São Paulo – SP 28/10/2021 – Os procedimentos retomaram à medida que decretos foram saindo, a taxa de óbitos diminuiu e a vacinação em massa avançou. Entretanto, os cuidados permanecem
Ministério da Saúde suspendeu a técnica em novembro de 2019; especialista fala sobre a retomada da modalidade, que exige formação e diversos cuidados
Entre outros elementos do setor funerário, a pandemia de Covid-19 afetou de forma profunda a tanatopraxia, conjunto de procedimentos, técnicas e métodos utilizados para conservar, embalsamar, higienizar, restaurar e cuidar da aparência dos corpos de modo a preparar o cadáver para o velório, funeral ou cerimônia fúnebre.
Em novembro de 2020, o Ministério da Saúde publicou a 2ª edição do documento “Manejo de corpos no contexto da doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2 Covid-19”, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Departamento de Análise de Saúde e Vigilância e de Doenças não Transmissíveis. Como resultado, veio a determinação para que o manejo de corpos fosse suspenso por conta do risco de contágio da doença.
A determinação destacou que a transmissão da Covid-19 também pode ocorrer no manejo de corpos, sobretudo quando executado sem medidas de prevenção e de proteção coletivas e individuais, como o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Claudio de Luna, CEO da Luna Assist – grupo de empresas do ramo funerário estabelecido no formato digital -, pontua que os procedimentos foram sendo retomados à medida que a taxa de óbitos diminuiu e a vacinação em massa avançou, permitindo que a técnica pudesse voltar a ser realizada com mais segurança. “Os cuidados, entretanto, permanecem”, explica.
O país chegou a registrar uma média móvel de 3.125 óbitos por Covid-19 em 12 de abril de 2021, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa consolidados a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde – em 27 de outubro, a média já havia baixado para 342 mortes.
Para CEO, pandemia demonstra que tanatopraxia “não é para amadores”
O CEO da Luna Assist esclarece que a preparação envolve um alto risco de contaminação. “A princípio, esses corpos chegam aos profissionais com suas devidas declarações de óbitos. Porém, temos que ter uma visão mais ampla, observando e colocando em prática o conhecimento teórico-científico. Isso porque os cadáveres podem conter, além das ‘causas mortis’, outros elementos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários”, afirma.
Além do mais, segundo Luna, outros tipos de patógenos infectocontagiantes podem se desenvolver após o óbito, o que exige conhecimento sobre diversas doenças, suas causas e tratamentos – elementos fundamentais para uma preparação que minimize a chance de contaminação, tanto no ambiente de trabalho como no velório.
Nesse ponto, de acordo com o especialista, a empresa responsável deve disponibilizar os EPIs, itens indispensáveis para a segurança dos profissionais envolvidos, que devem saber manipulá-los. Com efeito, a determinação do Ministério da Saúde reconheceu a importância dos cuidados para saúde dos profissionais que atuam nas atividades post-mortem, no contexto da Covid-19.
“Deve-se oferecer um ambiente seguro, ergonômico e com todos equipamentos e produtos necessários aos profissionais. Esses colaboradores devem ter uma boa formação para que seu conhecimento seja amplo, assegurando, assim, a empresa e a si mesmos. E a empresa, sempre que possível, deve oferecer capacitação, algo fundamental para manter uma equipe preparada e motivada”, pontua.
Luna acrescenta que a realização da tanatopraxia é indispensável em qualquer funeral, pois assegura a higienização do corpo, minimizando qualquer contaminação nos rituais fúnebres e evitando a contaminação dos lençóis freáticos pelo necrochorume – além de contornar os efeitos indesejáveis da decomposição e possibilitar traslados terrestres e aéreos.
Segundo o especialista, a tanatopraxia tem evoluído a passos lentos: “O setor tem muito a evoluir, principalmente com relação à capacitação teórico-científica e, consequentemente, as práticas. Ainda há um conhecimento muito restrito e superficial”, avalia.
Diante disso, segundo Luna, quem busca uma formação na área deve ter atenção, pois há diversas escolas, clínicas e profissionais com poucas noções no mercado. “São cursos de pequena duração que atraem pessoas com o sonho de uma vida melhor, mas não têm validação por qualquer órgão responsável”, alerta.
Luna frisa que o curso de tanatopraxia deve ser oferecido como uma graduação e não como um curso livre. “O profissional deve aprender sobre anatomia – teoria e prática -, causa mortis e as modificações que ocorrem no corpo, fases da decomposição, como intervir, reações químicas do produto de preparação, as condições do cadáver e, caso ocorra alguma alteração, saber o motivo e como intervir”, destaca.
O setor funerário, pontua o executivo, é complexo e exige dedicação. “A pandemia é prova de que situações atípicas podem ocorrer a todo o momento, o que exige o empenho dos profissionais que atuam com tanatopraxia e no setor funerário como um todo”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://lunaassist.com.br/
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