Belo Horizonte – MG 11/1/2022 –
A utilização da telemedicina se estabiliza com um crescimento de quase 400% após o pico de utilização decorrente diretamente do início da pandemia e do isolamento social.
Depois de um exponencial aumento de 780% em apenas 3 meses, a tendência de utilização do serviço de telemedicina se estabiliza, segundo estudo da consultoria McKinsey. Segundo os usuários entrevistados pela consultoria, a telemedicina gerou não só segurança, mas também conforto. E a tendência de crescimento, mesmo depois da pandemia, é uma prática que veio para ficar, como afirma o professor Scott Feyersen, da Florida Atlantic University, especializado em Organização Estratégica de Serviços de Saúde e um dos grandes analistas de tendências na área: “Acho que vai ser muito difícil recuar, porque uma vez que o gênio sai da garrafa, por assim dizer, ele só vai crescer”.
Crescimento geográfico
Um exemplo é o que aconteceu na West Virginia University. O programa médico da universidade atendia a população ao redor, e já contava, antes da pandemia, com um programa de telemedicina para atender alguns pacientes, que em média era de apenas 25 por ano.
O teleatendimento para saúde deu um salto exponencial durante a pandemia e hoje atende em média 50.000 pacientes por mês. Muitos pacientes passaram a acessar o serviço por segurança, mas, ao mesmo tempo, muitas pessoas de cidades mais distantes da universidade passaram a utilizar o serviço, sendo que 37% da população do estado vive em áreas rurais, e as pessoas viajavam de 3 a 4 horas para uma consulta.
O panorama no Brasil
Antes da pandemia, profissionais médicos alegavam que não tinham interesse em atuar em áreas distantes do país por diversas razões: distanciamento de familiares; encolhimento das opções de trabalho (uma vez que muitos médicos prestam seus serviços em dois ou mais lugares, alternando entre plantões hospitalares, clínicas ou consultórios particulares); além do distanciamento dos centros de reciclagem ou formação.
Depois do surgimento da pandemia, novos fatores aumentaram essas dificuldades, trazendo risco de vida para estes profissionais, em qualquer lugar que atuassem.
“Das perto de 5.500 cidades brasileiras, em torno de 2.100 não têm médicos. Os médicos especialistas estão quase que 80% localizados nas regiões Sul e Sudeste. Com a saúde virtual, podemos chegar às regiões remotas e prestar assistência aos pacientes a qualquer momento do dia”, afirma o CEO da Brasil Telemedicina, Dr. Carlos Camargo.
Uma solução potencial para o Brasil
A Norte Energia, empresa privada, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, tem um projeto em andamento que visa atender às populações indígenas nas Unidades Básicas de Saúde na região de Altamira através de telemedicina.
São computadores, câmeras de videoconferência para consultas médicas, aparelhos de saúde para aferição de sinais vitais, glicemia e saturação. E tudo isso será realizado através da internet.
“Esta iniciativa da Norte Energia contribuirá para a diminuição do tempo de espera dos pacientes e dará mais condições para que os profissionais de saúde indígena exerçam seu trabalho”, destaca a gerente responsável pelas ações socioambientais da Norte Energia junto aos povos indígenas, Nina Fassarella.
A conexão não é uma ponta solta
Os satélites geoestacionários dependem somente de uma antena bem posicionada para transmitir e receber o sinal de internet e fornecer a conexão necessária. São mais confiáveis e menos suscetíveis a intempéries, sendo uma alternativa para fazer com que o sinal de Internet possa chegar a cada UBS afastada dos grandes centros no Brasil.
Ramesh Ramaswamy, vice-presidente executivo de uma empresa multinacional que atende mais de 400.000 clientes, no Brasil e em outros países da América Latina, diz: “Estamos muito otimistas em relação à América Latina… possuímos satélites, fornecemos a infraestrutura do segmento terrestre e operamos oferecendo um mix de serviços, como banda larga para consumidores e banda larga empresarial. Temos capacidade técnica e de equipamento para aumentar em muito a oferta”.
No Brasil, existem 40,7 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) em funcionamento em todos os estados. O projeto de modernização das Unidades no Brasil, através de privatização de parte dos serviços, está em andamento ha dois anos.
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