactando a economia. O período teve um saldo de 1,9% de novos negócios, número considerado relevante diante do cenário econômico. Projeções para 2021, divulgadas em junho, preveem um aumento de faturamento na ordem de 8% em relação ao ano passado, além de uma expansão de 5% das redes. Isso demonstra que mesmo num momento desafiador, em que muitas pessoas perderam seus empregos, investir em franquias pode ser um bom negócio, desde que feito com cuidado e planejamento.
A primeira etapa é entender que ser um franqueado demanda muito trabalho e empreendedorismo. Segundo Leandro Otávio Sobrinho, CEO da Raise Investor e que já foi franqueado em diferentes segmentos, como moda, alimentação e educação, “a franquia é um caminho muito promissor para quem pretende empreender ou diversificar seus negócios, porém, não se deixe enganar pensando que, por se tratar de uma franquia, tudo funcionará automaticamente e que o negócio terá sucesso. Empreender é muito bom, mas demanda disciplina e foco. Há pessoas que buscam uma franquia como uma renda extra ou alternativa para deixar de ser empregado e trabalhar menos. É um erro, não se pode confundir franquia com investimento, pois exige responsabilidades e demanda muito tempo e trabalho”, afirma.
Franquia renomada ou uma marca menos conhecida?
Essa decisão envolve diversos aspectos. Por exemplo, uma franquia renomada, muitas vezes, tem escassez de pontos de implementação, enquanto as menos conhecidas geralmente não têm essa dificuldade, mas têm outros desafios. As renomadas normalmente já estão posicionadas nas principais cidades do país, mas ainda assim têm um processo seletivo para novos franqueados e podem oferecer boas oportunidades, inclusive até no repasse de lojas existentes de franqueados que por algum motivo estejam vendendo suas unidades. É uma forma mais cara de se ingressar, porque nesse caso não está apenas fazendo o investimento inicial, mas também negociando o fundo de comércio de algo que já tem histórico de faturamento. “Mas é uma boa alternativa, pois além de entrar em uma marca conhecida em uma cidade bem posicionada, tem-se o histórico do negócio”, afirma. Segundo dados da ABF de 2020, os setores de alimentação, saúde e beleza e moda lideram as franquias no Brasil. Em ordem, o ranking traz O Boticário, Mc Donald’s, Cacau Show, Subway e Am/Pm nas primeiras colocações. Os dados do primeiro trimestre de 2021 mostram que o índice de repasse de franquias foi de 0,5%.
Já as franquias menos conhecidas (ou microfranquias) e/ou recém-criadas, normalmente não têm o valor agregado de uma marca famosa. Por isso, é importante realizar uma análise do que de fato essa franquia está oferecendo para que o interessado em ser um franqueado não possa fazer sozinho, ou seja, sem ter que pagar taxas de franquias e royalties. Após essa avaliação, pode ser, sim, um ótimo negócio por ter a oportunidade de crescer junto com a marca, abrir os melhores pontos e se tornar um grande franqueado. A pesquisa da ABF, com dados de 2020, mostra que as 5 microfranquias que lideraram no período foram Pit Stop Skol, Kumon, Acqio, Ceopag e Ceofood, nesta ordem.
Aspectos financeiros e de custos
O interessado em uma franquia deve ficar atento às taxas, contribuições e royalties para evitar surpresas. Porém, isso não deve ser visto como um obstáculo, mas sim como forma de entender o negócio com higidez financeira. Por isso, é fundamental fazer uma análise como um todo, pedir à franqueadora uma simulação do DRE (Demonstrativo de Resultado) anual para o ponto em questão e de outros pontos franqueados já existentes para avaliar os indicadores e se o resultado projetado atende à expectativa para o investimento e, por fim, analisar o payback (tempo de retorno do investimento).
Feita toda essa análise, o interessado deve avaliar e compreender a sua capacidade financeira para começar o negócio. E nesse aspecto, cuidados são importantes para evitar surpresas, já que será necessário ter recurso financeiro não somente para o investimento inicial, mas para a continuidade do negócio, especialmente nos primeiros meses. “O capital depende muito do segmento e localidade da franquia, geralmente as de serviço tendem a demandar um capital inicial menor, por não demandarem estoque de produtos. Apenas não se esqueça de calcular, além do investimento inicial, o custo de capital de giro para manter o negócio até a maturação. Muitos quebram antes de terem o negócio amadurecido por acharem que já vão começar a lucrar nos primeiros meses. O segredo para não se perder é muita capacitação em gestão financeira e de pessoas”, recomenda o CEO da Raise Investor.
Outros cuidados importantes
Conversar com franqueados é importante para saber a realidade do negócio na prática, entender os pontos fortes e fracos, os desafios, as oportunidades e outros detalhes que só quem está envolvido diariamente na operação pode passar. Dessa forma é possível avaliar se o negócio terá boas perspectivas de acordo com o perfil e a região. É importante buscar o máximo de informação sobre o segmento de interesse e ter uma visão ampla do mercado e dos concorrentes. Quanto à franquia escolhida, atenção aos detalhes, a começar em uma análise detalhada da COF (Circular de Oferta de Franquia), dos manuais fornecidos pela franqueadora e se existe treinamento de qualificação oferecido pela franqueadora antes de tomar a decisão final. Em paralelo, buscar conhecimento sobre gestão financeira e de pessoas.
O momento é de aproveitar, já que segundo a pesquisa da ABF, o setor de franquias registrou aumento de faturamento de 11% em março deste ano, quando comparado com o mesmo mês de 2020, já mostrando sinais de recuperação.