Brasília/DF 27/4/2022 – A música é essencial no processo educativo cultural e a experiência é bem impactante para os alunos, avalia Nelson Latif, coordenador do projeto
A proposta é colocar os alunos em contato com diferentes estilos musicais e com instrumentos representativos da cultura brasileira
Nesta sexta-feira (29), o Coletivo Educação pela Arte visita o Centro de Ensino Médio 03, Taguatinga Sul, das 10h às 12h. A atividade encerra a Temporada 2022 do Alma Brasileira, em escolas da rede pública de Brasília (DF). Ao todo, músicos e educadores completam o itinerário em cinco escolas públicas da cidade, oferecendo educação e cultura a cerca de 2 mil estudantes, na faixa de 12 a 16 anos. No encontro, estão programadas atividades como palestras, concertos e oficinas de percussão.
Nesta edição, o projeto conta com os músicos Nelson Latif, Marcelo Lima, Ismael Rattis e Sandro Alves. O grupo apresenta obras do cancioneiro popular aos estudantes – mesclando compositores que são ícones da MPB, bem como estilos variados e principais instrumentos utilizados. Juntos, eles propõem uma viagem à história da cultura brasileira: do Choro, Samba, Frevo, Maculelê ao Funk e a outros estilos que são apresentados nas oficinas de percussão.
O objetivo central dos artistas é gerar um entendimento mais amplo sobre a cultura brasileira e a miscigenação étnica, presentes nas raízes da MPB. Além dos novos conhecimentos, a experiência tem um caráter lúdico. Com o projeto, muitos dos estudantes têm a oportunidade de assistir a uma apresentação musical pela primeira vez, o que, na opinião dos músicos envolvidos, estimula a sensibilização do grupo. “A música é essencial no processo educativo cultural e a experiência é bem impactante para os alunos”, avalia Nelson Latif, músico idealizador do Alma Brasileira.
O músico Marcelo Lima explica que o projeto faz uma retrospectiva histórica e cronológica da MPB, chegando até ao contexto atual. Para ele, quando os alunos atravessam essa trajetória musical passam a conhecer o universo da música e a sua própria identidade cultural. “É um trabalho de manutenção e resgate das nossas raízes culturais, de forma a integrar as novas gerações às diferentes épocas e estilos da nossa música”, contextualiza.
“Levamos uma proposta multidisciplinar e é possível envolver professores de todas as áreas”, revela o músico Ismael Rattis, outro integrante do projeto. Ele destaca outra importante função do projeto: a responsabilidade social – já que lida com estudantes com pouco acesso à cultura, pois a maioria vive em regiões consideradas periféricas.
O percussionista Sandro Alves reforça que nestes encontros, em função do contato direto com instrumentos, as crianças e adolescentes afinam sua percepção diante da arte. “Alguns demonstram mais interesse pelo fazer musical nas oficinas realizadas”, diz. Com isso, o Alma Brasileira é também um detector de novos talentos.
“Um projeto como o Alma Brasileira é uma grande oportunidade para os estudantes aprenderem de forma prazerosa, envolvente e marcante”, avalia a professora Jordana Eid, coordenadora do Curso Técnico em Eventos integrado ao Ensino Médio do IFB, primeira escola a receber essa experiência musical neste ano, no dia 8 de abril. “Foi possível perceber o quanto eles se interessaram, se envolveram e se engajaram com a proposta. Quando os estudantes souberam que iriam tocar junto com os músicos ficaram radiantes”, ressalta.
Entusiasmo e alegria também foi o clima que tomou conta do Centro de Ensino Especial 01 de Samambaia, no dia 12. Assim definiu a professora de Educação Física, Tânia Cristina Cardoso Ribeiro, que acompanhou o grupo de alunos. “Foi um momento de verdadeira inclusão dessa arte tão valiosa que é a nossa música brasileira – para todos nós que participamos”, expressa.
Sueny Schetino Takaki, professora da Oficina de Teclado da Escola Parque Anísio Teixeira, unidade visitada no dia 13, diz que a atividade funciona como um complemento do ensino regular. “É uma vivência que, só com as aulas, dentro de uma sala, a gente não consegue passar. É muito importante o nosso aluno ter contato com profissionais que vivem da música. Na Ceilândia temos o acesso restrito à arte e à cultura. E, quando trazemos para a escola uma manifestação artística, um show ou uma oficina, percebemos um despertar do aluno para as artes”, finaliza.
No dia 20 de abril, o projeto musical também passou pela Escola Classe 01, de Paranoá e além das atividades programadas no período da manhã, apresentou um concerto instrumental no local para estudantes e professores, das 13h às 14h.
Três décadas em atividade
O projeto Alma Brasileira existe desde 2005 e já foi realizado em mais de 30 países, entre eles, Egito, Síria, Líbano, Bélgica, Holanda, Irlanda, Suécia, Hungria, Azerbaijão, Jordânia, França, Moçambique, Nova Zelândia, Guatemala, entre outros, além de diversas cidades brasileiras – passando por universidades, escolas, conservatórios musicais e CEBs (Centros de Estudos Brasileiros no Exterior). Em Brasília, a primeira experiência aconteceu em 2018.
Segundo o coordenador, Nelson Latif, o projeto vem ao encontro do pensamento de artistas e gestores da área da educação sobre a necessidade dos estímulos artísticos a crianças e jovens, já que são fundamentais para seu desenvolvimento cognitivo, motor e humanístico.
O músico sinaliza que o repertório das apresentações reúne um universo bem variado de estilos, ritmos e sonoridades. “Nossa ida às escolas visa transformar a realidade destes jovens através da vivência musical, já que atualmente, tanto nas escolas quanto nos espaços públicos, a exposição de diferentes formas de arte é escassa em todo território nacional”, explica.
O projeto conta com fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), GDF e da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. A produção é do Coletivo Educação pela Arte, com o apoio da Fakhouri Produções Artísticas, SubFX Arte e Tecnologia, Batucada Organizada e Gota Produções.
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