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Covid-19 não precisa afetar uso de método canguru em bebês prematuros, diz OMS

São Paulo, SP 17/1/2022 – O método aumenta o vínculo mãe-bebê, estimula a amamentação, aumenta a confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso, entre outros benefícios.

Assim como em todo o mundo, o Brasil vem registrando alta de casos de Covid-19, motivados pelo aparecimento da variante Ômicron. Apesar disso, a Organização Mundial de Saúde aconselha a manutenção da mãe próxima ao bebê prematuro, com o contato pele a pele, desde que reforçados os cuidados contra a infecção pela doença.

O aumento do número de casos de Covid-19 no Brasil e em todo o mundo, conforme notificado pela plataforma Our World Data, não deve afetar a aplicação do método canguru nas UTIs neonatais. A orientação é da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2020 e em 2021, a adoção do método, que consiste no contato pele a pele dos recém-nascidos com seus pais, mais comumente com as mães, foi prejudicada pela pandemia.  A Organização verificou que em muitos países a necessidade de distanciamento por suspeita de contaminação e a falta de recursos para garantir a segurança do contato dificultou a adoção do método canguru.

Na onda de contaminações que se observa no começo de 2021, considerando o aumento da vacinação, os casos letais são menores que os registrados em outras fases da pandemia, o que garante a continuidade dos protocolos adotados em UTIs neonatais e garantem a presença dos pais próximos ao recém-nascido. A OMS ressaltou que, em 2021, novas pesquisas mostraram a importância de não se separar a criança do contato pele a pele dos pais, especialmente dos nascidos com baixo peso e/ou prematuros. Segundo os estudos, o método canguru demonstrou reduzir a mortalidade infantil em até 40%, a hipotermia em mais de 70% e as infecções graves em até 65%.

“O método, criado na Colômbia, aumenta o vínculo mãe-bebê, estimula a amamentação, aumenta a confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso, favorece um melhor controle térmico, proporciona um relacionamento melhor da família com a equipe de saúde, além de diminuir a permanência hospitalar”, reforça a médica pediatra Brenda Silva Tavares.

Além da necessidade de distanciamento dos pais, pelo risco de contaminação, a falta de leitos nos hospitais, reservados para tratamento na adoção do método. dos pacientes de Covid-19, impediu a acomodação ao menos um dos pais próximos aos bebês, sem falar na necessidade de remanejamento de recursos para o combate à doença.

“Algumas adaptações já foram feitas como o uso de máscara e higienização das mãos antes de cada mamada, cursos de orientação, além de remanejamento dos leitos para respeitar o distanciamento social, porém muito ainda há que ser feito para que não retrocedamos em cuidados já comprovadamente eficazes”, reforça Tavares.

Na recomendação da OMS, as mães devem continuar dividindo o quarto com seus bebês desde o nascimento e devem ser capazes de amamentar e ter o contato pele a pele, mesmo quando houver suspeita de infecção pelo vírus da Covid-19. Segundo a Organização, as mães e pais devem receber apoio para garantir práticas adequadas de prevenção da contaminação pela doença.

Número de bebês que nascem prematuramente chega a 15 milhões por ano

Estimativas da OMS dão conta de que todos os anos, pelo menos 15 milhões de bebês nascem antes da hora e pelo menos 21 milhões nascem com peso abaixo de 2,5 kg. A preocupação com a separação dos bebês do contato com os pais, de forma mais particular, com as mães, resultou na campanha “Separação Zero: Aja agora!”, que foi tema global do Dia Mundial da Prematuridade em 2021, comemorado no dia 17 de novembro.

O penúltimo mês do ano é conhecido como Novembro Roxo, para sensibilizar sobre a prematuridade. Segundo informações da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros (Prematuridade), a campanha foi criada em todo o mundo para alertar sobre o crescente número de partos prematuros, compartilhando informações sobre como preveni-los e sobre as consequências do nascimento antecipado do bebê.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, 340 mil bebês nascem prematuros todo ano. O número equivale a 931 por dia ou a seis prematuros a cada 10 minutos. Mais de 12% dos nascimentos no país acontecem antes da gestação completar 37 semanas, o dobro do índice de países europeus.

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