São Paulo, SP 5/1/2023 – Os marcos temporais são caracterizados por promessas pessoais e planos para o ciclo que virá
Como espécie, faz parte da biologia humana os rituais e ciclos de encerramento e renovação. Do ponto de vista da cronobiologia, essa organização mental das fatias de tempo é essencial para organizar a narrativa da vida
Do ponto de vista da cronobiologia, a ciência que estuda os ritmos biológicos, a organização mental em fatias de tempo é essencial para que os seres humanos possam organizar internamente a narrativa de suas vidas. As informações são do estudo “Os Ritmos da Vida – Uma Visão Actualizada da Cronobiologia Aplicada”, publicado pela Revista Lusófona de Ciências e Tecnologias da Saúde, escrito por Ana Rita Acúrcio e Luís Monteiro Rodrigues.
O autor Daniel Pink, em seu livro “Quando: Os segredos científicos do timing perfeito”, mostra que o primeiro dia do ano é denominado pelos cientistas de um marco temporal. A cronobiologia define marcos temporais como o ponto de renovação de determinado período de tempo, quando um ciclo é encerrado e outro se inicia.
Segundo Pink, os marcos temporais são caracterizados por promessas pessoais e planos para o ciclo que virá. São comuns objetivos como aprender uma nova língua, começar uma dieta, desenvolver uma determinada habilidade, por exemplo.
Porém, ainda conforme Pink, embora existam evidências científicas que as pessoas buscam essas mudanças e dão os primeiros passos em direção a seus objetivos, é comum que as mudanças não sejam adotadas a longo prazo.
Por exemplo, dados da International Health, Racquet, & Sportsclub Association datados de 2020 mostram que as matrículas em academias no mês de janeiro equivalem a 12% de todos os novos membros no ano. Ainda segundo a mesma fonte, a maioria das academias perde mais de 50% de seus novos inscritos em apenas 6 meses.
Como desenvolver e manter hábitos em 2023
Com o objetivo de desenvolver a manter novos hábitos em 2023, a jornalista e palestrante Flávia Lippi, pós graduada em neurociências e comportamento, afirma que é possível utilizar algumas descobertas científicas recentes para facilitar essa tarefa.
Os benefícios vão muito além de conquistar novos objetivos pessoais e profissionais. Segundo a pesquisa Positive activities as protective factors against mental health conditions, publicada em 2014 pela revista científica Journal of Abnormal Psychology pelos pesquisadores Layous, Chancellor e Lyubomirsky, hábitos considerados positivos atuam como fatores de proteção para a saúde mental da população em geral.
Em primeiro lugar, é necessário entender como hábitos são formados do ponto de vista neurobiológico. O conceito de formação de hábitos foi primeiro discutido pelo Dr. Maxwell Maltz, quando descreveu em sua obra “Psycho-Cybernetics” que leva, em média, 21 dias para a mente começar a considerar algo “novo” como sendo normal.
Porém, uma pesquisa mais recente, Habit formation and behavior change, publicada em 2019 no portal científico Oxford Psychology, de autoria dos pesquisadores Benjamin Gardner e Amanda L. Rebar, mostra que leva uma média de 66 dias até um hábito ser incorporado no dia a dia.
Segundo a publicação, o motivo disso é que o cérebro precisa de um período de tempo para se ajustar a algo novo, seja um comportamento, uma relação, um emprego ou qualquer elemento novo no ambiente. Depois desse período, aquilo passa a ser considerado parte da rotina e é incorporado pela percepção do corpo.
Portanto, esse período de adaptação é o momento crítico para quem deseja desenvolver e manter novos hábitos para 2023. Para isso, Flávia Lippi dá 4 dicas práticas para aplicar no dia a dia:
- Grandes metas, pequenos hábitos. “É necessário definir objetivos realizáveis e concretos para que a meta se realize. Por exemplo, se o objetivo for aprender uma nova língua, é preciso definir os períodos e método de estudo”, comenta Flávia Lippi;
- Aproveitar os hábitos que você já tem na rotina. Para facilitar que novo hábito seja incorporado na rotina, é possível derivar novos hábitos de um comportamento já praticado hoje;
- Menos escolhas. Em seu livro “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, Daniel Kahneman mostra que quanto menos opções estiverem disponíveis para o cérebro, mais energia o corpo terá disponível para focar e manter os novos hábitos que está desenvolvendo;
- Atenção ao ambiente. Segundo Flávia Lippi, um dos maiores influenciadores de novos hábitos e comportamentos é o ambiente onde as pessoas passam a maior parte do tempo. “Por isso, é essencial adaptar o ambiente de modo a facilitar ao máximo a energia gasta com o comportamento que se deseja adquirir. Por exemplo, colocar os tênis ao lado da porta pode facilitar o hábito de corrida”, comenta a especialista.
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