Goiânia 11/2/2022 – “Esses insumos têm menor valor agregado se comparados aos insumos químicos, que são importados e cotados em relação ao dólar”,
A estiagem no sul do país tem causado perdas na produção de grãos. Especialistas afirmam que tecnologias no campo já possibilitam a resistência das culturas ao estresse hídrico
O início do ano tem sido de incertezas para o produtor rural. Algumas regiões do Brasil estão sofrendo com a escassez de chuva e as altas temperaturas, além disso, a cadeia produtiva enfrenta problemas com a alta dos fertilizantes químicos. Inclusive, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um novo levantamento nesta quinta-feira (10) que aponta uma redução na safra de soja deste ano.
Segundo os dados, com 16,8% das lavouras já colhidas no Brasil, a soja deverá registrar uma produção de 125,47 milhões de toneladas, uma queda de cerca de 9% quando comparada com a safra passada. O plantio da oleaginosa ocorreu dentro da janela ideal na maioria das regiões produtoras, o que gerou expectativas positivas. Porém, a partir de novembro, o cenário mudou devido às condições climáticas adversas ocorridas.
Segundo o mestre em agronomia da Tratto Agro, Saulo Brockes, toda a Região Sul do país e parte do Mato Grosso do Sul sofreram restrição hídrica severa em novembro e dezembro. “Levantamentos feitos nas regiões estimam mais perda de 40% na cultura da soja. Muitos produtores deixaram de colher, pois os custos não compensariam a operação e aquelas que colheram estão com a produtividade menor que a média nacional que é de 60 sacas por hectare”.
O mestre em agronomia pontua que a produção de milho na safra também foi afetada com a situação climática. “Esses problemas ambientais impactam diretamente o produtor rural, e pode até gerar uma escassez dessas commodities. A consequência é a alta do preço da casa e, seguindo o efeito cadeia, poderemos observar um incremento nos preço dos alimentos para o consumidor final”, analisa Saulo.
Outras regiões que já estão em processo de colheita como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Tocantins, tendem a se beneficiar com a quebra do sul, pois o preço está aquecido. “Lembrando que o problema não é regional, mas sim nacional, reduzindo as exportações e poder de câmbio por outros insumos”, destaca o especialista.
Tecnologias que são aliadas do produtor
Atualmente, o produtor rural já utiliza inúmeras tecnologias que facilitam o trabalho no campo e possibilitam passar por esses momentos de incerteza com menos preocupação. Fernando de Souza, que é agrônomo e consultor rural em Goiás e Mato Grosso, conta que aqueles produtores rurais que fizeram o manejo planejado e já utilizam tecnologias nacionais, com custos reduzidos, sentiram menos os impactos da estiagem. ”Acompanho inúmeros produtores e posso falar com tranquilidade, o prejuízo não foi tão grave quanto os que plantam de maneira convencional”, diz.
Fernando explica que esses produtores, que sentiram menos os impactos da estiagem e da alta dos fertilizantes, usaram insumos nacionais aliados às práticas da rochagem, inoculação de microorganismos na lavoura, controle biológico, entre outros.
“Esses insumos têm menor valor agregado se comparados aos insumos químicos, que são importados e cotados em relação ao dólar”, pontua. O consultor explica que esses fertilizantes podem ser substituídos por remineralizadores – como fonte de potássio -, pelas rochas fosfatadas – como fonte de fósforo – e a inoculação de alguns microorganismos, que possibilitam às plantas se manterem hidratadas por mais tempo.
Além das rochagens, voltadas para nutrição principal das culturas, o benefício secundário que essas tecnologias oferecem é fantástico. “A maioria das rochas são silicáticas e o silício pode ser um trunfo na agricultura, fazendo com que a planta fique mais vigorosa, resistente e que transpire menos, fazendo com que a água seja mais bem aproveitada”, explica Fernando. Ele diz ainda que o silício também auxilia a planta no controle cultural de pragas e doenças na lavoura, possibilitando a redução do uso de defensivos.
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