Rio de Janeiro, RJ 24/5/2024 – Muitas mulheres ainda têm dificuldade em reconhecer os sinais de um ataque cardíaco
É necessário também uma educação mais abrangente sobre os fatores de risco específicos para mulheres e a promoção de pesquisas sobre prevenção e tratamento cardiovascular voltadas para as mulheres
O coração das mulheres merece uma atenção especial. Hoje o sexo feminino já representa quase 50% dos adultos com hipertensão nos Estados Unidos e no Brasil, onde dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) apontam para mais de 67 mil mortes por doenças hipertensivas, sendo mais da metade (36 mil) de mulheres apenas no ano de 2022.
Segundo artigo publicado na edição especial dedicada às mulheres (Go Red For Women), da revista Circulation, da Associação Americana do Coração, durante todo o século passado, as doenças cardiovasculares foram frequentemente associadas aos homens, enquanto acreditava-se que as mulheres estavam protegidas, principalmente devido aos hormônios intrínsecos pré e pós-menopausa. No entanto, os especialistas vêm observando uma mudança de paradigma nesse cenário, destacando a importância de abordar as especificidades da saúde cardiovascular feminina.
Segundo os especialistas, a fisiopatologia da hipertensão em mulheres é influenciada por fatores hormonais, especialmente após a menopausa, quando os níveis de estrogênio diminuem. Estudos sugerem que o estrogênio desempenha um papel na regulação da função vascular, e sua redução pós-menopausa está associada a um maior risco de rigidez arterial e hipertensão. No entanto, a terapia com estrogênio exógeno (administrados como medicamento) não demonstrou benefícios claros na redução da pressão arterial ou na prevenção de eventos cardiovasculares
O artigo da Circulation ressalta que, embora programas educacionais tenham contribuído para a redução das mortes por doenças cardiovasculares em mulheres, a conscientização tem diminuído ao longo dos anos. “Muitas mulheres ainda têm dificuldade em reconhecer os sinais de um ataque cardíaco, especialmente as mais jovens e pertencentes a grupos étnicos minoritários”, afirma a cardiologista Erika Campana, especialista em hipertensão, pesquisadora e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Além disso, a análise destaca uma lacuna significativa na formação médica. Apenas 22% dos médicos de cuidados primários e 42% dos cardiologistas, em um inquérito nacional realizado pelos pesquisadores, relataram que se sentiam preparados para abordar o risco de doenças cardiovasculares nas mulheres.
Em outro estudo, publicado na mesma edição especial da revista Circulation observou se que gestantes que apresentam hipertensão têm um risco de 2,7 vezes de desenvolver hipertensão crônica entre 2 a 7 anos após o parto. Os especialistas destacam a necessidade de maior atenção à saúde cardiovascular durante a gravidez e o período pós-parto. Nas últimas duas décadas, houve um aumento de 25% de casos de pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por pressão arterial elevada e níveis mais altos de proteínas na urina durante a gravidez.
Para abordar esses desafios, os pesquisadores enfatizam a necessidade de campanhas de conscientização, identificando as doenças cardiovasculares como o principal risco para as mulheres e enfatizando os benefícios da prevenção. “É necessário também uma educação mais abrangente sobre os fatores de risco específicos para mulheres e a promoção de pesquisas sobre prevenção e tratamento cardiovascular voltadas para as mulheres”, alerta Erika Campana.
Do outro lado, é necessário que todos os agentes envolvidos no cuidado básico de saúde façam abordagens personalizadas sobre a hipertensão nas mulheres. “É preciso que os médicos perguntem sobre fatores de risco específicos de gênero, como menarca precoce, menopausa prematura e distúrbios hipertensivos da gravidez, e estejam atentos aos sintomas que podem ser mais comuns em mulheres, como doenças autoimunes e depressão”, ressalta a cardiologista.
Em última análise, os pesquisadores enfatizam que a conscientização sobre a pressão alta nas mulheres não é apenas uma questão de saúde pública, mas também uma questão de equidade de gênero. “Ao reconhecer e abordar as especificidades da saúde cardiovascular feminina, podemos dar um passo significativo em direção a um sistema de saúde mais justo e inclusivo para todos”, acrescenta a cardiologista Erika Campana.
Aproveitando a data do Dia Mundial da Hipertensão, 17 de maio, e alinhada com a preocupação global em torno da saúde do coração das mulheres, a Servier do Brasil lança nacionalmente a campanha Sempre Cuidando Hipertensão que, neste ano, será voltada para o cuidado com o coração da mulher. “Sabemos que a hipertensão arterial é o principal fator de risco cardiovascular, que está por trás do risco aumentado para AVC, infarto, insuficiência cardíaca e vários outros problemas da saúde cardiovascular. Por isso, contribuir para que o controle da pressão alta seja efetivo é muito importante, uma vez que ela bem controlada e bem tratada reduz esse risco”, afirma o cardiologista Abraham Epelman, diretor médico da Servier do Brasil.
O médico explica que o tratamento da pressão alta fora do controle é fundamentalmente dividido em duas etapas. A primeira é o tratamento não medicamentoso, que é a mudança do estilo de vida, como praticar atividade física sob supervisão, parar de fumar e emagrecer. A outra etapa é o tratamento medicamentoso sob orientação do médico.
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