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Dra. Margareth Dalcolmo fala sobre novo imunizante em estudo no Brasil

São Paulo 20/9/2021 – Cerca de 58% das pessoas ficam com algum grau que pode ser indelével, mas exige reabilitação.

A médica fez a primeira Palestra Magna do 2º Congresso Virtual da SBPC/ML.

A abertura da programação científica do 2º Congresso Virtual da SBPC/ML, realizada na noite de 7 de setembro, contou com a participação da Dra. Margareth Maria Pretti Dalcolmo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que ministrou a primeira Palestra Magna intitulada “COVID-19 – O que aprendemos e perspectivas”. Segundo a pesquisadora, aprende-se muito no curso da doença, mas ainda existem muitas perguntas não respondidas sobre sequelas, fatores de risco da enfermidade, novas cepas, ondas e letalidade, eficácia das vacinas e quanto tempo de durabilidade tem cada vacina para ficar imunizado com cada uma delas.

No início da apresentação, a pesquisadora fez um panorama geral com o surgimento da covid-19 na cidade de Wuhan, na China, até o momento em que ela chegou ao Brasil não como uma pneumonia atípica, mas como uma doença sistêmica que acometia múltiplos órgãos com comprometimento da microcirculação e trombose.

Nesses 18 meses, houve desenvolvimentos extraordinários, como dos testes que permitem fazer o diagnóstico da infecção em larga escala; entre os vários existentes há o padrão ouro, que é o RT-PCR.

Dentre as decepções, os fármacos antimaláricos e antiparasitários, não resultando em uso terapêutico. Por outro lado, “o Remdesivir, aprovado pela Anvisa, é um antiviral que foi uma descoberta importante, com uma recomendação muito específica para os pacientes em terapia intensiva, com doença com menos de 10 dias e sem o uso de ventilação mecânica. Ele passou a ser olhado de maneira otimizada”, explica.

De acordo com a pesquisadora, outras descobertas foram os antivirais por via oral, como o Favipiravir. Ela é uma das investigadoras oficiais do medicamento aqui no Brasil, com um estudo de Fase 3. O fármaco é usado em pacientes assintomáticos, comprovadamente negativos por exame RT-PCR e contato intradomiciliar. Uma outra descoberta é o Baricitinib, medicamento para o tratamento da artrite reumatóide, com estudos em Fase 3, com um impacto grande sob a mortalidade. Há também a redescoberta da otimização de duas classes de medicamentos: anticoagulantes e corticosteroides, que mostraram efetivamente a primeira intervenção sobre a mortalidade.

Sobre os desafios enfrentados, a especialista destaca as sequelas pós-covid-19. Cerca de 58% das pessoas ficam com algum grau que pode ser indelével, mas exige reabilitação. Mas ainda que se tenha esse desafio, conquistamos algo muito importante: a vacina, que é a solução para quaisquer viroses respiratórias. Hoje, há mais de 10 vacinas aprovadas para uso clínico, mas há a falta de acesso igualitário a todas as pessoas.

“Há basicamente três tecnologias que são mais usadas: a de ácido nucleico, que é a da Pfizer e a Moderna; a de vírus inativado, como a Coronavac; a de vetor viral, como as da Jansen e a Sputnik; a de adenovírus humano, como a de Oxford e a Chadox”, explica. Acerca das variantes do vírus, no mês passado, a revista New England publicou que as vacinas AstraZeneca e Pfizer têm sido efetivas à Delta. Ainda que a vacinação esteja avançando, a médica afirma que não se pode eximir de proteger as pessoas e a nós mesmos, portanto há a necessidade de continua utilizando a máscara e mantendo o distanciamento social.

A respeito da vacina BCG, o Brasil está desenvolvendo um estudo chamado BRACE, que testa a hipótese de que o imunizante provoca uma imunidade variada e, por isso, está sendo testado para o combate da COVID-19. “Ele pode proteger outras infecções pela memória imunológica e produção de citocinas, respostas de célula T e, consequentemente, resultando em redução da mortalidade. Visto que pessoas mais idosas apresentam queda na capacidade imunológica, ela pode deixá-la mais preparada. Nesse estudo, participam 2.600 profissionais de saúde e está na fase de acompanhamento dos voluntários. É realizada a coleta de sangue com três, seis, nove e 12 meses após a aplicação da vacina ou do placebo e nos próximos meses será publicada a análise interina do estudo.

Em conclusão, a Dra. Margareth apontou que a ciência ainda tem muitas perguntas não respondidas, como quantas pessoas foram infectadas no mundo, muito do que envolve a fisiopatologia e manifestações clínicas, o motivo de alguns pacientes evoluírem para uma forma grave da doença, a totalidade dos fatores de risco, sequelas, duração da imunidade, se terão outras ondas da doença (espera-se que não), e se houver, se a letalidade será maior do que a primeira, se as vacinas precisarão sofrer atualização para as novas linhagens, e se as vacinas de RNA mensageiro, apesar de terem um maior custo, permitirão uma flexibilidade da estrutura para uma eficácia maior.

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