São Paulo, SP 20/8/2021 – A presença de um Engenheiro de Segurança a bordo contribui muito para atividades mais estáveis e seguras
Com a expansão dos mercados de exportação por meio marítimo, o sistema de transporte tem o desafio de desenvolver uma cadeia eficiente, segura e eficaz que possa sustentar o crescimento econômico e a expansão do comércio, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ. De acordo com a agência, o uso da navegação para transportar cargas no Brasil aumentou consideravelmente, a partir do ano de 2019, e cresceu 20,7% na navegação interior. A navegação marítima entre portos e deles para hidrovias da navegação interior – modalidade conhecida como cabotagem – subiu 6% no período. Os principais produtos transportados foram combustíveis e óleos minerais (56,5%), contêineres (23,5%), minério de ferro (6,3%), bauxita (5,8%) e produtos siderúrgicos (2,4%), entre outras mercadorias (5,6%), com isso, a segurança das embarcações e das plataformas se tornaram cada vez mais cruciais para o melhor desenvolvimento e segurança de todos.
O Oficial de Náutica com engenharia de segurança é o profissional que utiliza dos conhecimentos de navegação baseados em códigos e normas, nacionais e internacionais, para atuar no setor de segurança náutica, com o intuito de mitigar riscos e acidentes com embarcações e plataformas, afirma Gabriel Kehdi Barros Araújo, Oficial de Náutica graduado em Engenharia Química, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e com MBA em Finanças. “AInternational Maritime Organisation – IMO define os códigos e diretrizes de segurança que devemos seguir, dentre eles, está o COLREG , no Brasil denominado RIPEAM – que determina as regras de tráfego marítimo”, informa Gabriel.
Além da segurança da navegação, o engenheiro de segurança explica que os oficiais de náutica também se encarregam de garantir a segurança das operações internas e externas da embarcação. Em que, diariamente, são abordados tópicos de segurança, instruções de registros e investigações de acidentes ocorridos na frota e em unidades marítimas.
O profissional também relata que mapas de riscos localizados nos decks das embarcações ajudam a tripulação a verificar quais os potenciais de riscos em determinados locais (risco físico, químico, biológico, de acidentes, ergonômico). E sempre que alguma atividade de risco é realizada, é emitida uma AST (Análise de Segurança do Trabalho).
Segundo a Marinha Mercante do Brasil, os acidentes náuticos são causados, em sua maioria, pelo não cumprimento das regras de segurança da navegação. Dados divulgados recentemente pela Diretoria de Portos e Costas da Marinha mostram que nas ocorrências de Acidentes e Fatos da Navegação (AFN), em 2020 foram registrados 916 acidentes e este ano (2021), até o mês de julho, já são 501.
Em função do alto índice de acidentes e do alto grau de risco das operações, Gabriel diz que a preocupação com a segurança aumentou exponencialmente na última década. “Um dos motivos para eu ter me especializado em Engenharia de Segurança foi justamente para tentar encurtar a ponte entre base e navio”, menciona o Oficial de Náutica, com cursos, pela Marinha Mercante Brasileira, de Adaptação a Oficial de Náutica, Oficial de Segurança de Navios, Operador de Posicionamento Dinâmico, Especial de Operações com Cargas Perigosas no Trabalho Aquaviário, Gerenciamento de Procedimentos de Passadiço para Oficiais, entre outros.
Conforme o especialista, os navios e as plataformas são plantas industriais flutuantes, portanto, também precisam cumprir as Normas Regulamentadoras do Trabalho – NRs. O setor de QSMS (Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança) é o responsável por orientar os oficiais no cumprimento das normas, por meio de um corpo de técnicos e engenheiros.
Nas embarcações, assim como nas plataformas, Araújo informa que são realizados treinamentos de emergência periodicamente, além da auditoria da Sociedade Classificadora do Port State Control e do cliente (Petrobras, Equinor, Shell, etc.). Por isso, as inspeções, os testes de equipamentos, EPIs, cabos e calibrações também ocorrem periodicamente, a fim de cumprir a legislação e ao mesmo tempo manter a embarcação segura para a tripulação.
Alguns dos problemas de segurança são identificados através de inspeções mensais realizadas pelos técnicos de terra quando da estadia do navio no porto, alega o engenheiro de segurança, e que na maioria das vezes o técnico responsável não conhece o dia a dia da embarcação, o que dificulta em alguns diagnósticos. Neste sentido, ele afirma que a formação de um Oficial de Náutica com Engenharia de Segurança se torna um diferencial, já que o profissional adquire um olhar mais crítico com relação à percepção de potenciais riscos e os encaminha ao QSMS.
“A presença de um Engenheiro de Segurança a bordo contribui muito para atividades mais estáveis e seguras”, conclui Gabriel Araújo, com experiência em transporte marítimo, especialmente em Platform Supply Vessels, manobras de aproximação a plataformas, atracações, procedimentos e normas de segurança do trabalho (Saúde, Segurança e Meio Ambiente) – HSE.