São Paulo, SP 5/1/2023 – “O cenário é de crescimento, porém, mais tímido que esse ano. Juro mais alto e inflação em queda podem favorecer a aplicação em renda fixa”.
Inflação deve manter a tendência de queda no ano que vem, beneficiada pela diminuição no preço das commodities internacionais e pela política monetária de combate à inflação, adotada pelo Banco Central. O cenário é de crescimento, porém, mais tímido que esse ano. Juro mais alto e inflação em queda podem favorecer a aplicação em renda fixa
A inflação deve fechar o ano próxima a 5,9%, considerando a prévia da inflação oficial, calculada pelo IBGE e divulgada na última sexta-feira (23). Em 2023, a inflação deve ser menor. Por exemplo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada prevê uma inflação de 4,9% no ano que vem, enquanto o relatório Focus, do Banco Central, projeta um índice de 5,17%. Ou seja, a tendência captada no momento é de continuidade do processo de desinflação da economia brasileira, iniciado em meados do ano de 2022.
Em 2022, a economia mundial e a brasileira sofreram os reveses provocados pela pandemia de Covid-19 e pelo conflito Rússia-Ucrânia. A interrupção na produção e as restrições à mobilidade ocasionadas pela pandemia desfizeram cadeias produtivas e encareceram bens e serviços, como os aparelhos eletroeletrônicos – que tiveram sua demanda aumentada, dado o isolamento social – ou os transportes, pelo fechamento, por exemplo, de portos e aeroportos na China. A guerra da Ucrânia elevou os preços dos alimentos, já que o país é um grande produtor de grãos; e dos combustíveis, vale lembrar que a Rússia está entre os maiores produtores mundiais de petróleo.
No Brasil, o combate à inflação levou o Banco Central a iniciar um ciclo intenso de aumento da taxa básica de juros, que saltou de 2,0% ao ano, em janeiro de 2021, em um momento grave da pandemia, e quando o Banco Central tentava evitar uma queda maior da atividade econômica, para os atuais 13,75%, desde último mês de agosto. Mas a inflação cedeu mesmo depois da redução dos impostos sobre os combustíveis e energia, caindo de 11,8% para 5,9% no acumulado de 12 meses.
Os choques já foram dissipados
Ocorre que, no próximo ano, parte desses choques que levaram ao aumento dos preços já foi dissipada. Ou seja, os efeitos da guerra já foram transmitidos aos preços de alimentos e combustíveis, assim como, as cadeias produtivas já tiveram tempo de se reorganizar depois da fase mais aguda da pandemia.
É o afirma o economista Lucio Silva, do Grupo Euro 17, que acrescenta “há também uma desaceleração das economias desenvolvidas, o que deve ajudar a conter o preço das commodities agrícolas e minerais, contribuindo para o controle da inflação. E tem o efeito da política monetária, que segura a demanda e o aumento dos preços”. Com efeito, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, a economia global deve crescer 2,7% em 2023, crescimento menor que os 3,2% esperados para este ano.
Expectativas para a economia brasileira
No Brasil, espera-se que 2023 seja um ano de ajuste e acomodação da atividade econômica. Ou seja, o crescimento deve ser menor, como consequência da própria política monetária, que mantém os juros em níveis mais elevados, e como reflexo da desaceleração internacional. As incertezas que pairam sobre a economia, também reduzem os investimentos. No entanto, segundo o economista “O avanço da reforma tributária, a aprovação de uma nova regra fiscal e a recuperação do investimento público devem favorecer o crescimento nos próximos anos”.
Para o economista, o Banco Central voltará a reduzir a taxa Selic no segundo semestre do ano. Até lá, o horizonte é de inflação em queda, juros altos e crescimento tímido, na casa de 1,5%. Em termos setoriais, pode haver algum incentivo ao varejo, pelo aumento do salário-mínimo e bolsa família, e a construção civil, dado o investimento público. No mercado financeiro, o cenário de juro alto e inflação em queda pode favorecer a aplicação em renda fixa.
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