São Paulo, SP 16/7/2021 – Em um período de 3 meses, houve um aumento médio no valor do frete marítimo internacional de 93%, sendo que em alguns casos a variação foi de 300%.
O setor de logística internacional ainda sente com os impactos do Covid-19, em que a falta de espaço nos navios cargueiros, equipamentos como contêineres e o reaquecimento da economia global provocaram um aumento de mais de 300% nos valores dos fretes marítimos. Com isto, pesquisa aponta que empresários brasileiros já estão sentindo os efeitos disso.
O processo de exportação e importação de produtos pode ser complexo, com diversas etapas envolvidas: preparo da carga, despacho aduaneiro, realização do booking, alocação no navio e outras etapas. E, atualmente, é possível notar uma desorganização e alta dos custos logísticos internacionais que começaram com a pandemia do novo coronavírus. Tal cenário é motivo de apreensão, principalmente para empresas inseridas no comércio exterior e que dependem do transporte marítimo.
Em pesquisa realizada com 18 entidades setoriais brasileiras (ABIMAPI, ABBA, Abinee, ABIMO e outras) e 90 empresas associadas que exportam e importam, foi possível verificar que a grande maioria indicou que os custos de transporte marítimo têm aumentado mensalmente. Em um período de 3 meses, houve um aumento médio no valor do frete de 93%, sendo que em alguns casos a variação foi de 300%. Outra informação é que desde março de 2021, 70% dos entrevistados relataram dificuldades e atrasos cada vez maiores em embarcar suas mercadorias nos navios, devido à alta demanda.
Está havendo um grande aumento nos custos de transporte marítimo internacional, sendo que o valor médio de um embarque China-Brasil, de um contêiner de 40 pés, era de USD 2 mil em junho de 2020. Em junho de 2021, os custos podem ultrapassar a barreira dos USD 10 mil. Não só isso, a procura por espaços nos navios tem sido intensa e a realização de booking tem demorado semanas.
Marcelo Brandão, fundador da startup Talura (marketplace de fretes internacionais para empresas) que ajudou a compilar os resultados da pesquisa realizada, citou ter visto casos de exportadores que demoram no mínimo 3 semanas para realizarem o booking de suas cargas. A razão principal é que os espaços dos navios de armadores estão cada vez mais escassos. Além disso, há uma concentração de muitas cargas de todo o Brasil que são embarcadas em poucos portos do Sudeste (Santos) e Sul (Itajaí), o que contribui com a alta dos fretes marítimos e demora para que a carga seja alocada nos navios.
“O que temos visto na operação da Talura é que desde o início do ano os valores de fretes marítimos vêm aumentando. Também é motivo de apreensão que haja falta de equipamentos e contêineres para embarcar diversas cargas. Recomendamos atenção e cuidado na hora da negociação com fornecedores de fretes, pois alguns podem prometer um prazo menor de embarque, sendo a espera média de, pelo menos, 3 semanas”, explica Marcelo.
Um dos casos mais recentes que contribuíram com a alta dos custos marítimos foi em março de 2021, quando o navio Ever Given (um dos maiores do mundo) encalhou no canal do Suez, no Egito. O local é uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo e tal encalhamento gerou fortes prejuízos para o comércio internacional e impediu a travessia de mais de 420 embarcações durante os seis dias que ficou paralisado.
Mesmo com o retorno gradual das atividades econômicas e a vacinação da população de diversos países, os efeitos da Covid-19 na logística internacional continuarão até meados de 2024, de acordo com alguns especialistas. Até lá, os valores dos fretes marítimos podem oscilar bastante e preços podem ficar acima da média de anos anteriores.
Website: http://www.talura.io
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