São Paulo, SP 11/11/2021 – É importante observar como se dá o impacto das doenças bucais na qualidade de vida das pessoas.
Com milhares de brasileiros afetados pela crise, o levantamento que será realizado até 2022 quer atualizar os dados sobre perfil demográfico e socioeconômico, acesso e utilização de serviços odontológicos e que tipos de doenças bucais são mais frequentes entre a população.
Aproximadamente 28 milhões de brasileiros estão classificados na linha da pobreza como reflexo da crise sanitária instalada pelo novo Coronavírus. Os dados foram publicados em setembro pela Fundação Getulio Vargas (FGV) no estudo intitulado “Desigualdade de Impactos Trabalhistas na Pandemia”.
Em 2019, antes da pandemia, o número de pessoas com renda abaixo da linha de pobreza era de 10,97% ou 23,1 milhões. No ano seguinte, em função da adoção do Auxílio Emergencial, esse percentual baixou para 9,8 milhões de brasileiros. Porém, no primeiro trimestre de 2021, com o corte do auxílio, a população mais pobre chegou a níveis desoladores, representados por 16,1%, ou seja, 34,3 milhões de pessoas, conforme mostraram os dados da FGV.
Nesse cenário, ainda que a economia esteja retomando aos poucos, a necessidade de políticas pública eficazes deixa mais evidente a importância da atenção aos cuidados básicos oferecidos à população. Em se tratando de saúde bucal, por exemplo, o país busca alcançar condições de atendimento mais adequadas para todos. O governo quer atualizar os dados sobre perfil demográfico e socioeconômico, acesso e utilização de serviços odontológicos e que tipos de doenças bucais são mais frequentes entre a população.
Para a cirurgiã-dentista, pós-graduada em Promoção e Prevenção de Saúde Bucal, e que trabalha fazendo atendimento pelo SUS, Fabiana Serra Soares Targino, é importante observar como se dá o impacto das doenças bucais na qualidade de vida das pessoas. Ela endossa a importância de uma rede de apoio técnico profissional para tornar essas ações mais efetivas. “É necessário o trabalho de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, formadas por médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico de higiene dental”, completa.
Profissional atuante no Programa Saúde da Família no município de São Luís (MA), Targino afirma que os casos mais encontrados no consultório dela são de cárie dental, problemas periodontais como gengivite e periodontite, e deficiência no controle da placa bacteriana. “Além de tratar as doenças bucais, sempre realizo atividades de promoção de saúde bucal individuais e coletivas informando os pacientes sobre as doenças e como prevenir o surgimento. Além disso, demostro e oriento quanto a técnica correta de escovação, aplicação de flúor e conscientização da importância da visita regular ao dentista”, informa.
Levantamento quer saber como vai a saúde bucal dos brasileiros
Segundo dados do Ministério da Saúde, o primeiro levantamento epidemiológico de âmbito nacional em saúde bucal foi realizado apenas em 1986. Outros três foram realizados em 1996, 2003 e 2010. Agora, mais uma etapa será iniciada com essa missão. A partir deste mês, brasileiros de 5 anos e de 12 anos de todas as regiões, além de grupos etários de 15 a 19 anos, 35 a 44 anos, e 65 a 74 anos, serão entrevistados e examinados em suas casas como parte do projeto SB Brasil, com vigência até 2022.
O estudo integra a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), mais conhecida como Brasil Sorridente, implementada pelo Ministério da Saúde. A ideia é justamente oferecer diretrizes com objetivo de reorganizar o modelo de atenção à saúde bucal, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
A tecnologia será um dos diferenciais desta pesquisa em relação aos anos anteriores. Considerando as condições sanitárias em vigor, ferramentas digitais serão utilizadas no treinamento da equipe de campo, reduzindo assim a necessidade de deslocamentos presenciais para a realização da pesquisa.
O 5º levantamento do Ministério da Saúde ocorre em parceria com universidades federais, e apoio de secretarias estaduais e municipais de saúde, instituições representativas de odontologia, além de institutos de pesquisa em saúde pública. Responsável por subsidiar a Política Nacional de Saúde Bucal, esse mapeamento não apenas reforça o trabalho junto às Equipes de Saúde Bucal (ESB), dentro do Programa Saúde da Família, como a criação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
Atendimento gratuito – Todo brasileiro tem direito ao tratamento odontológico gratuito pelo SUS. Por meio do projeto Brasil Sorridente, criado em 2004, são oferecidos atendimentos relacionados a restaurações, aplicação de flúor, remoção de tártaro, tratamento de cáries, retirada dos sisos, prótese, biópsias, entre outros.
Os serviços são oferecidos nos postos de saúde, em centros de especialidade odontológicas localizados em diversos municípios e unidades odontológicas móveis.
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