Frigorífico aposta em sustentabilidade para atrair a geração Z

Com início de operações esperado para o primeiro semestre de 2025, o frigorífico O Cortês, localizado em Raul Soares, na Zona da Mata mineira, tem como objetivo transformar o mercado de carne suína, com foco em sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade. Parte do Grupo ARO, o empreendimento planeja exportar para a União Europeia e Estados Unidos em 2026, com previsão de faturamento de R$ 200 milhões no segundo ano de operação.

Com um investimento inicial de R$ 25 milhões – dos quais R$ 17 milhões financiados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e por investidores privados – e um EBITDA projetado de 33%, O Cortês já estruturou sua estratégia de expansão. Segundo Rodrigo Torres, CEO do Grupo ARO: “Em 2025, vamos focar no Brasil, mas nossa visão é global. Em 2026, queremos estar presentes na Europa e nos Estados Unidos, mercados que valorizam qualidade, sustentabilidade e certificações rigorosas”, destaca.

Produção sustentável como diferencial

O frigorífico O Cortês alicerça seu compromisso ambiental e social em práticas sustentáveis. Na Fazenda Memória, onde a produção inicial será baseada, uma usina de biogás transforma dejetos suínos em energia limpa, enquanto na unidade silvícola, 50 hectares de eucalipto plantados contribuem para a captura de carbono, com projeções de expansão para 130 hectares e recuperação ambiental em mais 20 hectares ao longo dos próximos dez anos na própria Fazenda. Essas ações garantem uma pegada de carbono positiva e ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, promovendo o sequestro ativo de CO2 da atmosfera.

A propriedade também possui sistemas de captação e reuso de água da chuva e um projeto de preservação das nascentes locais, o que contribui para a proteção do lençol freático, promovendo um uso mais responsável dos recursos naturais. “Queremos atender à crescente demanda por consumo consciente, oferecendo um produto premium que alia qualidade superior a um compromisso com as questões ambientais e sociais”, explica Andrea Zerbeto, sócia e cofundadora do frigorífico.

Outras ações reforçam o compromisso da Fazenda Memória com práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva, da criação até a logística. Entre elas estão a busca pela eficiência produtiva por meio de iniciativas que reduzem o uso de ração e água no processo produtivo e a compra de insumos como soja e milho, priorizando fornecedores locais, de modo a reduzir o impacto ambiental do transporte. E vale dizer que a Fazenda Memória tem planos de, no futuro, substituir sua frota por veículos movidos a biogás ou biodiesel, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.

O modelo de negócios d’O Cortês está fundamentado na sustentabilidade econômica como pilar para sua atuação ambiental e social. “Para que o negócio se mantenha, precisamos gerar valor ao consumidor em cada etapa da produção para que o sistema produtivo como um todo seja sustentável”, reforça Rodrigo Torres.

Cortes premium e produtos industrializados para o mercado internacional

A empresa dedicou sua produção exclusivamente a cortes selecionados de suínos da raça Duroc, reconhecida por sua gordura entremeada – semelhante ao marmoreio do Angus nos bovinos – que proporciona suculência, sabor e maciez. A linha “Cortês” oferecerá oito categorias de produtos, incluindo cortes nobres como Prime Rib e T-Bone, além de um bacon defumado com lenha de goiabeira. A seleção também inclui pratos temperados e cozidos, enlatados em formato ‘easy open’ para facilitar o consumo, e porções menores de até 250g, pensadas para o consumidor moderno que prioriza conveniência e busca reduzir o desperdício doméstico.

Os produtos também serão certificados em relação à pegada de carbono e às práticas de bem-estar animal, adotando condições que minimizem o estresse dos animais. Esse cuidado inclui ambientes com temperatura controlada e até o uso de música clássica, fatores que impactam o produto final.

O Cortês também investirá no desenvolvimento de produtos industrializados e temperados para atender às rigorosas regulamentações dos mercados norte-americano e europeu, que restringem a importação de carne suína in natura. “A cultura de consumo de alimentos enlatados é muito forte no exterior, e estamos preparados para oferecer um portfólio de produtos que atendem aos elevados padrões de qualidade exigidos por esses consumidores”, afirma Andrea Zerbeto.

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