São Paulo 3/10/2022 – Peças de painéis eletrônicos de motos e automóveis, que costumam ser descartadas, também podem ser recuperadas e reutilizadas
Os dados mostraram que além de veículos leves, também houve registro de aumento de vendas de usados no segmento de caminhões, ônibus e motos. Segundo a Fenabrave, o resultado é o melhor do ano até o momento. Para quem aposta em usados, especialista explica as possibilidades de reaproveitamento e customização de peças, o que contribui para a chamada economia circular
Levantamento da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostrou que a venda de veículos usados teve o melhor desempenho do ano no mês de agosto. Em comparação com o mês anterior, as vendas aumentaram 10, 9%. Foram 1.316.272 veículos que trocaram de titularidade no oitavo mês do ano.
No desempenho por segmentos, a comercialização de automóveis comerciais e leves tiveram alta de 11,2% em agosto, em relação a julho, e se aproximou a quase um milhão de automóveis vendidos. Os modelos com até três anos de fabricação corresponderam a 11,7% das vendas. No segmento de caminhões, a alta foi de 14,3%; os ônibus apresentaram aumento de 12,1%. Já a venda de motos teve alta de 9,3%.
Com a alta dos preços de veículos novos, os usados passaram a ser a principal escolha de quem quer adquirir o primeiro automóvel ou trocar o que já possui. Pesquisa de uma revendedora mostrou que veículos com cerca de 20 anos de uso foram os que mais valorizaram entre os anos de 2021 e 2022. A média de valorização 9,87%.
A aposta em veículos mais antigos, ainda que impulsionada pelo fator preço, também colabora com o conceito de economia circular, que vem sendo estimulado na indústria de bens duráveis. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o conceito associa “desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis”.
Com 14 anos de experiência na área de mecatrônica automotiva e náutica, William Felipe Medeiros explica que muitos consumidores não sabem, mas é possível a reparação de diversos itens que compõem os veículos. A falta de conhecimento e a imposição das redes autorizadas e fabricantes pela aquisição de produtos novos, acaba condenando muitos materiais a se transformarem em lixo eletrônico.
“O que as pessoas muitas vezes não sabem é que os lixos eletrônicos possuem diversos metais pesados e tóxicos, que prejudicam não só a saúde humana como o meio ambiente. São itens formados por substâncias como chumbo, arsênio, cobre, cádmio, zinco, mercúrio, estanho etc.”, alerta.
Medeiros revela ainda que peças de painéis eletrônicos de motos e automóveis, que costumam ser descartadas, também podem ser recuperadas e reutilizadas, possibilitando a reparação completa de suas funções. “Pude atuar na reciclagem e recuperação de mais de 600 mil peças que estavam condenadas e saíram restauradas, evitando o descarte e gasto excessivo desnecessário, proposto pelo mercado”, atesta.
Projeção de aumento de emplacamentos de veículos em 2022 deve ultrapassar os 5%
Depois de baixa nas vendas verificadas em 2021 e nos primeiros meses do ano, a Fenabrave projeta um aumento de 5,5% nas vendas de automóveis em 2022, na comparação com o ano passado. A entidade divulgou que as motocicletas devem apresentar o melhor resultado no segmento dos automotivos, com demanda ampliada em 16,7% neste ano, devendo superar 1,3 milhão de unidades vendidas.
Nos demais segmentos, a projeção é a mesma registrada em 2021. No caso do segmento de automóveis e comerciais leves, a entidade estimava um aumento de 4,4% para as vendas de automóveis e comerciais leves em 2022. O atingimento dessa meta vai depender da capacidade de produção das montadoras.
No caso de caminhões, que tinham uma projeção de aumento de 7,3% nas vendas neste ano, no início deste segundo semestre, a Fenabrave acreditava que o desempenho será igual ao de 2021. Isso porque o segmento, segundo a entidade, ainda sofre com o desabastecimento de peças e componentes.
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