Belo Horizonte – MG 2/5/2022 – Até 2026, o mercado global de agricultura digital deve crescer 183%, atingindo um valor de US$ 8,33 bilhões (ou R$ 46,6 bilhões)
Meios, como a Internet das Coisas, está possibilitando uma indústria de agricultura mais eficiente através da conectividade no campo e geração de dados
A abordagem da indústria alimentícia está passando por uma transformação fundamental. E isso tem muito a ver com a utilização de recursos tecnológicos no setor. Com essa ferramenta, o segmento vem tendo números crescentes ao longo dos anos. E, segundo dados, esse crescimento será inevitável. De acordo com a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), 67% das propriedades agrícolas do Brasil já se utilizam de recursos tecnológicos em suas culturas, ajudando a aumentar a produtividade e diminuir custos.
Esse aumento na produtividade é fundamental para atender toda uma população. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), em 2019, a população mundial chegará a 9,7 bilhões até 2050, fazendo com que assim, a produção agrícola global aumente sua produção nos próximos anos para suprir a demanda de alimentos.
Para atender tal demanda, agricultores e empresas agrícolas estão recorrendo à Internet das Coisas para melhorar suas análises e aumentar a capacidade de produção. Com essa ferramenta implementada, que permite conectar itens usados no dia a dia a uma rede de computadores, a indústria poderá agregar US$ 500 bilhões em valor adicional ao produto interno bruto global até 2030, de acordo com a pesquisa realizada pela consultoria McKinsey.
A professora de Ciências da Computação da Universidade de Brasília (UnB), Priscilla Barreto, enfatiza a ideia de otimização dos processos do nosso dia a dia, que vão de se programar para assistir um simples programa de TV à melhorar a produção agrícola. “Amplia-se enormemente a faixa de possíveis aplicações da computação em ambientes como indústria, agricultura, meio ambiente etc. Por exemplo: na agricultura e agropecuária, o uso da IoT pode propiciar eficiência na utilização de recursos como água, pesticida em plantação, e monitoramento de rebanhos; e na indústria, pode ajudar a otimizar cadeias de produção”, disse.
O especialista e CEO de uma empresa do ramo de IoT (sigla em inglês de Internet of Things), Bráulio Carvalho, essa tecnologia irá facilitar a vida de empresas dos mais diversos segmentos, simplificando tarefas do nosso cotidiano. “Estas tecnologias estão cada vez mais integradas ao nosso dia a dia, substituindo-nos em tarefas que são mais fáceis de serem resolvidas por inteligência artificial”.
Equipamentos como drones, tratores inteligentes e sensores agrícolas já são uma realidade na agricultura. Em pesquisa realizada pela Embrapa, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2020, foi constatado que 84% dos agricultores brasileiros utilizam ao menos um recurso tecnológico na produção agrícola. Até 2026, o mercado global de agricultura digital deve crescer 183%, atingindo um valor de US$ 8,33 bilhões (ou R$ 46,6 bilhões) e um crescimento de 15,9% ao ano neste período. O levantamento é da consultoria 360 Research & Reports.
Guilherme Belardo, engenheiro agrônomo e líder de desenvolvimento de negócio da Climate FieldView, empresas e produtores rurais entram na era digital cada vez mais. “As ferramentas digitais permitem otimizar a quantidade de produtos a serem aplicados em cada talhão, e ajudam a destinar a quantidade ideal de insumos para cada ponto da lavoura. Tecnologias agrícolas que maximizam a rentabilidade e tornam o negócio ainda mais sustentável”, disse.
Empresas que buscam desenvolver novas tendências tecnológicas necessárias para a agricultura nacional também estão em crescimento. No Brasil, o número de startups (empresas, em estágio inicial, voltadas à inovação) cresceu 40% de 2019 para 2021, num total de 1514 novas empresas desse ramo. “Aquele produtor que antes geria a sua fazenda no caderno, agora tem um software super sofisticado, barato e fácil de usar para ele poder tratar a fazenda como uma empresa de manufatura a céu aberto”, disse Francisco Jardim, fundador da SP Ventures, fundo especializado em tecnologia no agronegócio.
Todos esses avanços, entretanto, vão depender, além do alto investimento em tecnologia, da ação conjunta de governos e iniciativas privadas. Segundo o estudo Agricultura 4.0, feito em conjunto pelo World Government Summit e a consultoria Oliver Wyman, há quatro grandes obstáculos que dificultam o balanço global entre demanda de alimentos e produção agrícola: a explosão demográfica, o manejo de recursos naturais, a mudança climática e o desperdício de alimentos devido a falhas na cadeia logística.
No Brasil, já existe um decreto instituindo o Plano de Internet das Coisas, publicado em 25 de junho de 2019, com a “finalidade de implementar e desenvolver a Internet das Coisas no País e, com base na livre concorrência e na livre circulação de dados, observadas as diretrizes de segurança da informação e de proteção de dados pessoais”. O objetivo, dentre outros, é “melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover ganhos de eficiência nos serviços, por meio da implementação de soluções de IoT”.
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