17/12/2021 – A pandemia impulsionou a digitalização do varejo, mas a maturidade que o setor possuía antes desta crise sanitária foi um marco preventivo para estas empresas
Segundo pesquisas, migração de empresas varejistas para on-line promove melhorias tanto no campo das vendas e no relacionamento com os clientes quanto na organização interna das companhias; especialista comenta sobre softwares que promovem melhorias na organização empresarial
O processo de digitalização pelo qual o setor varejista tem passado nos últimos anos ganhou um grande impulso com a eclosão da pandemia de Covid-19 no país. Sendo o período inicial da atual crise sanitária marcado pela necessidade da imposição de restrições de convívio social, as empresas aceleraram a migração para o on-line, promovendo melhorias tanto no campo das vendas e no relacionamento com os clientes quanto na organização interna.
Sobre o crescimento do e-commerce no país, por exemplo, os indicativos de crescimento são fartos em pesquisas que diagnosticam o setor do comércio eletrônico no país. Segundo dados da “Sondagem do Comércio”, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), as vendas on-line passaram a representar 21,2% do faturamento do comércio varejista em 2021 – antes do início da atual pandemia, o índice era de 9,2%.
Outros dados, fornecidos pela “Pesquisa Conjuntural do Comércio Eletrônico” (PCCE), realizado pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) em parceria com a Ebit/Nielsen, apontam o e-commerce teve uma alta de 39% em 2021 em relação a 2020, com um faturamento de R$ 43,4 bilhões.
Tal crescimento, por fim, também pôde ser evidenciado pelos resultados da edição de 2021 do ranking “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro”, da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), que indicou que, dentre as grandes companhias varejistas do país, 70% realizam vendas pelo meio digital, ante 54% no ano anterior.
No que tange ao relacionamento das empresas com os consumidores, estratégias que envolvem a imersão no meio digital também se apresentaram como de grande importância. Neste sentido, o desenvolvimento do chamado omnichannel, que consiste na integração entre os canais físicos e digitais – como, por exemplo, quando um consumidor escolhe um produto no site de uma empresa e o compra na loja -, foi grande nos últimos anos. Um indicativo desta tendência se dá com a pesquisa “Carat Insights Projeções para o Varejo 2022”, realizada pelo Instituto Locomotiva, apontando que 70% dos entrevistados já tiveram experiências de compra omnichannel e 50% fazem isso cotidianamente.
Softwares promovem melhoria na organização interna de empresas
Tão relevante quanto esta digitalização que mira o público consumidor, contudo, é aquela que feita nas estruturas internas da empresa, com a utilização de softwares que possibilitam a melhoria em Planejamento de Recursos Empresariais (ERP, ou “Enterprise Resource Planning”, em inglês), Sistema de Gerenciamento de Armazém (WMS, ou “Warehouse Management System”), Gerenciamento de Força de Trabalho (WFM, ou “Workforce Management) e Inteligência Empresarial (BI, ou “Business Intelligence”), além de programas que, embora mirem o público externo, auxiliam na organização interna da empresa, como o CRM (“Customer Relationship Management”, ou “Gestão de Relacionamento com o Cliente”, em tradução livre).
Eduardo Dias Jorge, CEO no Brasil da SISQUAL WFM no Brasil, companhia de tecnologia e desenvolvimento de software para empresas, destaca a importância da ferramenta de gerenciamento de força de trabalho (WFM) como de suma importância para o equilíbrio organizacional de uma empresa.
O executivo usa o exemplo da questão das “despesas de pessoal” em companhias varejistas, que ainda, segundo ele, trazem “processos manuais e geridos por correções de erros” para pontuar os benefícios da implementação de softwares de WFM. “O impacto atual é de que, se a venda não acontece, a primeira atitude a ser executada é a redução de pessoas, pois os gestores desconhecem como se processa o gerenciamento da força de trabalho na sua íntegra”, afirma. Para ele, o WFM dentro da estrutura tecnológica varejista ainda é embrionário, o que possibilita uma “ótima oportunidade de crescimento”.
O mercado de global de BI, por sua vez, tem se mostrado igualmente aquecido: de acordo com os números de participação de mercado de 2020 da empresa de consultoria IDC, o crescimento do uso da tecnologia foi de 5,2% durante a pandemia, tendo sido atingido a marca de U$ 19,2 bilhões (cerca de R$ 109 bilhões) ao longo pandemia de Covid-19.
“A pandemia impulsionou a digitalização do varejo no Brasil, mas a maturidade que o setor já possuía antes desta crise sanitária foi um marco preventivo para que estas empresas pudessem suportar uma demanda operacional, comercial, de gestão e de processamento de informações”, afirma Dias Jorge.
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