24/11/2022 –
Estudante portadora de Osteogênese Imperfeita, aprovada no vestibular de medicina, conta sua experiência com o EAD
A modalidade do EaD (Ensino a Distância) vem crescendo de forma acelerada no Brasil, o que proporcionou, de certa forma, a democratização no acesso à educação, principalmente entre PCDs (Pessoa com Deficiência). Segundo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019, conduzida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem mais de 17 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o equivalente a 8,4% da população acima de dois anos de idade. Dados do IBGE, de 2019, apontam que 16,6% das pessoas com deficiência possuíam ensino médio completo ou superior incompleto.
De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), mais de 35 mil participantes do Enem 2022 (Exame Nacional do Ensino Médio) possuem alguma necessidade especial, precisando de acessibilidade durante a prova. Apesar de o número ser relativamente baixo, ainda tem uma parte da população PCD que sonha em cursar o ensino superior. Como é o caso da estudante Bruna Carneiro, de 18 anos, que é aluna do curso EAD MetaMED e portadora de Osteogênese Imperfeita.
Para Carneiro, aprovada em Medicina pela UniRV (Universidade de Rio Verde) em Goiás, o ensino à distância se tornou uma ferramenta de inclusão para as pessoas com deficiência, uma vez que o aluno não precisa se deslocar até o local para estudar. “Consigo fazer isso no conforto da minha casa, nos melhores horários para mim. Além de conhecer outros alunos e professores de vários estados, tenho acesso a aulas que não tem em minha cidade”, diz a estudante. “Por morar em uma região mais afastada, as maiorias dos cursos são muito longe, então me sinto muito bem estudando por plataformas de ensino”, completa.
Desafios dos alunos PCD
A estudante conta que, para ela, algumas situações se tornaram mais difíceis pelo fato dela ser cadeirante, de morar em uma cidade pequena e não poder ir para alguma região mais distante para estudar devido às limitações. “Mesmo diante das dificuldades e dos obstáculos, consegui superar todas as barreiras. Determinação, foco e fé me impulsionaram a seguir em frente com esse sonho e alcançar a tão desejada faculdade de medicina”, declara.
Carneiro confessa ainda que passou por muitos desafios devido à sua deficiência. “Tiveram pessoas que me apoiaram, torceram e vibraram. Mas também me deparei com aquelas que criticavam, não apoiavam e nem acreditavam ser possível”, afirma. “Houve também momentos de renúncia, como passeios de família e lazer com os amigos em prol do meu objetivo”.
Lei de Cotas
A Lei 12.711/12, mais conhecida como Lei de Cotas, determina que metade das vagas de instituições de ensino superior públicas devem ser destinadas a grupos historicamente excluídos, como candidatos negros, indígenas, estudantes de escola pública, pessoas com deficiência e de baixa renda. Neste ano, a Lei completou 10 anos.
Carneiro acredita que a lei de cotas ainda não é totalmente efetiva, pois além das dificuldades de acesso, são poucos os editais que possuem cotas para PCDs. “Então temos que nos esforçar mais para competir com os demais candidatos, ainda mais em concursos superconcorridos como o vestibular de medicina”, afirma. “Para mim foi uma grande vitória ser aprovada em medicina e sou muito grata ao EAD por ter me ajudado nessa caminhada”, conclui.
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