São Paulo 20/7/2023 –
De acordo com a entidade, fluxos de novas informações combinadas com técnicas de modelagem aprimoradas contribuem para análise de risco mais sofisticada
Conhecido por ter o sistema financeiro com a maior taxa de juros do mundo para o consumidor final – seja ele pessoa física ou jurídica -, o Brasil segue enfrentando o desafio de aumentar sua capacidade de entender o grau de risco entre os clientes. Segundo a Associação Brasileira de Crédito Digital, esse obstáculo vem sendo ultrapassado principalmente pelas fintechs, que nasceram com a premissa de amplificar o universo de dados utilizados para analisar o comportamento do cliente, de forma a oferecer uma análise de crédito customizada a cada tomador.
Pesquisa realizada pela ABCD em parceria com a PwC Brasil no ano passado demonstrou a importância dos dados para as empresas brasileiras de crédito digital, em meio ao avanço do Open Finance. O levantamento apontou que 31% das fintechs de crédito consideravam o acesso às informações dos clientes uma barreira à sua gestão.
“A disrupção das fintechs está em saber coletar e gerenciar as informações de forma segura, enriquecendo os dados disponíveis com conhecimento de negócio e a própria experiência, com uso de arquiteturas e modelos sofisticados, criando uma percepção muito mais refinada da realidade, fator que tende a impulsionar cada vez mais o mercado de crédito brasileiro”, afirma Sandro Reiss, presidente da ABCD.
Na visão do executivo, entre as questões determinantes para a complexidade do ambiente de crédito para pessoas físicas no Brasil, a disponibilidade e qualidade dos dados usados para tomada de decisão de crédito é uma das que merece destaque.
“Esse cenário começou a se modificar há cerca de oito anos com a chegada das fintechs, que trouxeram uma imensa inovação na experiência de uso e no volume de dados utilizados para tomada de decisão. Esse processo começou com dados dos próprios usuários e por meio do acesso a informações públicas e, a partir dele, foi possível quebrar o velho paradigma de agrupar os clientes em poucas faixas de risco, no qual um cliente que paga em dia é obrigado a arcar com uma taxa alta porque junto com ele há outros que vão se tornar inadimplentes”, analisa Reiss.
Nesse contexto, o uso de dados alternativos e a combinação de uma boa experiência com uma taxa de juro mais competitiva permitiram às fintechs ganhar tração e gerar quantidade relevante de operações de crédito – R$ 12,7 bilhões foram concedidos pelas fintechs de crédito em 2021, quase o dobro do registrado no ano anterior e cerca de cinco vezes o volume de 2019, que foi de pouco mais de R$2,6 bilhões, aponta a 2ª edição da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital.
“Nesse processo, o volume de dados que cada fintech incorporou às suas próprias modelagens foi potencializado pela experiência real de conceder crédito em volumes consideráveis para um contingente importante de pessoas que mostraram seus comportamentos de pontualidade ou não de pagamentos, inadimplência e recuperação. Essa experiência possibilitou a essas empresas sofisticar suas capacidades de analisar e usar dados ao longo do ciclo de crédito”, completa o executivo, que destaca medidas como o Cadastro Positivo, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Open Finance como na melhora do ecossistema de dados do país.
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