Realizado ontem em Oslo o Seminário Fórum do Futuro – Noruega – apresentou os fundamentos do desenvolvimento sustentável e os desafios contemporâneos, como a redução do carbono. As palestras também trataram de novas propostas para o ajuste do clima e da sociedade. Entre os destaques do seminário estava a Agricultura Tropical Regenerativa, um modelo de cultivo que busca não apenas sustentar a produção de alimentos, mas também restaurar e melhorar os ecossistemas naturais das regiões tropicais.
De acordo com o diretor do Fórum do Futuro, Fernando de Barros, o meio ambiente é onde todos vivem e o desenvolvimento é o que todos fazem numa tentativa de melhorar nossa sorte naquela morada. “O evento teve como fundamentos a sustentabilidade, governança e ambiente. O ambiente não existe como uma esfera separada das ações humanas, ambições e necessidades”, analisou ele.
O presidente do Instituto Fórum do Futuro (IFF), Paulo Romano, por seu turno, relatou a evolução da segurança alimentar e a Amazônia desde os Anos 1970 e lembrou os enormes desafios daquela região. Falou aos presentes e à audiência pela internet que faltavam conhecimentos científicos ainda que assegurassem também a utilização eficiente dos solos, principalmente dos Cerrados.
Sobre a eficiência no uso de recursos naturais como pré-requisito para a sustentabilidade, César Borges, CEO DP do IFF, reforçou que colocar o conhecimento e tecnologia na realidade de milhões de produtores rurais podia ser uma utopia, mas hoje é uma necessidade existencial e urgente.
Sobre o binômio ‘transformação e dignidade’, o gerente do Banco Mundial, Diego Arias, salientou que sua instituição é parceira próxima do Fórum do Futuro e está trabalhando perto de países como Brasil e Colômbia para trazer soluções a fim de fazer a agricultura não apenas sustentável para os países, que enfrentam as mudanças climáticas e perda de biodiversidade, mas também para outros países ao redor do globo.
O ex-ministro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, destacou que nenhum país do mundo está livre das preocupações da segurança alimentar, transição energética, mudanças climáticas e desenvolvimento social e comentou algumas soluções. A má nutrição ou falta de acesso à nutrição saudável foi a preocupação apresentada pela Chief Action Officer, Lujain Alqodmani, do EAT Forum.
A agricultura tropical regenerativa como nova fronteira da sustentabilidade foi mencionada pelo conselheiro do IFF, Evaldo Vilela. Ele explicou como produzir alimentos mais sustentáveis. Já o presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), Eduardo Martins, em sua fala disse que é preciso organizar com os meios locais e regionais aquilo que o agricultor depende principalmente.
No tema agricultura regenerativa foi demonstrada a resiliência climática como seu ponto inicial. O pesquisador Pablo Rodrigo Hardoim (GAAS) salientou que hoje um grande problema é a perda de solo.
No que diz respeito a ligações e o que a ciência é capaz de fazer na realidade, José Oswaldo Siqueira, professor da Universidade de Lavras, explicou como é importante a integração entre ciência, tecnologia e inovação. O pesquisador da Embrapa, Pedro Luis de Freitas, apresentou um sistema que faz mensuração, controle e gestão de metas e processos.
Outro aspecto importante tratado no Seminário foi a bioeconomia e a expansão da economia global. O ex-ministro do Planejamento, Paulo Haddad, explicou que na fase atual da ciência e tecnologia na agricultura há a possibilidade de dobrar a produção, com recursos naturais existentes, sem desflorestamento, com produção saudável e resistente a mudanças climáticas.
O Brasil apresenta o paradoxo de ser o maior produtor de comida e ter 33 milhões pessoas com severa insegurança alimentar. Por isso a pesquisadora Mariângela Hungria (UFLA e Embrapa) falou de segurança alimentar e nutricional e o papel da ciência brasileira no combate à fome.
O uso de plataformas avançadas de precisão, monitoramento e controle da produção tropical também com a inteligência artificial foi mencionado no seminário. Tudo isso poderia ser empregado para implantar ferramentas, além de vários outros recursos citados no fórum pelo professor, Carlos Júnior da Universidade do Estado de Mato Grosso.
Uma análise de fragilidades e de potencialidades econômicas, sociais e ambientais com base na reorganização política do espaço contemporâneo foi feita pelo reitor da Universidade de Lavras, José Scolforo. O pesquisador Judson Valentim (Embrapa-Acre) enfocou uma nova perspectiva territorial, econômica, social e ambiental da Amazônia Real. Ele enfatizou que há várias populações que estão excluídas do processo e dos debates da região mesmo havendo quase 30 milhões de habitantes naquele território.
A arquitetura sustentável também esteve presente na programação do evento. Ana Paula Preto Rodrigues, arquiteta, diretora da EDB Polióis Vegetais, a casa verde e os painéis de construção civil, contemplando a potencialidade dos vegetais e a dignidade humana. Ela descreveu as vantagens do poliuretano vegetal da sua edificação.
A transição energética na agricultura tropical é importante e o pesquisador Joaquim Paulo Silva (Ufla) falou da Segurança e Transição Energética no Agro Tropical no Seminário e disse que é preciso olhar a evolução do sistema elétrico e fazer um planejamento estratégico para médio e longo prazo.
A diretora-executiva de Negócios da Embrapa, Ana Euler, abordou a inovação, negócios e transferência de tecnologia como uma questão central no seu negócio da Embrapa e porque é protagonista em inovação, negócios e transferência de tecnologia.
Fazendo a ponte para o futuro sustentável, a apresentação do consultor Mário Salimon se concentrou na comunicação intergeracional. Por seu lado, o empresário Leonardo Souza analisou a participação imprescindível da juventude no debate Agro e sociedade.
Encerrando o seminário, a chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer, fez uma apresentação sobre ciência e comunicação num ambiente acelerado de transformações.
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