São Paulo, SP 15/3/2022 – Pacientes com tumores iniciais têm uma chance de cura acima de 95%.
Espaço será inaugurado no Rio Grande do Sul, um dos estados com maior índice da doença. Dados do Inca apontam que maiores taxas de incidência e de mortalidade são nas regiões Sudeste e Sul.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o Brasil terá a cada ano do triênio 2020/2022 cerca de 5.190 novos casos de câncer de boca e orofaringe. A maioria deles em homens. As regiões Sul e Sudeste estão no topo na lista com maior número de casos.
Como forma de trabalhar a prevenção e a orientação necessárias, o Conselho Regional de Odontologia (CRO) no Rio Grande do Sul tomou a iniciativa de construir o Instituto Nacional do Câncer Bucal (INCB), primeiro espaço no país dedicado exclusivamente ao tratamento da doença. Previsto para ser inaugurado em maio de 2022, o Instituto tem o objetivo de democratizar o atendimento à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também oferecer atendimento por meio de convênios e consultas particulares.
Para a cirurgiã dentista Pollyanna Maria de Santana Pereira Lourenço, o diagnóstico precoce é a chave para um desfecho satisfatório. “Pacientes com tumores iniciais têm uma chance de cura acima de 95%. Quando há a presença de sintomas como dor ou dificuldade de mover a língua, a chance de cura cai para 45%. Por isso, a importância do autoexame e de consultas frequentes ao dentista, pois qualquer lesão que permaneça por mais de 15 dias, manchas brancas ou vermelhas, nódulos na região, dor e dificuldade para mastigar ou engolir deve ser investigada”, disse.
Segundo dados do site da American Cancer Society, divulgados em 2021, o grupo de pessoas propensas ao câncer de boca e de orofaringe está na faixa dos 60 anos. Em apenas ¼ dos casos a doença acomete pessoas com menos de 55 anos. Outro dado relevante é o aumento de novos casos a partir da infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) tanto em homens como em mulheres.
“Esse tem sido um fator preocupante relacionado ao aumento dos casos da doença entre jovens, sendo o sexo oral sem proteção a principal forma de contaminação. Portanto, é necessário que os médicos reforcem aos seus pacientes a importância do uso de preservativo”, completou a especialista, que também é ortodontista.
De acordo com Pollyanna Lourenço, o HPV pode ser encontrado na área genital, além de boca e garganta. Geralmente, esse vírus causa verrugas benignas, mas, na maioria das vezes, as infecções virais permanecem indetectáveis e se resolvem sozinhas, sem quaisquer complicações. “Apesar de menos comum, é importante saber que há conexão entre um tipo específico de HPV no desenvolvimento de câncer bucal”, explica.
Cigarro e álcool – A combinação excessiva do uso de tabaco e bebidas alcoólicas influenciam na maior parte dos diagnósticos de câncer bucal. Estudo publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, intitulado “A influência da associação de tabaco e álcool no câncer bucal: revisão de literatura”, ressalta que cerca de 90% dos pacientes com câncer de boca ou garganta fumam cigarros, cachimbos, charutos ou mascam fumo, o que aumenta consideravelmente a possibilidade de desenvolver câncer, pois sua fórmula facilita a absorção da nicotina pela mucosa da boca.
Ainda segundo o estudo, o etanol, presente em quase todas as bebidas, apesar de não ser uma substância cancerígena, aumenta a permeabilidade da mucosa bucal, facilitando a absorção de substância cancerígena no tecido epitelial e, consequentemente, efeitos nocivos para a saúde sistêmica e bucal.
Só nas Américas, o número de mortes provocadas por doenças relacionadas ao consumo de álcool é de 300 mil pessoas, por ano. Os dados são da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Brasil segue como o segundo país com mais casos (24,8%), apenas atrás dos Estados Unidos (36,9%). “Ao monitorar hábitos, como fumar e consumir álcool, pode-se reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer de boca”, orienta a dentista.
Autoexame ajuda na identificação e prevenção – Qualquer pessoa pode fazer uma autoavaliação, porém, esse exame não substitui a análise clínica de um profissional da saúde, que, segundo a dentista Pollyanna Lourenço, deve ser realizado pelo menos duas vezes ao ano. “A técnica do autoexame bucal consiste na inspeção visual e palpação, realizada em frente ao espelho com boa iluminação. Para facilitar a memorização das estruturas da boca a serem examinadas no autoexame bucal, foi criada a sigla: BLLAP (Bochecha, Lábios, Língua, Assoalho bucal e Palato)”, explica.
Mudança de coloração, áreas irritadas debaixo de próteses, como dentaduras e pontes móveis, feridas que não cicatrizam em uma semana, dentes fraturados ou amolecidos e caroços são indícios de que o tratamento deve ser iniciado imediatamente.
Website: https://www.linkedin.com/in/pollyanna-maria-de-santana-pereira-65137b127/
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