São Paulo – SP 28/11/2022 – Mais do que resilientes, as empresas precisam ser flexíveis.
Para consultor, empresas devem esperar crises globais em série nas próximas décadas; adaptação e resiliência são saídas para fazer frente à imprevisibilidade
Em menos de três anos, a covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia e os recentes lockdowns em áreas fabris da China fizeram empresas de todo mundo experimentar um inédito cenário de crises globais sucessivas, que exigiram respostas enérgicas.
Um dos exemplos mais expressivos de mudanças impostas por esse novo ambiente é a drástica decisão da Apple de mover suas linhas produtivas antes concentradas na China para diferentes países, como Índia e Estados Unidos, na tentativa de melhor lidar com futuras interrupções, agora mais do que nunca avaliadas com cuidado nos planejamentos da empresa.
O movimento da maior e mais rentável empresa de tecnologia do mundo é o prenúncio de uma transformação profunda na gestão de empresas globais, que devem esperar nas décadas um cenário de crises cada vez mais frequentes e de abrangência cada vez mais global, capazes de desorganizar em nível mundial não só as atividades produtivas, mas também as condições de operação logística e de oferta e demanda em diferentes mercados ao redor do globo.
“Mais do que resilientes, as empresas precisam ser flexíveis para, por exemplo, terem excelência no timing de ajuste de suas demandas e elásticas para tomarem a decisão mais acertada sobre o preço do seu serviço ou produto num dado instante”, avalia o consultor Cristiano Dória, head de Operações da consultoria empresarial alemã Roland Berger, que organizou recentemente em São Paulo um evento para cerca de 120 CEOs brasileiros para discutir o enfrentamento das próximas disrupções globais.
Para o executivo, diante de um mundo cada vez mais imprevisível, as empresas vão precisar daqui para frente serem capazes de se adaptar rapidamente à disruptura, mantendo as operações contínuas e salvaguardando pessoas, ativos e equidade de suas marcas. Nesses novos tempos, Dória defende que as organizações empresariais terão de buscar um “DNA projetado para disruptura”, o que significa na prática buscar processos de análise de riscos ainda mais eficientes, o desenvolvimento e a implementação de estratégias de negócio em ainda menos tempo e, principalmente, identificar com mais rapidez as oportunidades em cada cenário.
“As disrupções trazem consigo novas oportunidades de negócios e as corporações que estiverem preparadas para enfrentar esse novo paradigma com excelência em adaptabilidade têm condições de sair na frente”, destaca Doria. “As organizações que proativamente enxergarem oportunidades de negócios e não apenas se defenderem a cada disruptura, têm as maiores chances de sucesso”, prossegue o executivo.
Ainda de acordo com ele, a transformação da organização para fazer frente a crises globais em série também está ligada diretamente à postura de seu líder máximo. Segundo Dória, os CEOs deverão compreender que suas empresas vão atuar num ambiente dinâmico, em que estarão sujeitas a ataques e contra-ataques, cabendo a ele desenvolver e liderar uma empresa com uma dinâmica organizacional cada vez mais azeitada.
“Mais do que nunca, as empresas brasileiras precisam desenvolver suas capacidades de adaptação empregando os três pilares – resiliência, flexibilidade e elasticidade – para poder evoluir e enfrentar as adversidades”, finaliza.
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