16/12/2021 – O turismo náutico carrega uma identidade de exclusividade e oportunidade seleta o que o classifica como opção de turismo de luxo
Segundo pesquisa, em julho, hotéis urbanos de luxo atingiram 74% de ocupação e acomodações em praias registraram 90% da capacidade; empresário catarinense comenta participação do setor náutico no segmento
A retomada do turismo no Brasil com a atenuação da pandemia de Covid-19, embora não tenha feito com que o setor atingisse os índices do período anterior a atual crise sanitária no país, já dá mostras de que, com o avanço da vacinação contra o coronavírus Sars-Cov-2, possa voltar a ser uma força motriz de crescimento da economia do país principalmente em Santa Catarina. De acordo com levantamento recente realizado pelo Conselho de Turismo (CT) da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o turismo brasileiro deve terminar o ano com faturamento de R$ 130 bilhões – um crescimento de 16% em relação a 2020, mas 22% menor que 2019. Já o IBGE divulgou que, em julho deste ano, o estado de Santa Catarina obteve um crescimento de 9,4% em relação ao mês anterior no setor do turismo, ficando em segundo melhor resultado do país.
Para a Fecomercio SP, os outros segmentos que registraram os resultados mais expressivos foram os de transporte aéreo (alta anual de 83,9%) e serviços de alojamento e alimentação (crescimento de 61,9%). A retomada do setor, contudo, passa pelo aquecimento de setores mais específicos do segmento, como o turismo de luxo, que se mostra aquecido globalmente desde 2020, fato que pode ser verificado por uma pesquisa realizada pela ILTM (International Luxury Travel Market – Mercado Internacional de Viagens de Luxo, em tradução livre), indicando que 62% dos clientes de agentes e consultores de viagens entrevistados estão gastando hoje com turismo muito mais do que gastavam antes da pandemia.
Em âmbito nacional, indicativos da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association – Associação Brasileira de Viagem de Luxo, em português) dão conta que este aquecimento já foi verificado no último inverno: em julho, hotéis urbanos atingiram 74% de ocupação e acomodações em praias registraram 90% da capacidade. A previsão da associação é que esta movimentação seja ainda mais expressiva no próximo verão, época em que o turismo náutico historicamente ajuda a alavancar viagens e passeios de turismo de luxo.
Setor náutico como impulsionador do turismo de luxo
Para Vinicius Guedes, CEO da Safety Yachts, empresa do segmento de aluguel de lanchas em Balneário Camboriú, “o turismo náutico e, mais especificamente, o aluguel de lanchas carrega uma identidade de exclusividade e oportunidade seleta o que o classifica como opção de turismo de luxo, levando em consideração, também, a precificação do serviço”.
O empresário ressalta que, durante o período mais crítico da atual pandemia, quando ainda não havia vacinas contra a Covid-19 e o distanciamento social era uma das principais recomendações das autoridades sanitárias para que fosse reduzida a propagação do novo coronavírus, o aluguel de lanchas foi uma opção de turismo para aqueles que buscavam opções de lazer sem aglomerações. E com a proximidade do primeiro verão com uma grande parcela da população já vacinada (mais de 64% dos brasileiros já estão totalmente imunizados), a expectativa é de que estes serviços sigam em alta.
“Com as restrições de convívio social, o quesito ‘exclusividade’ inflamou em todos os aspectos de mercado”, diz Guedes. “A ‘exclusividade’ é uma característica forte do público elitizado e isso influenciou diretamente em um nicho específico do turismo: o turismo de luxo”.
Em julho deste ano, o Ministério do Turismo publicou um estudo detalhando o segmento do turismo náutico no Brasil e apontou a existência de 80 destinos associados a passeios, entre eles o Balneário de Camboriú. De acordo com a publicação, além de Santa Catarina, os principais estados do país que abrigam pontos de turismo náutico são Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Fazendo um recorte mais específico sobre o mercado de barcos e outras embarcações náuticas, houve um crescimento em 2020, segundo a Acobar (Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos), da ordem de 20%.
“Devido ao longo período pandêmico, foram criados novos horizontes e novos hábitos que irão dar continuidade em tempos pós-pandemia”, afirma Guedes. “A opção de lazer de aluguel de lanchas, assim, é a prova de um novo hábito de turismo, principalmente na região do litoral catarinense”.
Para o verão que se aproxima, a expectativa “é muito boa”, de acordo com o empresário. “Há uma demanda reprimida causada pelas restrições do período pandêmico e isso, com certeza, elevará a procura pelo nosso serviço”, afirma. “Vale considerar que tudo isso está atrelado ao desejo do público em retomar as atividades turísticas”, conclui.
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