10/3/2022 – A técnica de acupuntura provoca respostas neuroimunoendócrinas locais e à distância, proporcionando resposta orgânica fisiológica
Pesquisa aponta alta prevalência de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático após a infecção; para especialista, práticas como acupuntura podem somar ao tratamento
O Brasil já soma mais de 29,1 milhões de pessoas infectadas e 652 mil mortes em decorrência da pandemia de Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. E para aqueles que contraíram o coronavírus Sars-Cov-2, mas sobreviveram à enfermidade, um desafio a ser encarado foram as possíveis sequelas decorrentes da infecção.
Para uma grande parcela dos sobreviventes, foi detectada a prevalência de distúrbios como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático após a recuperação. É o que indica um trabalho desenvolvido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) com 425 pacientes que superaram os estágios moderados e graves da infecção por Covid-19 e apresentaram déficits cognitivos e transtornos psiquiátricos.
De acordo com o estudo, mais da metade (51,1%) dos participantes observou uma piora na memória após a infecção e 13,6% manifestaram transtorno de estresse pós-traumático. Segundo a sondagem, 15,5% dos infectados desenvolveram o transtorno de ansiedade generalizada. Destes, ao menos 8,14% declararam que o problema surgiu após a doença.
As avaliações, realizadas pelo HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo, entre seis e nove meses após a alta hospitalar, também revelaram que o diagnóstico de depressão foi assinado por 8% dos recuperados.
Para Jeferson Molina, responsável pela clínica Quantic Health, os resultados do estudo da USP demonstram que, mesmo passada a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, seus efeitos para a saúde física e mental ainda configuram um desafio a ser empreendido por profissionais de saúde e bem-estar, das mais variadas vertentes.
“É preciso que a equipe de saúde volte o olhar à emergência do cuidado como um todo, tanto aqueles prestados à saúde mental, como aqueles que podem ser desenvolvidos pelos demais profissionais da área, minimizando os impactos negativos da crise, promovendo informações e ações de autocuidado e prevenindo doenças”, afirma.
Acupuntura é opção para tratar distúrbios
O especialista destaca que os tratamentos alternativos podem servir para o cuidado de distúrbios como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. ”Os tratamentos alternativos visam a causa da doença, a normalização. Assim, a associação de integrar o alternativo e o tradicional tem excelentes resultados para os pacientes”.
Dentre os tratamentos alternativos, Molina explica que a acupuntura, especificamente, pode ser útil para ajudar a tratar uma série de transtornos psicológicos – como os advindos para grande parte das pessoas, diagnosticadas ou não, como efeito da crise sanitária.
“A acupuntura atua através do estímulo em terminações nervosas gerado pela inserção de uma agulha em pontos reflexos. A técnica provoca respostas neuroimunoendócrinas locais e à distância, proporcionando resposta orgânica fisiológica, de qualquer segmento do organismo”, explica.
Como consequência, completa, a acupuntura contribui para o perfeito funcionamento do corpo humano, na complexidade dos eventos físico-químicos ocorrendo simultaneamente, em alta velocidade, com respostas rápidas, principalmente no que diz respeito à analgesia.
No Brasil, a acupuntura está entre as PICs (Práticas Integrativas e Complementares) do SUS (Sistema Único de Saúde), sendo oferecida a pacientes como parte de tratamentos de diversos transtornos e doenças, assim como meditação e homeopatia. Segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é que as práticas já façam parte da rotina de saúde de mais de 6,6 milhões de brasileiros.
Covid-19 é um desafio para a saúde
Na visão do responsável pela clínica Quantic Health, considerando momentos desafiadores para a saúde nacional, como o impacto da crise sanitária, é preciso utilizar todas as ciências disponíveis em prol do bem-estar do assistido – tanto na categoria tradicional, ocidental, oriental, alternativa e integrativa, quanto holística.
O que acaba com a humanização profissional é o ego, afirma Molina. “Se combinarmos todas as medicinas na hora certa, e no momento exato, teremos um resultado cada vez mais eficaz na regulação de todo o corpo”, pontua. “Estou certo de que, quando bem empregada, a combinação das ciências ocorre de forma perfeita e se torna benéfica para as pessoas, configurando uma medicina consciente e humanizada”.
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