O mercado de fusões e aquisições (M&A) está em um momento de transformação no Brasil e no mundo. Após um período de retração, os sinais de recuperação começam a aparecer, impulsionados por uma combinação de estabilidade econômica, reformas estruturais e um cenário internacional que, apesar de volátil, abre novas oportunidades para transações estratégicas, conforme destacado pelo Capital Aberto.
No Brasil, a recuperação econômica e as reformas implementadas nos últimos anos estão criando um ambiente mais favorável para investimentos. No entanto, desafios como a alta taxa de juros e as incertezas políticas globais ainda podem influenciar o ritmo das transações. Entre os setores que se destacam, o de energia é um dos mais dinâmicos, com foco em energias renováveis, como mencionado pela Deloitte, que reforça que o impacto dos investimentos em infraestrutura renovável deve se tornar ainda mais evidente em 2024, destacando o setor de energia como um dos principais impulsionadores do mercado de M&A.
A busca por sustentabilidade está impulsionando empresas como Equinor e TotalEnergies a investirem em projetos solares e eólicos no país. Um exemplo é o anúncio da Equinor sobre o Complexo Solar Serra da Babilônia (Complexo Solar SdB), um projeto de 140 MWp a ser desenvolvido na Bahia, que visa integrar a energia solar com o complexo eólico Serra da Babilônia I, pela Rio Energy, destacando a crescente convergência entre diferentes fontes de energia renovável e a expansão das capacidades de geração sustentável no Brasil. Ao mesmo tempo, a Petrobras, em um movimento de reestruturação, está desestatizando alguns de seus ativos, o que vem atraindo o interesse de investidores nacionais e estrangeiros.
No campo da tecnologia, a digitalização da economia brasileira está criando um cenário altamente favorável para transações de M&A, como mencionado pelo Estadão. Empresas de software, e-commerce e fintechs estão no centro dessas movimentações, buscando inovação e expansão de mercado. O Nubank, uma das principais fintechs do país, tem atraído investimentos significativos, como destacado pela Bloomberg Linea, que ressaltou a valorização de 176% da empresa e a percepção positiva do mercado em relação às fintechs maiores na América Latina. Este cenário reforça a tendência de busca por inovação e crescimento em tecnologia. Além disso, gigantes do e-commerce, como Magazine Luiza e Mercado Livre, estão adquirindo startups tecnológicas para fortalecer suas capacidades. A transformação digital acelerada pela pandemia também tem impactado o setor de saúde, com a telemedicina e a saúde digital ganhando relevância. Empresas como Rede D’Or e Dasa estão expandindo suas redes de atendimento e incorporando novas tecnologias através de aquisições estratégicas.
O agronegócio, tradicional motor da economia brasileira, segue atraindo investimentos, especialmente com a integração de tecnologias agrícolas avançadas. Empresas como JBS e Marfrig estão investindo em novas tecnologias para melhorar a sustentabilidade e a eficiência de suas cadeias produtivas, refletindo uma tendência global de foco em práticas mais sustentáveis e eficientes.
A empresa brasileira BuyCo, especializada em M&A para PMEs, está otimista quanto ao crescimento das negociações. De acordo com Hugo Tavares, Assessor de M&A da BuyCo, “o mercado brasileiro de fusões e aquisições está dando sinais claros de recuperação em 2024, mesmo em meio à volatilidade causada por altas taxas de juros e incertezas políticas. Setores como energia, com foco em fontes renováveis, e infraestrutura, que necessita de modernização de rodovias, portos e aeroportos, estão particularmente dinâmicos, criando oportunidades promissoras para fusões e aquisições. A tecnologia, especialmente a digitalização, também se destaca nesse contexto. Além disso, o setor de saúde, impulsionado pela demanda por soluções inovadoras e acessíveis, também está em foco. Estamos confiantes de que o 2° semestre trará um aumento substancial nas atividades de M&A, à medida que o mercado busca inovação e eficiência”.
Além disso, no 1° semestres a empresa intermediou compra e venda de empresas nos setores de indústria (alimentícia, cosmético, B2B), tecnologia e saúde, evidenciando o crescente interesse em investimentos nesses segmentos. A CBO da BuyCo, Rafaela Rossi, acrescentou: “Nos últimos meses, vimos um aumento significativo no número de transações e no interesse de investidores em empresas de tecnologia e saúde. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de procura e negociações nesses setores, refletindo uma clara tendência de mercado. Esses números reforçam nossa expectativa de que o segundo semestre de 2024 será um período de crescimento robusto para M&A”.
No cenário global, o mercado de M&A está mostrando sinais de recuperação após um período de desaceleração. A reabertura das economias e a busca por crescimento estão impulsionando as transações, conforme destacado pelo relatório da PwC sobre tendências setoriais de M&A. Além disso, a disponibilidade de ativos a preços atraentes, está favorecendo o setor de M&A, segundo análise do Capital Aberto. No entanto, desafios como a inflação global, a guerra na Ucrânia e a incerteza política continuam a trazer volatilidade ao mercado. Setores como energia e recursos naturais, tecnologia, saúde e serviços financeiros estão liderando o crescimento no valor dos negócios. A transição para energias renováveis, a digitalização e a inovação em biotecnologia são tendências que continuam a impulsionar o mercado de M&A. Em particular, o setor de tecnologia viu um aumento significativo nas transações, com o valor dos negócios quase dobrando em comparação ao ano anterior. As empresas estão cada vez mais focadas em aquisições que fortalecem capacidades em inteligência artificial, cibersegurança e computação em nuvem.
Em resumo, o 2° semestre de 2024 promete ser um período de intensa atividade no mercado de M&A, tanto no Brasil quanto no mundo. A busca por crescimento, inovação e eficiência está impulsionando empresas a realizarem movimentos estratégicos que podem redefinir setores inteiros. A expectativa é que, apesar dos desafios, o mercado continue a se expandir, guiado pela necessidade de adaptação a um mundo em rápida mudança.
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