Aracaju/SE 30/1/2023 – A saúde mental é estar bem consigo mesmo e com os outros. Algumas atitudes que precisam ser tomadas por cada pessoa podem contribuir para mantê-la.
Número de internações e consultas psiquiátricas aumentou mais de 27% após a pandemia de Covid-19; o assunto vai muito além de problemas como depressão e ansiedade
Estatísticas recentes mostram que houve um aumento na incidência de doenças e transtornos mentais, como estresse e ansiedade, na população brasileira, principalmente após a pandemia da Covid-19. Dados do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, produzido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), apontam que 5.325.724 consultas psiquiátricas foram realizadas em todo o país ao longo do ano de 2021, somando um total maior do que os 4.770.581 atendimentos realizados em 2020. Já o total de internações psiquiátricas no mesmo período somou 221.486 casos, registrando um aumento de 27,3% em relação ao ano anterior.
Uma pesquisa realizada em 2019 pela Associação Internacional do Controle de Estresse (ISMA) apontou que o Brasil está em segundo lugar como a população mais estressada no mundo, chegando a 90% apresentarem quadros do transtorno. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em dados de um levantamento divulgado em julho de 2022, também aponta que o país tem a maior quantidade de pessoas ansiosas no mundo: 18,6 milhões de pessoas, o que equivale a 9,3% da população.
Um fator mais complexo se impõe nas discussões sobre o assunto: os transtornos causados pela falta de cuidado com a saúde mental nem sempre são detectados ou reconhecidos. De acordo com a psiquiatra Tássia Rollemberg, do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (Napps) da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), as pessoas passaram a apresentar diversos transtornos psiquiátricos, diante das muitas transformações provocadas pela pandemia.
“São pessoas que não tinham nada previamente, não tinham comorbidade de sofrimento psíquico e a pandemia abriu quadros de ansiedade, quadros depressivos, quadros de toque de limpeza, quadros de insônia e até quadros psicóticos. Além disso, a doença por si só atinge o sistema nervoso podendo provocar muitos transtornos psíquicos”, explica.
Tássia também destaca que a pandemia mudou os hábitos sociais e como essa nova realidade marcou a forma como as pessoas se relacionam. “O ser humano é muito sociável, e a partir do momento que esse contato foi cortado, quase que do dia para a noite, a sociedade entrou em pane. Vivenciar o isolamento no contexto aterrorizado pelo medo e pela incerteza do vírus, trazendo algumas complicações para a nossa vida. Os sofrimentos foram inúmeros e trouxeram graves sequelas”, ressalta.
Área complexa
Quando se fala sobre saúde mental, geralmente, as pessoas o relacionam ao acometimento de transtornos mentais como depressão e ansiedade. Mas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado pleno de bem-estar físico, mental e social. Ou seja, a saúde mental vai muito além da ausência ou presença de doenças. “A saúde mental envolve tudo que está na complexidade humana. É a gente pensar desde políticas públicas para a saúde mental até a prática de uma espiritualidade saudável que perpassa também por uma prática de atividade físicas e de condições sociais dignas”, explicou a coordenadora da Clínica de Psicologia da Unit Sergipe, Jacqueline Caldeiras.
Todo indivíduo é dotado de emoções e está sujeito a desafios e mudanças em várias fases da vida. É a forma como ele lida com tais exigências que mostram se há desequilíbrio mental ou não. Na maioria das vezes, uma pessoa saudável consegue enfrentar e discernir esses momentos com assertividade, mas para quem não consegue, é essencial procurar a ajuda de um profissional.
Foi o que aconteceu com muita gente durante a pandemia. Para Jacqueline, a sociedade ainda vive resquícios desse período, que vão além das perdas e do adoecimento. “Por isso, é muito importante falar da saúde mental e contribuir com a esperança de uma sociedade mais equilibrada, empática, que foca no todo”, enfatizou ela.
A saúde mental é estar bem consigo mesmo e com os outros. Algumas atitudes que precisam ser tomadas por cada pessoa podem contribuir para manter uma boa saúde mental. “Para manter a saúde mental equilibrada e alcançar uma boa qualidade de vida o seu esforço será diário, uma construção permanente. conheça suas possibilidades, desconstrua obstáculos, pratique o autocuidado, abandone vícios e procure ajuda”, conclui Tássia.
Dicas para cuidar da saúde mental:
- Aceitar a si mesmo com suas limitações e qualidades
- Praticar atividades físicas e aprenda técnicas de relaxamento
- Administrar as emoções (positivas e negativas)
- Cultivar boas noites de sono
- Manter uma alimentação equilibrada
- Reservar um tempo para o lazer individual ou familiar
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