O governo anunciou, recentemente, mais recursos para o Nova Indústria Brasil (NIB), programa que tem como objetivo impulsionar a neoindustrialização do país. Agora, o total destinado a investimentos nesta agenda soma R$ 342,7 bilhões.
O valor representa um incremento de R$ 42,7 bilhões em relação aos recursos anunciados em janeiro, no lançamento da NIB. O montante adicional provém do aumento de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e de linhas de crédito do Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste (BNB), novos parceiros do programa.
“Essa ampliação de recursos é uma sinalização positiva para a indústria que precisa de mecanismos de financiamento para viabilizar novos investimentos”, diz José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho Administrativo da Asperbras, grupo que atua em diversos segmentos do setor industrial e do agronegócio. “Mas, vale ressaltar, o total disponibilizado é ainda pequeno frente ao que o restante do mundo está fazendo em políticas industriais”, conclui Colnaghi.
De fato, há uma verdadeira febre de políticas industriais em curso, sobretudo nos países desenvolvidos. Recursos públicos são empregados para estimular o desenvolvimento de soluções verdes, inovação, aumento das exportações e ganhos de produtividade.
Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quase 2.600 medidas de política industrial em vigência. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) contabiliza US$ 12 trilhões de recursos públicos investidos em programas adotados na China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, Reino Unido e União Europeia desde 2019.
O principal instrumento de política industrial implementado no mundo são os subsídios, de acordo com o FMI. Os países emergentes, depois dos subsídios, adotam, principalmente, as restrições comerciais às importações.
Os três principais mecanismos de incentivo utilizados pelos países desenvolvidos, por sua vez, são subsídios domésticos, subsídios à exportação e políticas de localização, como conteúdo local. “Isso ocorre porque as economias avançadas costumam ter maior espaço fiscal em seus orçamentos”, avalia José Roberto Colnaghi.
Desde 2021, só nos Estados Unidos, foram identificadas oito iniciativas que combinam políticas de estímulo econômico com estratégias destinadas ao desenvolvimento produtivo e tecnológico que somam US$ 6 trilhões. Entre elas, incentivo para a produção local de semicondutores, hoje dominada globalmente por Taiwan, que tem 60% do mercado.
Na Europa, os investimentos para estimular a indústria somam, pelo menos, US$ 1 trilhão . Há várias ações para desenvolver a indústria verde, como o Green Deal Industrial Plan e a Bioeconomy Strategy.
“Diante das cifras despendidas nos países desenvolvidos, o Nova Indústria Brasil é um programa tímido, mas é um começo”, observa José Roberto Colnaghi. “O importante é esta política pública se tornar uma política de estado, uma política perene, independentemente do governo da ocasião. Desta forma, o Brasil poderá ganhar competitividade para competir globalmente”, finaliza Colnaghi.
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