São Paulo, SP 3/8/2021 – Grande parte das pessoas estava em um ambiente ergonomicamente despreparado ao trabalhar em home office
Técnicas como Mindfulness e Yoga ganham espaço e são exemplos de iniciativas de promoção do bem-estar no combate ao estresse, ansiedade e até depressão
A chegada da pandemia mexeu com as estruturas do mundo corporativo. Não só os resultados das empresas foram afetados, mas também a forma de se trabalhar. De acordo com pesquisa realizada pela Workana, plataforma de freelancers, feita com mais de 2 mil trabalhadores da América do Sul, Norte, Central e Europa, a implementação do home office na rotina dos profissionais foi negativa: 43,7% dos participantes tiveram impactos psicológicos e a saúde mental afetada.
No Brasil, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou que uma a cada cinco profissões no país pode adotar o home office definitivo. A modalidade alcançará 20 milhões de trabalhadores, podendo ser aplicado por 22,7% das ocupações, mesmo depois que a pandemia passar. Em todo o país, o DF tem o maior potencial de trabalho remoto, com 31,6% das funções que podem ser exercidas à distância. Em seguida, São Paulo (27,7%) e Rio de Janeiro (26,7%). O Piauí (15,6%) ficou na última colocação.
Promoção da saúde
Perante o cenário atual, empresas e gestores de RH passaram a procurar por soluções em prol da qualidade de vida de seus funcionários. Segundo Fabio Tavares Ciampone, fisioterapeuta na Company Saúde, foi necessário encontrar maneiras simples e com baixo custo de implantação, levando em consideração a crise econômica mundial. “Indicamos para as companhias que nos procuram a implantação o ‘Mindfulness’, que foi, com certeza, o grande destaque durante a pandemia. Adaptamos este tipo de aula dentro do nosso Programa de Ginástica Laboral e tivemos excelente aceitação e resultados positivos”. Técnicas como “Yoga Laboral” também foram incorporadas por trabalhar a saúde física e mental em apenas uma única atividade.
Terapias individuais com psicólogos e palestras motivacionais são outras opções dentro do cardápio disponível quando se pensa em qualidade de vida no trabalho, atualmente. A Ginástica Laboral, uma das atividades mais praticadas nas empresas, também migrou para o on-line durante a pandemia.
Fabio Ciampone comenta que, com essa nova realidade, as orientações ergonômicas posturais se tornaram ainda mais importantes. “Grande parte das pessoas estava em um ambiente ergonomicamente despreparado ao trabalhar em home office. Portanto, a combinação entre exercícios de distensionamento muscular, orientações posturais e sessões de meditação como mindfulness foi fundamental para reduzir afastamentos, índices de absenteísmo, lesões relacionadas ao trabalho, dores físicas e, consequentemente, obter melhor desempenho e aumento de produtividade da equipe”.
Foi durante a pandemia que a empresa CNK, sediada em Barueri/SP, decidiu implantar a Ginástica Laboral. “Devido ao nível de estresse e ansiedade dos colaboradores, buscamos alternativas para promover qualidade de vida no ambiente de trabalho e, com isso, oferecer um momento de relaxamento, descontração e integração, além de proporcionar bem-estar físico e mental para todos”, revela a gerente de RH, Taíssa Domingues.
Produtividade x humanização
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada US$ 1 investido em tratamento ou prevenção de transtornos mentais comuns, há um retorno de US$ 4 em melhoria de saúde e produtividade. “Ou seja, investir na qualidade de vida do funcionário é fundamental para aumentar a margem de lucro e melhorar o ambiente de trabalho. Portanto, os resultados alcançados com ações de qualidade de vida têm refletido diretamente no resultado das empresas e, consequentemente, na economia do país”, analisa Ciampone.
Em estudo recente, a Kenoby, startup de seleção e recrutamento digital, conduziu uma pesquisa com 488 profissionais de Recursos Humanos, com a maioria atuando em empresas com até 500 funcionários. Os dados mostraram que 38,7% das corporações não desenvolvem benefícios voltados para melhorar a saúde emocional e o bem-estar dos funcionários, mas estudam a possibilidade de adotá-los; 37,7% já incorporaram; e 23,6% ainda não têm nem os colocam como prioridade para este ano.
A “inovação” é a palavra-chave para este momento, afinal algumas empresas continuarão no modelo home office, outras de maneira híbrida e algumas já estão retomando o presencial. “Hoje, em poucas horas, é possível traçar um diagnóstico clínico, fazer avaliações e protocolos on-line para analisar a saúde dos nossos colaboradores, seja física ou mental. Outro ponto importante é que os programas de promoção de bem-estar estão acessíveis para todos também. Cabe ao gestor em qualidade de vida um olhar mais direcionado e humano para as necessidades de suas equipes”, finaliza o fisioterapeuta.
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