6/9/2022 –
Especialista orienta sobre quais atividades físicas fazer e mudanças no estilo de vida para evitar maiores problemas resultantes do excesso de peso
Dores articulares, problemas cardiovasculares, síndrome metabólica, diabetes, doenças respiratórias crônicas, desenvolvimento de câncer, risco de complicações pelo coronavírus e até dificuldades para dormir: são diversos e conhecidos os problemas físicos decorridos da obesidade aliada ao sedentarismo. Em resumo, o excesso de peso, sem cuidado, representa uma grande perda de qualidade de vida.
Abaixo da linha da cintura, sustentando o peso do corpo humano, duas estruturas de articulações costumam ser as mais penalizadas: a do quadril e a do joelho. A pressão sobre elas pode alterar a maneira como a pessoa caminha e se movimenta, e assim, as dores tendem a se intensificar. O desgaste articular – ou osteoartrite -, mais popularmente conhecida como artrose, é a doença reumática mais prevalente em ambas as partes.
Causa de dores – mesmo com a pessoa sentada ou deitada – e de grandes dificuldades para se levantar e se locomover, a artrose é resultado não só da sobrecarga mecânica, mas também da inflamação e da resistência à insulina e à leptina.
Outro problema relacionado ao sobrepeso no joelho é a condromalácia patelar, que causa muita dor durante o movimento de andar ou correr. O joelho fica inchado e rígido em decorrência de lesões na cartilagem. A condromalácia patelar, quando não tratada, pode deixar o joelho inoperável.
O excesso de peso está ligado ao sedentarismo, sendo resultado de uma ingestão de calorias superior à quantidade que é gasta. Assim, constantemente ingerindo mais do que gastando, se cria um superávit calórico. Sem os exercícios físicos para queimar essas calorias e eventualmente ajudar a compor nova massa muscular, a energia adquirida pela comida se transforma em tecido adiposo. Esse quadro gera inflamações e uma série de consequências prejudiciais à saúde em geral.
Para além do desconforto, o sobrepeso e a obesidade podem ser extremamente custosos para cada indivíduo. Com o prejuízo causado às articulações do quadril e dos joelhos, podem ser necessárias intervenções traumáticas – como a cirurgia conhecida como artroplastia total do joelho. “As pessoas com o índice de massa corporal (IMC) mais alto (obesas), foram submetidas à cirurgia de prótese de joelho até sete anos antes do que aqueles com peso saudável”, relata o ortopedista Marco Aurélio Silvério Neves.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Queensland, em Brisbane, Austrália, os efeitos para as mulheres são ainda mais impressionantes: mulheres obesas, com idade entre 55 e 64 anos, são mais de 17 vezes mais propensas a ter uma substituição da estrutura do joelho do que as da mesma faixa, com peso saudável; enquanto homens obesos na mesma faixa são até 5,8 vezes mais propensos. No geral, mais da metade submetida ao procedimento era obesa: dos 56.217 pacientes do estudo, 57,7% eram obesos.
Uma epidemia em crescente expansão
Encarada pelos órgãos de saúde e governo como epidemia, já há projeções de que, em 2030, o planeta terá mais de um bilhão de pessoas obesas – cerca de 18% da população total -, sendo uma a cada cinco mulheres e um a cada sete homens. Os dados são do Atlas 2022 publicado pela World Obesity Federation. No Brasil, a obesidade deverá atingir cerca de 37% das mulheres.
“A falta de exercício físico prejudica os músculos e articulações”, sentencia Dr Marco Aurélio Neves. Mas não apenas: a falta de cuidado com o peso gera condições crônicas como doença renal, doença hepática gordurosa não alcoólica, hipertensão arterial, apneia do sono, entre outras. “Além de tudo, o excesso de peso pode dificultar a passagem de ar pelas vias respiratórias”, explica o especialista.
Mesmo com todas as dificuldades geradas, a solução é simples: mudança no estilo de vida e manutenção de uma rotina de alimentação saudável e exercícios físicos. “O ideal é manter o peso baixo, para os joelhos e para a saúde em geral. Os pacientes devem fazer um esforço para iniciar um programa de exercícios que ajudem a fortalecer os músculos das pernas, essencial para caminhadas”, explica o ortopedista.
Os músculos fortalecidos dão melhor sustentação e estabilidade para as articulações em geral. “Os isométricos simples, exercícios de tensionamento muscular, já ajudam”, orienta o médico. Com as caminhadas e demais atividades que promovam uma maior queima calórica – como bicicleta, natação, hidroginástica, corrida, por exemplo -, a pessoa que busca a perda de peso ajuda também a desinflamar o corpo como um todo. Assim, as dores começam a diminuir e podem desaparecer.
Músculos fortalecidos, através de alimentação saudável e sem excessos e exercícios físicos – feitos com regularidade -, mantém as articulações fortes, ao contrário de músculos menos tonificados ou atrofiados, que consequentemente sobrecarregam as articulações. Mas se alguma dor nas articulações já houver se manifestado e se instalado, é importante consultar um ortopedista especialista para um encaminhamento profissional.
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