23/2/2022 – Surgiu uma lacuna enorme de mão de obra capacitada e especializada para atender a esse público – tendência que deve se manter em 2022
O volume de lançamentos de empreendimentos e de vendas cresceu no RJ; engenheiro civil comenta panorama e principais tendências e buscas por reformas de alto padrão
No Rio de Janeiro (RJ), o mercado imobiliário de alto padrão cresceu em plena pandemia de Covid-19. É o que mostram os dados da Ademi (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário) e do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil): segundo o balanço, o volume de lançamentos de empreendimentos do gênero registrou uma alta em torno de 34% a 35% na capital fluminense em 2021, em relação a igual período de 2020.
O levantamento também mostra que o volume de vendas registrou uma alta ainda mais expressiva, com um aumento de 72%, em comparação ao ano anterior. De forma síncrona, a demanda por apartamentos de luxo, acima de 2 milhões, subiu 10% no último ano, conforme estudo realizado pelo DataZap+.
Raphael Bispo, engenheiro civil e CEO da Refor Engenharia – empresa que atua com construção, reformas e projetos -, avalia de forma positiva o aquecimento do mercado imobiliário de alto padrão no Rio de Janeiro em 2021.
“Os números demonstram como o mercado imobiliário do Rio, cidade com um dos metros quadrados mais caros do Brasil, soube se recuperar bem diante das incertezas da pandemia, com a chegada de grandes lançamentos e aumento nas vendas”, afirma.
Na visão de Bispo, a pandemia trouxe à tona uma ”dança de cadeiras” no setor imobiliário, com famílias perdendo renda e precisando baixar o padrão, ao passo em que outras [famílias] subiram de patamar, o que elevou a busca por imóveis de alto padrão.
Busca por reformas cresceu durante a pandemia
Para o empresário, outro ponto importante para o segmento no período foi a normatização do home-office, que fez com que muitas pessoas precisassem de um cantinho para trabalho, ou tirassem do papel os planos para a tão sonhada reforma, para adaptação à nova realidade. “Com isso, surgiu uma lacuna enorme de mão de obra capacitada e especializada para atender a esse público – tendência que deve se manter em 2022”.
No que depender de reformas ou adequações para o trabalho remoto, o setor deve permanecer aquecido: 30% das empresas brasileiras devem manter o trabalho à distância, mesmo após a pandemia, conforme estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas). De forma similar, 70% dos profissionais preferem continuar trabalhando de casa no pós-pandemia, segundo Pesquisa da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo) em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração).
De acordo com o engenheiro civil, é possível mensurar o impacto das reformas de imóveis de alto padrão dentro deste aquecimento. “A forma de mensurar isso é analisando a procura pelo serviço. Na Refor Engenharia, tivemos um aumento de 300% na demanda gerando, inclusive, uma fila de espera. Em 2021, tivemos que encerrar nossa agenda quase no início do segundo semestre, devido a grande busca”, exemplifica.
De fato, o setor de casa e construção – que engloba lojas de material de construção, móveis e artigos de decoração, entre outros – alcançou a maior alta no setor de franquias. Segundo levantamento da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a receita do segmento avançou 19,6% entre abril de 2020 a março de 2021 em relação a 2019-2020.
Entre os tipos de reformas mais comuns realizadas em imóveis de alto padrão, Bispo conta que as categorias mais procuradas são reforma total de áreas molhadas, como banheiro e cozinha, reformas de espaços de lazer e descanso e reforma de escritório residencial.
Na análise do engenheiro civil e CEO da Refor Engenharia, com o advento das medidas de quarentena e isolamento social decorrentes da crise sanitária, os brasileiros ressignificaram o lar – que, por vezes, se limitava a um local de dormitório, mas teve de incorporar espaços de lazer e trabalho.
“Com a pandemia, aprendemos a dar ainda mais valor às nossas casas, motivo pelo qual os investimentos nos imóveis devem não apenas se manter, mas prosseguir em uma crescente em 2022, alinhados com o novo comportamento do consumidor brasileiro, neste chamado ‘novo normal’”, conclui.
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