A crescente presença do tema investimento no dia a dia coloca em discussão o caminho adequado para aplicação de capitais. Com uma história de quinze anos no Brasil, a educação financeira, onde investir vem gradativamente fazendo parte da vida do brasileiro, aponta o conhecimento como base para decisões pessoais.
A estreita relação entre investir e buscar qualidade de vida é perceptível ao gerir as finanças para atingir objetivos pessoais, familiares e profissionais. “Antes de definirmos qualquer estratégia”, Luiz Antonio Barbagallo, economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) questiona: “Afinal, o que é investimento?”.
Para esclarecer, o economista responde que “em economia, investimento significa a aplicação de capital com a expectativa de benefício futuro”.
Há variações quando pessoas físicas ou mesmo jurídicas procuram definir objetivos correlacionando-os com os tipos de investimentos para seus capitais. No momento das decisões, Barbagallo enfatiza a importância da diversificação, evitando concentrar os recursos em uma única opção. Lembra ainda o ditado e aconselha não colocar todos os ovos em uma mesma cesta.
É ou não é investimento?
Segundo Barbagallo, “as opiniões sobre se o consórcio é ou não é investimento se dividem, visto ser o mecanismo utilizado, desde a sua origem, como autofinanciamento destinado à aquisição de bens. Em nosso entendimento, o consórcio engloba consumo, poupança e investimento, ou seja, é uma simbiose entre estas três formas de aplicação planejada de capital”, detalha.
“Consórcio é poupança”, afirma Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, “não no sentido de aplicação financeira, mas na medida em que o consorciado, ainda não contemplado, acumula valores ao pagar as parcelas mensais, formando um pecúlio com disciplina”.
O economista complementa afirmando que “consórcio é investimento na medida em que o objeto da cota adquirido após a liberação do crédito da contemplação pode gerar retornos financeiros ou patrimoniais”.
“Por outro lado, nos últimos anos, observamos que, no crescimento das vendas de cotas, tem havido adesões de investidores, cujo objetivo tem sido usufruir do bem como gerador de renda”, diz Rossi.
A diversidade de investimentos via consórcio
Entre as diversas possibilidades de investimentos via consórcio, estão os imóveis, veículos, bens móveis e os serviços. A multiplicação de objetivos aponta para a aquisição de imóveis com duas vertentes. Enquanto uma é voltada para locação, como geradora de aluguéis por curtos e longos períodos, a outra é direcionada à construção e venda.
Na segmentação das oportunidades, tanto para pessoas físicas como para jurídicas, há ainda os imóveis comerciais, terrenos, reformas, galpões, além dos na planta ou aqueles para veraneio, incluindo os urbanos ou rurais, em praias, sítios, chácaras, fazendas, e até os localizados no exterior.
Segundo o economista, o consórcio possui características como a flexibilidade na utilização do crédito dentro de cada segmento, o poder de compra à vista, que possibilita a obtenção de descontos no fechamento do negócio, e baixo custo final.
Maurício Poliquesi, paranaense de 61 anos, casado com Clarice e com duas filhas, recebeu do sogro Vitorio Bolfe Neto, nos anos 80, ainda nos primeiros anos de casamento, a recomendação para aplicar suas economias em planos de consórcio, ao invés de acompanhar os conselhos de gerações anteriores para abrir caderneta de poupança.
Ao seguir aquele ensinamento, Poliquesi, formado farmacêutico clínico, logo construiu sua primeira farmácia, em Curitiba. “Sempre entendi o consórcio como a forma para investir minhas reservas”, esclareceu.
Ao lembrar que alguns anos antes, também com créditos de contemplações adquiriu sua casa própria, Poliquesi reafirmou que “a experiência comprovou que realmente tomei a melhor decisão para construir um patrimônio”, ao valorizar aquele imóvel que ainda reside.
Ao longo do tempo, com mais créditos contemplados, Poliquesi formou seu patrimônio e tem alguns apartamentos locados. Também repassou a fórmula para as filhas. Hoje, elas residem em casas próprias, resultados de investimentos em consórcio. “Há mais de quarenta anos, somos três gerações fiéis ao consórcio que nos possibilitou planejar, economizar e realizar objetivos, ao transformar os valores das cotas em patrimônio, qualidade de vida e renda”, complementa. Atualmente tem três cotas de imóveis em andamento, duas ainda por contemplar, pontuando que seu carro também foi adquirido por consórcio.
Barbagallo explica que “se inicialmente o objetivo do consorciado investidor era adquirir imóvel pronto para aluguel, caso surja oportunidade para compra de lotes para construção, é possível alterar os planos, atualizar os bens e realizar o novo propósito”.
Do imóvel para o móvel
Paralelamente, para a mobilidade urbana, as chances se ampliam. Segundo o economista da ABAC, “o constante crescimento das necessidades individuais ou coletivas nas cidades e de enfrentamento de congestionamentos e poluição, oportuniza novos negócios como, por exemplo, trabalhar em vendas com veículo próprio ou em atividades como o tradicional táxi ao Uber, ou ainda na formação de frotas de utilitários como os Veículos Urbanos de Cargas VUC”.
Ao se tornarem cada vez mais populares na mobilidade urbana pela agilidade e economia proporcionadas, as motocicletas, à combustão ou elétricas, têm sido adquiridas por motoboys e motofrentista, apoiados no consórcio para viabilizar suas profissões.
Nos grandes deslocamentos de mercadorias e de passageiros, o transporte rodoviário tem buscado no consórcio de veículos pesados soluções para ampliação e renovação de frotas.
Como um dos principais impulsionadores da economia brasileira, os empreendedores do agronegócio vêm registrando uma presença crescente no sistema de consórcios.
Simultaneamente, em outras atividades econômicas, a modalidade vem se tornando importante para os que desejam empreender. É possível, com o auxílio do consórcio, montar toda a estrutura de um negócio. Como exemplos, Barbagallo cita a montagem de coworkings, ou a implantação de lojas e outros tipos de negócios que necessitam de mobiliário e equipamentos. Há também o consórcio de serviços, que possibilita o crescimento pessoal.
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