A Língua Brasileira de Sinais, popularmente conhecida como Libras, é um sistema linguístico completo e a segunda língua oficial do Brasil desde 2002, com a aprovação da Lei 10.436. No entanto, apesar de sua importância, muitas pessoas ainda têm uma compreensão limitada ou equivocada sobre o que realmente significa essa forma de comunicação.
De acordo com a Especialista em Literatura e Mestra em Educação, e professora do Centro Universitário Paulistana – UniPaulistana, Thaís Diniz, é comum que a Libras seja erroneamente concebida como uma linguagem e não como uma língua. “Estamos tratando de um sistema linguístico completo, formado por códigos e canais diversificados, o que não significa que por ser diferente seja inferior à nossa língua portuguesa oralizada”, explica Thaís.
Um dos equívocos mais difundidos é a ideia de que a língua de sinais é universal. Na verdade, cada país possui sua própria língua de sinais, com particularidades e regionalismos, assim como acontece com os idiomas orais.
Outro ponto importante é a falácia de que todo surdo é mudo. “Nem todo surdo é mudo, aliás, a grande maioria tem o aparelho fonador totalmente preservado”, pontua a professora. Ela ressalta que o uso da expressão “surdo-mudo” é incorreto e preconceituoso.
Thaís Diniz também destaca que o termo “deficiente auditivo” não é adequado para se referir a quem não escuta e já nasceu assim. “O surdo não se considera deficiente, uma vez que ele tem uma língua própria, e utiliza seus olhos como ouvidos e suas mãos como boca”, esclarece. Segundo ela, o termo “deficiente” foi atribuído por médicos como diagnóstico clínico, mas não reflete a realidade cultural dos surdos, que se comunicam por um canal visual-motor, diferente das línguas orais, que utilizam a modalidade oral-auditiva.
Outro ponto de confusão é sobre a estrutura da Libras. Segundo o livro “Libras? Que língua é essa?” da linguista Audrei Gesser que aborda as crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda, ao contrário do que muitos pensam, a linguagem de sinais não se trata de mímica, mas sim de uma língua com gramática e estrutura próprias, composta por parâmetros que formam os sinais.
“Ela não se restringe ao alfabeto manual, ou datilologia, já que o uso do alfabeto é restrito aos nomes próprios e a palavras que ainda não tenham sinais”, explica Thais.
A necessidade de promover a inclusão também passa pela aprendizagem da Libras. Thaís defende que a sociedade deve refletir sobre o motivo de se aprender tantos idiomas estrangeiros e, ao mesmo tempo, ignorar a segunda língua oficial do país. “É fundamental refletirmos sobre a necessidade que se tem de aprender tantos idiomas novos e o porquê não aprender a nossa segunda língua e contribuirmos com uma sociedade inclusiva de fato.”
Com isso, é evidente que a Libras é uma língua tão complexa e rica quanto qualquer outra. Reconhecer suas características e respeitar a comunidade surda é um passo essencial para uma convivência mais inclusiva e consciente.
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