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Endometriose: uma dor invisível, porém real

Curitiba – PR 28/12/2021 – A quantidade e intensidade de sintomas são bastante variáveis entre as pacientes

A endometriose é definida como a presença de focos de endométrio em locais diferentes da cavidade uterina

A endometriose é uma doença inflamatória crônica provocada por células do endométrio, tecido interno do útero. Uma das teorias mais importantes sobre a doença sugere que essas células, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

A médica Daniele Pastore, ginecologista do Hospital VITA, explica que o endométrio é a camada que reveste internamente o útero, como se fosse o “recheio” uterino, sensível às alterações do ciclo menstrual, e é onde o óvulo depois de fertilizado se implanta. Se não houver fecundação, parte do endométrio é eliminada durante a menstruação e o que sobra volta a crescer. O processo todo se repete a cada ciclo. O endométrio responde aos hormônios produzidos pelo ovário de duas maneiras: primeiro aumentando a espessura e, posteriormente, se desprendendo do útero na forma de menstruação.

“A endometriose é definida como a presença de focos de endométrio em locais diferentes da cavidade uterina, mais comumente encontrados na cavidade abdominal – bexiga, intestino, trompas, ligamentos e ovários. Além disso, pode se apresentar também como cistos nos ovários, chamados endometriomas”, destaca a ginecologista. O problema costuma regredir espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios femininos.

Segundo a médica, cerca de 200 milhões de mulheres sofrem de endometriose ao redor do mundo. “Apesar de ser um número expressivo, calcula-se que uma mulher com endometriose leve em torno de sete anos para receber o diagnóstico, muitas vezes com idas frequentes à emergência, diversas tentativas de uso de medicação, inúmeras faltas ao trabalho e muitos julgamentos. A dor é invisível, porém real”, alerta.

Sintomas

De acordo com a Dra. Daniele, os principais sintomas que levam a mulher a procurar o ginecologista são dor no período menstrual e dificuldade para engravidar – a inflamação local da endometriose dificulta a implantação (fixação) do embrião no útero. A médica conta que pode causar também mudanças na arquitetura da pelve (como aderências nas trompas) que dificultam ou mesmo impedem a gestação. “A quantidade e intensidade de sintomas são bastante variáveis entre as pacientes. Os sintomas ocorrem porque os pedaços de endométrio, mesmo fora de seu local habitual, continuam respondendo aos estímulos dos hormônios produzidos pelos ovários causando uma reação inflamatória local e sangramento”, destaca a especialista.

A Dra. Daniele alerta que é preciso atentar para os seguintes sintomas:

– Dismenorreia: dor durante o período menstrual;
– Dispareunia: dor durante a relação sexual, especialmente na penetração profunda;
– Dor pélvica crônica: dor na pelve com duração maior que seis meses;
– Disquezia: dor para evacuar, principalmente no período menstrual;
– Disúria: dor para urinar no período menstrual;
– Dificuldade para engravidar.

Diagnóstico

A Dra. Daniele conta que o início do diagnóstico se dá a partir dos sintomas relatados durante a consulta e de exames de imagem como ecografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética da pelve. No entanto, nem sempre são precisos, porque se os focos de endometriose forem muito pequenos eles podem não ser identificados.

O diagnóstico definitivo é feito pela cirurgia de videolaparoscopia – que consiste basicamente na introdução de microcâmera na cavidade abdominal para visualização direta da pelve. Segundo a ginecologista, a vantagem deste procedimento é que ele serve tanto para confirmar o diagnóstico sugerido nos exames de imagem, quanto para o tratamento, porque possibilita remover os focos de endometriose encontrados.

Tratamento

A terapia é individual, depende da gravidade dos sintomas e se há o desejo imediato da paciente engravidar. Alguns casos podem ser tratados de forma conservadora, apenas com medicamentos, uma dieta anti-inflamatória e atividade física regular, porém outros necessitam de procedimento cirúrgico de videolaparoscopia. A forma de tratamento é definida após a realização de exame clínico detalhado, exames de imagem e de acordo com cada caso

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