Em setembro de 2023, o Fórum Econômico Mundial publicou um artigo em que chama a Inteligência Artificial de “maior inovação da década” e fala sobre a revolução que irá causar no mercado de trabalho, especialmente na área de tecnologia. A crescente capacidade destas ferramentas de gerar soluções complexas, com menor intervenção humana, está alterando a dinâmica de desenvolvimento de algoritmos e transformando o perfil dos profissionais que atuam neste setor.
Segundo Keylla Saes, coordenadora do MBA em Data Science & AI na FIAP, o cenário mudou consideravelmente. “Antes, formávamos profissionais para desenvolver componentes específicos de aprendizado de máquina. Eram necessários muitos especialistas para criar modelos pontuais de inteligência artificial”, explica. Com a chegada da IA Generativa, muitos destes problemas começaram a ser resolvidos de forma mais automática, otimizando processos que antes exigiam mais horas de trabalho e grandes equipes.
Apesar dessa transformação, Saes ressalta que a necessidade de especialistas não foi eliminada. “Ainda precisamos de pessoas com conhecimento profundo para questões específicas. O que mudou é que o trabalho braçal será reduzido, enquanto o trabalho analítico e arquitetônico será mais demandado”. Isto significa que, embora o número de profissionais necessários para a criação de soluções pontuais tenha diminuído, a demanda por experts capazes de compreender e arquitetar sistemas mais complexos e abrangentes está crescendo.
A coordenadora da FIAP também destaca as mudanças no perfil para trabalhar com IA, embora afirme que esta transição não apresenta grandes desafios para quem já atua na área. Antes, quem trabalhava em ciência de dados e inteligência artificial tradicional, com linguagem natural, precisava lidar diretamente com algoritmos e sistemas complexos, o que exigia profundo conhecimento de matemática, estatística e programação. Hoje, com a IA Generativa, muitos destes profissionais passaram a utilizar APIs (Interface de Programação de Aplicativos) que facilitam a criação de soluções, reduzindo a necessidade de criar algoritmos do zero.
A formação de novos especialistas também está acompanhando essa evolução. O MBA em Data Science & AI busca preparar os alunos para essa nova realidade do mercado. “É um curso muito técnico, voltado para profissionais que desejam desenvolver e entender profundamente os algoritmos de aprendizagem, como o GPT, e projetar soluções inovadoras”, destaca Keylla. Como pré-requisito, este MBA exige experiência prévia em áreas de tecnologia ou exatas, além de conhecimento em análise de dados e programação, como Python. “O foco é formar especialistas que possam atuar no desenvolvimento de novas gerações de IA, e não apenas utilizar as soluções já disponíveis no mercado”, reforça a coordenadora.
Embora a IA Generativa tenha reduzido a necessidade de trabalho braçal, ela abriu portas para novas formas de atuação, demandando habilidades de alto nível técnico. Profissionais da área de inteligência artificial e de tecnologia podem estar em uma posição favorável para se adaptar a essas transformações, mesmo em um cenário de rápida evolução.
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