São Paulo 18/8/2021 –
Segundo especialistas, é preciso ações hoje para que as crianças possam sobreviver e se desenvolver nos próximos anos
As mudanças climáticas estão afetando todas as pessoas, em especial as crianças da primeira infância. É isso que especialistas convocados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela revista The Lancet e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmam no relatório “A Future for the World’s Children?”.
Segundo o relatório, o clima está impactando a saúde e as perspectivas de futuro das crianças, e isso está acontecendo devido aos efeitos causados pela degradação ecológica, mudanças no clima e exploração de práticas de marketing que estimulam os alimentos não orgânicos, ultraprocessados, com alto teor de açúcar, alcoólicos e até o tabaco. Ainda conforme o que foi analisado no “A Future for the World’s Children?”, caso o aquecimento global tome proporções suficientes para gerar um aumento de 4°C até 2100, ou seja, em menos de 80 anos, as crianças serão prejudicadas.
Esse aumento da temperatura poderia causar danos à saúde por conta do volume de calor intenso, aumento de doenças, como dengue e malária, avanço do nível dos oceanos, entre outros. Dessa forma, o relatório demonstra que as crianças de hoje podem sofrer os impactos das ações tomadas atualmente no que tange à questão climática.
Alguns problemas ligados à questão climática estão muito presentes em países que ainda não são muito desenvolvidos, como o Senegal, que teve Awa Coll-Seck como parte da comissão do documento. “Enquanto alguns dos países mais pobres têm uma das menores emissões de CO2, muitos estão expostos aos impactos mais severos de um clima em rápida mudança”, afirma Awa Coll-Seck no relatório.
Awa Coll-Seck também alerta que é preciso melhorar as condições climáticas para que o futuro das crianças não seja comprometido. “Hoje, promover melhores condições para que as crianças sobrevivam e prosperem nacionalmente não tem de ter o custo de corroer o futuro das crianças globalmente.”
As crianças na primeira infância são as mais afetadas pelas mudanças no mundo
Em relação à primeira infância, a ex-primeira ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, que também faz parte da comissão de especialistas responsáveis pelo relatório, afirma: “estima-se que cerca de 250 milhões de crianças menores de 5 anos de idade em países de baixa e média renda correm o risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento”.
Para fazer essa afirmação, Clark toma como base as medidas proxy, que se referem à pobreza e à baixa estatura. Segundo ela, o mundo agora passa por ameaças ainda mais graves do que essas, já que as mudanças climáticas causam ameaças à própria existência das pessoas.
As mudanças climáticas não afetam somente os dias de hoje, mas também o futuro das diversas nações. As crianças de hoje, em especial as da primeira infância, poderão enfrentar essas ameaças com uma gravidade muito maior do que as que existem hoje. “Os países precisam revisar sua abordagem à saúde da criança e do adolescente, para garantir que não apenas cuidemos de nossas crianças hoje, mas também protejamos o mundo que elas herdarão no futuro”, finaliza Clark.
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