27/6/2023 – É importante ressaltar que a implementação de tecnologias deve ser acompanhada por uma abordagem abrangente de conscientização
Índices nacionais de Notificações de Acidentes de Trabalho crescem a cada ano; treinamentos específicos, aliados ao uso da tecnologia, podem ajudar na prevenção
A segurança no ambiente de trabalho é uma preocupação que requer atenção contínua. Embora existam leis e regulamentações relacionadas à segurança ocupacional no Brasil, ainda há desafios a serem enfrentados para reduzir o número de acidentes. De acordo com o último Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, produzido pela iniciativa SmartLab, em 2022, foram mais de 612 mil Notificações de Acidentes de Trabalho (CAT) registradas no país.
Alguns desses acidentes podem ocorrer devido à falta de conhecimento sobre os procedimentos de segurança, uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPIs) e negligência em relação às normas estabelecidas para utilização de ferramentas de trabalho. De 2012 a 2022, o grupo de agentes causadores mais frequentemente citados em notificações, segundo os dados do observatório, com 15%, foi “Máquinas e Equipamentos”.
No Brasil, o Ministério do Trabalho estabelece, através das Normas Regulamentadoras (NRs), uma série de obrigações, direitos e deveres que devem ser cumpridos por trabalhadores e empregadores, com objetivo de manter um ambiente de trabalho seguro e saudável. Entre as determinações estão os treinamentos e capacitações (NR 1) que, desde de 2019, podem ser realizados no formato à distância (EAD), o que facilita o acesso às informações.
A inserção da tecnologia, neste sentido, seja para capacitar um colaborador ou para que ele exerça sua função com maior assertividade, pode desempenhar um papel importante na prevenção de acidentes de trabalho.
Para Matheus Lúcio, especialista em tecnologia e desenvolvimento de softwares, que atua com projetos especializados para segurança do trabalho, uma das principais áreas de preocupação é a falta de conscientização dos trabalhadores em relação às práticas de segurança.
“É importante ressaltar que a implementação de tecnologias deve ser acompanhada por uma abordagem abrangente de conscientização e treinamento dos trabalhadores”, pontua.
O especialista também elenca alguns alguns exemplos de equipamentos e tecnologias que costumam ser utilizados com essa finalidade:
Sistemas de monitoramento: sensores e câmeras podem ser instalados em áreas de alto risco para monitorar o comportamento dos trabalhadores e identificar potenciais situações perigosas. Esses sistemas visam ajudar a prevenir acidentes ao fornecer alertas em tempo real e permitir a intervenção imediata.
Dispositivos de proteção pessoal: tecnologias avançadas estão sendo desenvolvidas para melhorar a segurança dos trabalhadores. Isso inclui coletes e capacetes inteligentes equipados com sensores que detectam quedas, colisões ou exposição a substâncias perigosas. Esses dispositivos acionam alertas de emergência e fornecem informações vitais sobre a localização e o estado do trabalhador.
Realidade virtual e aumentada: podem ser usadas para simular situações de trabalho perigosas e fornecer treinamento imersivo aos funcionários. Isso permite que eles pratiquem procedimentos de segurança em um ambiente controlado, preparando-os melhor para lidar com situações reais no trabalho.
Aplicativos móveis: são desenvolvidos para fornecer informações sobre segurança, instruções de trabalho e lembretes de práticas seguras. Os trabalhadores são capazes de ter acesso instantâneo a procedimentos, manuais e recursos de segurança por meio de seus próprios celulares.
Também é fundamental que trabalhadores tenham um canal aberto de comunicação para relatar condições inseguras ou preocupações relacionadas à segurança. “A participação ativa dos funcionários na identificação e resolução de problemas de segurança pode contribuir para a criação de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável”, afirma Matheus.
A segurança no trabalho é uma responsabilidade compartilhada entre empregadores, funcionários e órgãos reguladores. Assim, é preciso que todos atuem em conjunto para fortalecer as medidas estabelecidas. Isso inclui a fiscalização adequada das normas previstas pelas NR’s, a promoção de treinamentos e a conscientização sobre a importância da segurança ocupacional.
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