23/3/2022 – O grande impacto na questão da mobilidade urbana trazido pelo metrô reflete-se na maior comodidade ao morador, agregando valor ao imóvel
Obras visam a expansão de linhas e inauguração de novos pontos; empresário do ramo imobiliário fala sobre a valorização de imóveis situados próximos a estações de metrô
Trazendo como principal projeto a expansão da Linha 2-Verde, entre os bairros da Vila Prudente e da Penha, o Metrô de São Paulo deve receber um investimento total de R$ 3,5 bilhões neste ano de 2022. De acordo com as estimativas realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo, a obra na Zona Leste da capital paulista deve receber um aporte de R$ 1,27 bilhão neste ano, praticamente o dobro (aumento de 103%) do que foi gasto em 2021.
A melhoria na mobilidade urbana, de acordo com especialistas, impacta na valorização de imóveis situados nas cercanias de onde as linhas e estações de metrô se instalam. De acordo com pesquisa realizada em 2017 pela Geoimovel Grupo Zap, empresa de informações estratégicas do setor imobiliário, propriedades que ficam a menos de um quilômetro de uma estação de metrô podem valer, em média, 16% a mais do que imóveis não situados nestas localidades.
Segundo o estudo, o valor médio do metro quadrado de imóveis próximos a estações de metrô em São Paulo é de R$ 10.130, ao passo que, fora do raio de um quilômetro, o preço cai para R$ 8.557.
Outro indicativo da valorização de casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais próximos a estações de metrô (e trem) se dá por meio de uma outra pesquisa do Grupo Zap, realizada em 2018. Nela, constatou-se que, no raio de um quilômetro de dez estações de metrô e trem recém-inauguradas, havia 23 mil ofertas de imóveis disponíveis para compra e locação, sendo os entornos das linhas 5-Lilás e 4-Amarela os mais valorizados.
Willian Gonzales Sorensen, engenheiro civil, sócio-administrador e CEO da SWA Realty, empresa de empreendimentos residenciais de médio que atua no bairro de Vila Matilde, na Zona Leste de São Paulo, afirma que, de fato, a proximidade de imóveis à Estação Vila Matilde, da linha 3-Vermelha, é um atrativo a mais para os compradores.
O empresário afirma que ainda é necessário finalizar algumas pesquisas para ser possível mensurar quanto o metrô valorizou o bairro, visto que se trata de uma estação não tão recente, inaugurada em 1988. Para ele, porém, é certo que “o grande impacto na questão da mobilidade urbana” trazido pelo metrô reflete-se “na maior comodidade ao morador”, agregando valor aos imóveis situados nas proximidades das estações.
Um levantamento realizado pela empresa QuintoAndar mostrou que a procura por imóveis situados próximos a estações de metrô ou trem em São Paulo cresceu 13% em outubro de 2021 na comparação com junho de 2021, mês que marcou o mais baixo patamar da série histórica, reforçando a impressão do empresário do setor imobiliário.
Ademais, levando em consideração o fato de que o centro de São Paulo concentra 64% dos empregos e apenas 17% de residentes, de acordo com levantamento realizado pela urbanista Alejandra Maria Devecchi, gerente de planejamento urbano da empresa dinamarquesa Ramboll, torna-se premente o melhor acesso de trabalhadores a modais – como o metrô – que façam, de maneira assertiva, esta conexão entre os bairros mais afastados da região central deste espaço da cidade com maiores oportunidades de trabalho.
A economia de tempo entre no deslocamento de trabalhadores também retarda o aquecimento da economia brasileira. Um estudo divulgado em 2019 pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), realizado com base nos dados da PNAD/IBGE, mostrou que cerca de R$ 111 bilhões deixam de ser movimentados pela economia do país por ano por conta do excessivo tempo gasto em deslocamentos por trabalhadores nas 37 áreas metropolitanas do país.
De acordo com Sorensen, além da questão da sustentabilidade relacionada ao uso de modais transportes coletivos, a priorização do uso do metrô para a locomoção na cidade, “pode trazer mais qualidade de vida, haja visto que é possível acessar diversos pontos turísticos da cidade com este meio de locomoção”.
Segundo o Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo), a rede metroviária da capital paulista é composta por 6 linhas, totalizando 104,4 km de extensão e 91 estações, por onde passam, todos os dias, mais de 5 milhões de passageiros.
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