A cada mês de novembro, milhões de pessoas ao redor do mundo se reúnem para honrar a memória de seus entes queridos. No Brasil, o Dia de Finados foi instituído como feriado nacional pela Lei nº 10.607, sancionada em 19 de dezembro de 2002, mas remonta a 02 de novembro de 998, quando o monge beneditino Odilo de Cluny (962-1049) instituiu que seus seguidores utilizassem a data para rezar pelos mortos, como mostra um artigo do portal Brasil Escola.
A partir do século XII, a popularidade do Dia de Finados ganhou o mundo cristão medieval e, com a expansão europeia pelo mundo, que ocorreu entre os séculos quinze e dezessete, atravessou oceanos e, nas américas, desenvolveu-se sob influências indígenas e africanas. No Brasil, a data representa 3% do faturamento anual da cadeia do setor de floricultura nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor)compartilhados pelo site do Globo Rural.
Vinicius Chaves de Mello, diretor executivo do Grupo Riopae – empreendimento com mais de 57 anos no segmento do luto, responsável pelo Crematório Metropolitano São João Batista, localizado em São João de Meriti (RJ) -, destaca que, em muitas culturas, o Dia de Finados é uma oportunidade para honrar os ancestrais.
Além disso, para Mello, o Dia de Finados também é um momento de introspecção. “Em muitas tradições, como na cultura cristã, a data convida à reflexão sobre a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte. Essa reflexão pode gerar um senso de gratidão pela vida e incentivar as pessoas a valorizarem cada momento. Ao confrontar a mortalidade, somos motivados a viver de forma mais plena e significativa”.
Mello ressalta que o Dia de Finados serve como um ritual de luto e cura. “Em várias culturas, acender velas, visitar cemitérios ou participar de cerimônias coletivas proporciona um espaço seguro para expressar a dor da perda”, observa. “Esse ato de lembrança e homenagem é fundamental para o processo de luto, permitindo que as pessoas compartilhem as suas emoções e encontrem apoio em suas comunidades”, considera.
Para o diretor executivo do Grupo Riopae, o Dia de Finados chama a atenção para as relações humanas: “Ao dedicar um tempo para lembrar e honrar, aqueles que já partiram, reafirmamos o nosso compromisso com os que estão ao nosso redor. Celebrar a data é um convite para cultivarmos amor, empatia e conexão em nossas vidas”.
Dia de Finados no Brasil
Mello destaca que, atualmente, o Dia de Finados é celebrado de várias maneiras no Brasil, refletindo a diversidade cultural e religiosa do país, dentre os quais é possível destacar:
Essa é a prática mais comum. As famílias se reúnem para visitar os túmulos e jazigos de entes queridos, levando flores e velas. A limpeza e a ornamentação dos túmulos é uma forma de homenagem e carinho.
Muitas pessoas participam de missas ou cultos, em homenagem aos mortos. Igrejas católicas costumam realizar celebrações especiais, onde se reza pelos falecidos. Essas cerimônias são momentos de reflexão e espiritualidade.
Além das visitas aos cemitérios e crematórios, é comum que as famílias se reúnam nestes locais para se reencontrarem após um grande período distantes. Essas reuniões são uma forma de manter viva a memória dos entes queridos.
Algumas comunidades realizam rituais específicos, que podem incluir danças, orações ou oferendas, especialmente em contextos de sincretismo religioso.
Em algumas cidades, eventos comunitários são organizados, incluindo atividades culturais, apresentações artísticas e exposições que celebram a vida e a memória dos que faleceram. Esses eventos promovem a união da comunidade e o compartilhamento de histórias.
Com a popularização das redes sociais, muitos brasileiros têm encontrado novas formas de homenagear os falecidos, compartilhando fotos, mensagens e recordações on-line. Isso permite que pessoas distantes se conectem e lembrem juntas.
Outra prática é a distribuição, em cemitérios e crematórios, de artigos como mudas de árvores, plantas, flores e sementes de plantas que simbolizam a memória e a presença dos falecidos.
“As celebrações do Dia de Finados no Brasil são uma combinação de tradição, espiritualidade e conexão familiar. Elas refletem a maneira única que os brasileiros encontram para lidar com a perda, honrando os que já partiram, enquanto reforçam os laços com os vivos”, analisa Mello. “Cada tipo de celebração contribui para a memória coletiva, tornando essa data significativa e respeitosa”, acrescenta.
Data ajuda a desmistificar o tabu que envolve a morte e o luto
Na visão do diretor executivo do Grupo Riopae, falar sobre o Dia de Finados entre a família e amigos é fundamental, para desmistificar o tabu que envolve a morte e o luto, promovendo uma cultura de aceitação e compreensão.
“Discutir sobre o Dia de Finados ajuda a normalizar a experiência do luto. A morte é uma parte inevitável da vida e, ao falarmos sobre ela, reconhecemos que a dor e a saudade são sentimentos naturais”, afirma
Para Mello, conversas sobre os entes queridos que já partiram podem fortalecer os laços familiares. “Outra questão importante é a oportunidade de educar as novas gerações sobre a vida e a morte”, prossegue.
“Falar sobre esses temas pode reduzir o medo e a ansiedade que cercam a morte, permitindo que crianças e jovens compreendam melhor essa parte da existência humana. Vamos desmistificar o tabu e, juntos, transformar a maneira como encaramos a morte em um espaço de amor e conexão”, conclui.
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