14/2/2022 – Os agentes de segurança pública precisam evoluir para conseguirem superar as barreiras de segurança presentes nestes aparelhos
Forense digital tem se expandido conforme tecnologia evolui e legislações sobre o uso de dados são criadas. Para especialista, o desafio dos peritos é vencer as barreiras de segurança dos aparelhos
Criminosos costumam deixar rastros. Na era da tecnologia digital, é cada vez mais comum que as pegadas existentes estejam criptografadas e bloqueadas por senhas dentro dos computadores e celulares apreendidos pela polícia. Diante deste cenário, órgãos de segurança pública têm procurado capacitar seus agentes em técnicas que permitem extrair informações dos aparelhos digitais que se apresentam nas condições mais desafiadoras e inesperadas.
Essa especialidade, chamada forense digital, tem se expandido conforme a tecnologia evolui e as legislações sobre o uso de dados são criadas pelos países. O objetivo do perito criminal que utiliza a técnica é coletar dados digitais que possam ajudar a esclarecer crimes e servir como prova nos tribunais.
No Brasil, a forense digital é empregada pela polícia de Estados como Paraná, Ceará, São Paulo e Rio Grande do Norte. O Ministério Público do Mato Grosso e de Minas Gerais também possuem equipes especializadas. Na investigação sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio de Janeiro, foi um avançado aparelho de perícia digital desenvolvido em Israel que permitiu encontrar mensagens trocadas entre a mãe e a babá da criança que podem incriminar o vereador Jairinho, mas nem sempre equipamentos especializados como o Cellebrite, conseguem realizar a coleta de dados em determinados modelos de celulares.
De acordo com Renan Cavalheiro, Diretor da Academia de Forense Digital, o grande desafio dos peritos é vencer as barreiras tecnológicas dos aparelhos. “Os sistemas de seguranças dos smartphones vêm se desenvolvendo cada vez mais. A privacidade está em primeiro lugar, é muito importante para o cidadão. Porém, quem atua combatendo o crime sofre com toda a segurança e controle existente nos aparelhos”, afirma.
Quando não possuem treinamento especializado, o máximo que policiais e investigadores conseguem fazer é acessar informações de celulares desbloqueados, que não contam com criptografia e que são comuns no mercado. Esses casos, contudo, têm se tornado a exceção.
Os sistemas operacionais do Android e do iPhone utilizam mecanismos de criptografia e de armazenamento de senhas que, em sua origem, serviam para proteger informações confidenciais de grandes empresas e governos. Muitas vezes, nem mesmo as desenvolvedoras conseguem acessar senhas e dados de um usuário em casos de investigação de crimes.
“É uma eterna briga de gato e rato”, diz Cavalheiro. Os agentes de segurança pública precisam evoluir para conseguirem superar as barreiras de segurança presentes nestes aparelhos, para conseguirem analisar e evidenciar todos os delitos que ali possam estar presentes. E com o avanço da tecnologia, para o perito forense, o que hoje funciona amanhã pode não funcionar mais.
Para driblar barreiras de segurança, é necessário o uso de softwares que explorem todas as vulnerabilidades possíveis do sistema operacional do celular em busca de brechas que permitam a invasão do aparelho e o acesso aos dados.
“Em casos mais complicados de extração de informações, é necessário utilizar técnicas de microeletrônica”, explica Cavalheiro. Além do conhecimento técnico, a perícia requer o emprego de equipamentos de Extração de Dados Avançada, que permitem manusear peças muito pequenas do interior dos aparelhos.
“Técnicas de Chip-off, que consiste na remoção do chip de memória do celular para coleta de dados ou ISP, que consiste em micro soldagem em pontos específicos do aparelho para extração de dados, por exemplo, são muito eficientes para realizar a aquisição forense de celulares mesmo quando os equipamentos mais famosos não conseguem, podendo inclusive realizar a extração de dados de smartphones que foram danificados ou até parcialmente destruídos”, explica Leandro Morales, professor do curso de extração Avançada de Dados da Academia de Forense Digital.
Essa forma de encontrar rastros de crimes pode ser aplicada também aos casos em que aparelhos foram danificados pelos criminosos. “Agentes de segurança pública frequentemente se deparam com smartphones que estão em situações em que por vias normais não é possível realizar a coleta de informações, seja porque estão bloqueados por senha, porque foram parcialmente ou totalmente destruídos, para isso as novas técnicas de Extração Avançada de Dados podem auxiliar a resolver casos que, de outra maneira, estariam perdidos”, diz o especialista.
Dados de celular fornecem roteiro de crimes
“Um celular armazena nossa vida inteira, todos nossos dados bancários, informações de redes sociais e tudo o que podemos imaginar. O criminoso também armazena todas as informações dentro do seu aparelho celular, incluindo conversas com outros criminosos, fotos, vídeos, e tudo mais que podemos imaginar”, ressalta Cavalheiro.
Nas investigações, é comum que os peritos busquem o histórico de chamadas, as mensagens de texto trocadas e a localização do celular gravada pelo GPS do aparelho. Com esses dados, mais do que achar rastros e pegadas, muitas vezes é possível reconstituir o roteiro completo do crime.
Para saber mais, basta acessar o site: www.academiadeforensedigital.com.br
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